Por Reinaldo Azevedo
Faço
minhas as palavras do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre
uma saída para a grave crise por que passa o país. Leio na Folha que,
segundo Renan, tal saída tem de estar "dentro dos limites da Constituição".
Disse mais: "Não vamos silenciar jamais com qualquer saída fora desses
limites", acrescentando ser "importante" que a presidente participe do debate
público.
Assino embaixo. Aliás, pergunto: quem defendeu uma saída
extraconstitucional? Mesmo quem é favorável ao impedimento de Dilma, se não me
engano - e não me engano - o faz de acordo com a Constituição e as leis.
Quem quer golpe? Alguém está pedindo tanques nas ruas? Há alguém, além de
alguns radicais de extrema esquerda, pregando luta armada?
Por que os prosélitos boquirrotos que falam em golpe não dizem,
afinal de contas, onde está a ilegalidade do debate que está dado? Vejam que
curioso: até gora, nenhum partido entrou com uma denúncia na Câmara dos
Deputados; até agora, Rodrigo Janot é de uma comovente inação no que respeita a
Dilma Rousseff. Acontece que eles querem criar um cordão sanitário em torno da
possibilidade de Dilma deixar o cargo, ainda que venha a ficar claro que há
razões por isso.
A entrevista de Dilma à Folha e a gritaria dos petistas obedece
apenas à lógica da intimidação, está claro! Quando Dilma fala "Não tem base
para eu cair. E venha tentar, venha tentar", está provocando quem? O
Judiciário? E se o TSE decidir que seu diploma tem, sim, de ser cassado? Ela
vai fazer o quê? Botar os taques na rua ou convocar a luta armada? Vai ser um
confronto entre letras da lei, presidente, ou entre a Var-Palmares e o CCC
(Comando de Caça aos Comunistas)? Considerando que CCC não há mais, felizmente,
espero que a governanta tenha aposentando também o espírito VAR-Palmares…
Quem avaliou direitinho a reação da presidente foi o senador
Romero Jucá (PMDB-RR), que entende de poder como ninguém - tanto é assim que
ele nunca foi oposição. Aliás, num país de tantas incertezas, só uma coisa é
certa: Jucá estará na base de apoio do próximo governo. É um político sem
dúvida sagaz. E ele resumiu bem a coisa ao Globo: "A presidente Dilma deu
uma de Collor, chamou a crise para si".
Ele se referia ao momento em que, diante da crescente onda em
favor do impeachment, Collor deu uma entrevista destrambelhada, batendo no
peito como costumava, e convocou a população a sair de verde-amarelo na rua. No
dia seguinte, a rua se tingiu de roupas pretas.
Até o senador petista Jorge Viana (AC) censurou a retórica
destrambelhada: "Não precisava ter gasto tanto tempo falando do PSDB. Deixa a
gente (parlamentares) tratar dos golpistas. Isso é problema nosso", afirmou.
Viana, claro!, sabe que não existe golpe nenhum e que o papel da oposição,
afinal, é se opor. Mas, afinal, ele não pode negar nem sua origem nem sua
natureza.
Volto ao Renan
Mas voltemos a Renan. A fala do senador
deve ser entendida em sua plenitude. Vamos ver. Digamos que o TSE, depois de
colher os depoimentos necessários - inclusive o de Ricardo Pessoa, que afirma
ter doado ilegalmente à campanha da presidente R$ 7,5 milhões -, decida cassar
a sua diplomação. E aí?
Aí Renan diria o óbvio, ora: "Não
vamos silenciar jamais com qualquer saída fora dos limites constitucionais, e o
TSE cassar a diplomação de Dilma é… constitucional".
Fonte: "Blog Reinaldo
Azevedo"
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