Por
Reinaldo Azevedo
Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras que fez um acordo
de delação premiada, já saiu da cadeia. E isso quer dizer que há muita gente
com receio… de ir para a cadeia. Ele deixou a carceragem da Polícia Federal de
Curitiba às 13h30, onde estava desde 11 de junho, e seguiu para o aeroporto
Afonso Pena. Vai para o Rio, onde mora a sua família, e ficará em prisão
domiciliar, protegido por agentes federais e monitorado por uma tornozeleira
eletrônica. Isso quer dizer que as informações que prestou em sucessivos depoimentos,
acompanhados pelo Ministério Público Federal, foram consideradas relevantes
para investigar a atuação da quadrilha que operava na Petrobras. E é por isso
que há muito figurão com medo.
Sabem quanto Paulo Roberto aceitou devolver para os cofres públicos
no acordo de delação premiada que fez? R$ 70 milhões! É do balacobaco! O homem
ficou como diretor de abastecimento na Petrobras por 10 anos. Ele admite,
portanto, que amealhou, de forma ilegal, uma média de R$ 7 milhões por
ano. Reitero: isso é o que ele admite.
Todos sabemos que gente assim não morre na miséria. Esse dinheiro
que voltará aos cofres públicos é aquele a que a investigação conseguiu chegar.
Será que é tudo? Pelo visto, nunca saberemos. Mas uma coisa nós sabemos: Paulo
Roberto era apenas uma peça do esquema. Paulo Roberto era apenas um estafeta
numa organização. Paulo Roberto era apenas - e isto está ficando cada vez mais
claro - o homem do PP na Petrobras. Se ele, um peixe de médio porte, admite ter
embolsado ao menos R$ 70 milhões, quanto as sucessivas safadezas terão rendido
àqueles que realmente mandavam, àqueles que eram seus chefes na estrutura
criminosa?
A informação põe em xeque todo o sistema de controle da Petrobras.
Então a maior empresa do país, de economia mista, com ações negociadas na
Bolsa, tem uma estrutura que permite que um único homem - que estava longe de
ser o mais poderoso - enfie a mão em admitidos R$ 70 milhões? Que diabo de
sistema de "compliance" existe na Petrobras? Ela está preparada para seguir as
normas legais, as práticas saudáveis de mercado, os melhores interesses da
empresa, dos seus sócios e da cidadania? Acho que não!
A razão é simples: será que uma empresa administrada por partidos
políticos, que obedece às vontades de governos, que está sujeita a toda forma
de politicagem vagabunda, consegue mesmo ter um sistema de compliance? Ontem,
no debate entre candidatos ao governo de São Paulo, um desses pterodáctilos
disfarçados de políticos vituperou contra a Sabesp por ser uma empresa com
ações na Bolsa. E foi seguido por outros pterodáctilos, que ficavam expelindo
bobagens na televisão em favor do estatismo. Até o sedizente empresário Paulo
Skaf vituperou contra o fato de a Sabesp ser uma empresa submetida às saudáveis
regras da economia de mercado.
Se a Petrobras fosse uma empresa privada, Paulo Roberto não teria
levado R$ 70 milhões do que nos pertence. Agora pensem na organização como um
todo, no conjunto das estatais e no tamanho do estado brasileiro e imaginem
quanto o estatismo rouba de cada cidadão, de cada desdentado, de cada criança
barrigudinha, de cada analfabeto, de cada sem-casa, de cada sem-futuro, de cada
trabalhador, de cada contribuinte, de cada um de nós, que ganha a vida
honestamente.
Não obstante, as esquerdas bucéfalas saem por aí gritando: "A Petrobras
é nossa! As estatais são nossas!". São, sim: DELES! Nós somos apenas as
vítimas.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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