Auto-retrato de Raimundo de Oliveira não é visto há mais de três anos
Foto: Arquivo
O Museu Regional de Arte, órgão da
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que tem em seu inventário
obras que compõem um acervo que encanta pela qualidade, pelo valor histórico e
lucidez dos que se lançaram na aventura de trazer para Feira de Santana no
distante ano da de 1967, há 47 anos, tão significativo patrimônio, continua
fechado.
O importante patrimônio não vem tendo a
devida atenção da gestão petista.
O Museu Regional de Arte está fechado desde que o
artista plástico e professor Gil Mário Menezes foi afastado da direção
pela administração petista, depois de 16 anos de profícua e significativa
atuação.
O espaço está artisticamente morto, sem nenhuma
exposição realizada, sem nenhuma possibilidade de visitação ao rico acervo de
obras. O Museu Regional de Arte está fechado
há mais de dois anos.
Acervo
No acervo original do Museu, 114 obras
documentadas, incluindo a Coleção Inglesa.
Com inventário museológico, dentro de
critérios técnicos, realizado na gestão do diretor Gil Mário Menezes, a
identificação de 286 peças, incluindo as incorporadas e elencadas mais
recentemente. O Museu é reconhecido pelo Conselho Internacional de Museus.
Referência para a cidade
Fundado em 26 de março de 1967, o Museu
Regional de Feira de Santana, como era então denominado, influenciou várias
gerações de artistas locais, transformando-se em uma referência para a cidade,
sobretudo pela possibilidade de diálogo com a produção plástica do século XX.
A presença da vanguarda inglesa entre
gibões e malas de couro (parte do acervo representava a cultura popular da
região), embora pouco compreendida pela maioria, sempre foi motivo de orgulho
para o feirense.
Em 1951, Feira de Santana conhecia a primeira exposição de Arte Moderna, organizada pelo intelectual Dival Pitombo e pelo artista Raimundo de Oliveira. No início de 1960, começava a descobrir trabalhos de artistas como Juraci Dórea, Aderbal Moura e Carlo Barbosa. A criação do Museu Regional o marco fundamental para colocar Feira de Santana no circuito das artes plásticas brasileiras.
As coleções
Em 1951, Feira de Santana conhecia a primeira exposição de Arte Moderna, organizada pelo intelectual Dival Pitombo e pelo artista Raimundo de Oliveira. No início de 1960, começava a descobrir trabalhos de artistas como Juraci Dórea, Aderbal Moura e Carlo Barbosa. A criação do Museu Regional o marco fundamental para colocar Feira de Santana no circuito das artes plásticas brasileiras.
As coleções
Transferido para o Cuca em 1995, o
equipamento passou a ser denominado Museu Regional de Arte, desmembrando o
acervo - a parte regional foi para a Casa do Sertão, no campus da Uefs -,
dedicado apenas às artes visuais.
O atual acervo do Museu - que há mais
de três anos não pode ser visto, nem se tem conhecimento de como está sendo
tratado - é composto de cinco coleções. A primeira reúne quase três dezenas de
quadros dos mais representativos artistas plásticos ingleses do século XX. O
conjunto, homogêneo e harmonioso, resultou dos contatos de Assis Chateaubriand
na Inglaterra, onde foi embaixador. A segunda coleção é também dedicada à
pintura, com trabalhos de artistas brasileiros de variadas tendências. Já a
terceira é voltada para o desenho e a gravura. Pouco numerosa, mas não menos
importante é a quarta coleção, dedicada à escultura. A quinta coleção, que
estava em formação, é composta por artistas feirenses que se destacaram a
partir de meados da década de 70, como é o caso de César Romero, Graça Ramos,
Gil Mário, Pedro Roberto, dentre outros.
História
O Museu tem 46 anos
de fundado. Foi inaugurado em 26 de março de 1967, como Museu Regional, com um
acervo de cerca de 100 trabalhos, o Museu Regional de Arte desenvolveu seu
papel com a participação de abnegados dirigentes.
Segundo o artista
plástico Gil Mário, "existe uma grande polêmica sobre a criação do MRA e
seus benfeitores. Acredito que duas versões se completam: a descrição do
professor Joselito Falcão de Amorim (prefeito da época de sua inauguração) e
remanescentes de intelectuais feirenses que antecederam a inauguração".
Ele conta que segundo
o professor Amorim, "os esforços de Odorico Tavares, diretor dos Diários
Associados na Bahia, de Alaor Coutinho, secretário da Educação e Cultura do
Estado da Bahia e o apoio inconteste de Assis Chateaubriand, diretor
proprietário dos Diários Associados, doando ou incentivando a doação de 80% do
acervo primário desse Museu, além do governador Lomanto Junior, propiciaram
essa realidade".
Diz mais que
"Chateaubriand que voltava da Inglaterra onde exerceu a função de
embaixador brasileiro veio com idéia de fundar museus no Nordeste, sua região
de nascimento: chegou a realizar este sonho na Paraíba, em Campina Grande,
criando o Museu Assis Chateaubriand, em Pernambuco criou o Museu de Arte
Contemporânea na cidade de Olinda. Só faltava o de Feira de Santana na
Bahia".
"Coordenados por Joselito Amorim que já tinha promulgado a Lei 516 de 06/01/1967 criando o setor de documentação (Arquivo Público Municipal), então era o momento do registro visual. Com isso, artistas e intelectuais como Jorge Amado, Wilson Lins, Godofredo Filho, o livreiro Dermeval Chaves, entre outros, envolveram-se nesse projeto", prossegue.
A outra versão, segundo Gil Mário, "tratava da idéia de um Museu que registrasse o 'Ciclo do Couro', período que Feira evoluía em função do comércio do gado e o artista era um mero artesão decorando e criando talhas, moringas, selas e arreios, redes, carros-de-bois, carroças, utensílios da casa de farinha entre muitos outros objetos da sobrevivência. Aí o defensor era Eurico Alves Boaventura um amante da cidade com todo seu envolvimento de entroncamento rodoviário e comercial do país. Daí a inclusão do nome 'Regional', ficando o acervo no prédio da antiga Escola Normal (de 1916), apenas as coleções de Arte Moderna, mais notadamente os movimentos da Semana de 1922 até os pós-modernistas baianos, artistas que representam nosso Estado até 2008".
"Coordenados por Joselito Amorim que já tinha promulgado a Lei 516 de 06/01/1967 criando o setor de documentação (Arquivo Público Municipal), então era o momento do registro visual. Com isso, artistas e intelectuais como Jorge Amado, Wilson Lins, Godofredo Filho, o livreiro Dermeval Chaves, entre outros, envolveram-se nesse projeto", prossegue.
A outra versão, segundo Gil Mário, "tratava da idéia de um Museu que registrasse o 'Ciclo do Couro', período que Feira evoluía em função do comércio do gado e o artista era um mero artesão decorando e criando talhas, moringas, selas e arreios, redes, carros-de-bois, carroças, utensílios da casa de farinha entre muitos outros objetos da sobrevivência. Aí o defensor era Eurico Alves Boaventura um amante da cidade com todo seu envolvimento de entroncamento rodoviário e comercial do país. Daí a inclusão do nome 'Regional', ficando o acervo no prédio da antiga Escola Normal (de 1916), apenas as coleções de Arte Moderna, mais notadamente os movimentos da Semana de 1922 até os pós-modernistas baianos, artistas que representam nosso Estado até 2008".
Dival Pitombo foi o
primeiro diretor até seu falecimento em 1989. Os gerentes de museu que
sucederam Dival foram: Franklin Machado, Antônio Barreto, José Raymundo Rocha e
Gil Mário Menezes, que foi curador até agosto de 2011. Atualmente, o diretor é
o historiador Aldo José Morais Silva.
O Museu Regional de
Arte tem exemplares dos principais movimentos culturais brasileiros desde 1922
até 2010, além da importante coleção inglesa.
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