Por Augusto
Nunes
Amigas e amigos do blog, já foi divulgada,
sem grandes detalhes, a informação de que o governo "bolivariano" da Venezuela,
diante da falta generalizada de produtos de consumo para a população, vai
importar, entre outros itens, 50 milhões de rolos de papel higiênico e
750 mil toneladas de alimentos.
O país que detém as maiores reservas de
petróleo do planeta não consegue suprir nem alimentar seu próprio povo - faltam
arroz, farinha, óleo, massas, biscoitos, água mineral, refrigerantes,
salgadinhos, ovos, carne, frango, peixe, frutas e legumes, leite e derivados -
queijo, manteiga, iogurte -, até açúcar, com toda a "amizade eterna" com um país
açucareiro, a Cuba comunista. Faltam também medicamentos, suprimentos
hospitalares, produtos químicos essenciais à indústria local - e por aí vai.
Isso mais ou menos já se sabe aqui no Brasil.
O que não foi suficientemente comentado é a grotesca, ridícula "guerra do papel
higiênico". As enormes filas de gente em busca do produto diante de
supermercados, farmácias, mercadinhos e outros tipos de comércio em muitas
cidades do país mereceram uma séria acusação por parte do governo: as pessoas
seriam vítimas de uma "conspiração da mídia", segundo penoso
pronunciamento de Alejandro Fleming, que carrega o título de ministro do Poder
Popular para o Comércio da Venezuela.
A mídia ligada ao que o chavismo chama de "oposição apátrida", assim, não quer derrubar o governo pela força das armas,
mas por meio de boatos alarmistas sobre falta de papel higiênico, que
levam dezenas de milhares de pessoas às filas. As necessidades de asseio
pessoal do povo, dessa forma, entrariam no esquema "golpista" divisado por
Fleming.
Solene, e negando que falte o produto, assim
mesmo ele explicou o porquê da importação:
- A Revolução vai saturar o mercado de
papel higiênico de forma a que nosso povo se acalme e entenda que não se
deve deixar manipular pela mídia, que diz haver escassez.
Vejam vocês como está a Venezuela: a "Revolução" está, no momento, dedicada a importar papel higiênico.
O estrondoso fracasso que o
desabastecimento geral do mercado mostra, após 14 anos de chavismo no poder,
explica-se por vários fatores, todos eles ligados a medidas desastrosas tomadas
pelo falecido "comandante" Hugo Chávez em seu afã de controlar tudo e
todos no país.
Muitas fábricas venezuelanas de diferentes
produtos operam bem abaixo da capacidade devido aos controles de câmbio
impostos pelo governo, que tornam difícil e não raro impossível pagar por
peças, máquinas e insumos industriais.
Dirigentes de empresas de diversos setores
vêm anunciando, nos últimos dias, que cresce o número de empresas à beira da
quebra por não conseguirem estender as linhas de crédito com fornecedores
estrangeiros.
A raiz do mal está no controle de divisas
imposto por Chávez há dez anos para tentar conter a fuga de capitais depois que
seu governo expropriou vastas extensões de terras e centenas de empresas.
Agora, os empresários precisam enfrentar
outro tipo de filas para conseguir tocar sua vida - filas diante do Banco
Central venezuelano, mendigando a possibilidade de adquirir dólares para não
paralisar seus negócios. O Ministério da Fazenda informou que 1.500
empresas de pequeno e médio porte já tiveram atendidos seus pedidos de compra
de dólar para enfrentar a atual emergência. E que está “estudando” pedidos de
cerca de mil empresas de maior porte.
Enquanto isso não se resolve - mesmo a
liberação do câmbio por um período não produziria efeitos imediatos no
funcionamento das empresas a ponto de o mercado mudar de percepção -, a
Venezuela faz o que sempre fez: torra o dinheiro do petróleo importando o que
precisa.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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