Por
Augusto Nunes
Já na abertura do palavrório sobre a seca
mais devastadora dos últimos 50 anos, o secretário nacional de Defesa Civil,
Humberto Viana, deixou claro que a turma que fez o Brasil Maravilha só não faz
chover no Nordeste porque pode exagerar na dose e provocar uma inundação de
outono na Região Serrana do Rio. "Há falta de oferta de água?", perguntou-se
nesta terça-feira, 14, o alto funcionário do Ministério da Integração Nacional.
Caprichando na expressão confiante de um Guido Mantega calculando a inflação do
mês que vem, ele próprio respondeu: "Não!"
Quer dizer que não há nas imensidões onde
sobrevivem 13 milhões de brasileiros um único vivente implorando por chuva, uma
única rês morrendo de sede, uma única plantação assassinada pela estiagem
interminável? "Pode haver pontualmente alguma área não atendidas", concedeu
Viana. E por que não socorrer esses desertos em miniatura com a água que anda
sobrando? Em dilmês erudito, o homem da Defesa Civil explicou que tão
lastimável quanto a escassez é o desperdício: "Precisa existir uma demanda
segura, para que a gente possa saber onde é que está precisando levar essa
água", ensinou.
Havendo "demanda segura", portanto, haverá
água para todos - e sem atraso na entrega, porque tampouco falta carro-pipa. A
frota já em circulação, garantiu, é mais que suficiente: 4.900 veículos. Como
não custa tornar perfeito o que está muito bom, o declarante sacou do bolso do
paletó outra grande notícia: a presidente Dilma Rousseff acabara de autorizá-lo
a ampliar o colosso sobre rodas. "Teremos 6 mil carros-pipa", informou. "Seis mil, isso mesmo", sublinhou o comentarista Aronie,
que repassou à coluna a bazófia do servidor da pátria.
Tomara que sejam reais ao menos os 4.900 que
Humberto Viana jura estar pilotando. Os 1.100 que faltam para 6 mil só existem
na cabeça de quem precisa fechar outra conta de mentirosa.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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