Por
Augusto Nunes
Têm razão os inconformados com a escolha
do deputado Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos
da Câmara. Uma cabeça estacionada no século 19, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, não
saberá lidar com questões do século 21. Feita a ressalva, não custa perguntar
aos manifestantes por que só agora lhes bateu a ideia de sair às ruas com um
nariz de palhaço, cartazes com inscrições indignadas e a expressão transida de
horror. Feliciano merece. Mas há gente que merece isso tudo e muito mais.
Fernando Collor, por
exemplo, pediu e levou a presidência da Comissão de Relações Exteriores do
Senado, há poucos anos, sem que se vislumbrasse uma única exclamação de
espanto. Enquanto o chefe da bancada do cangaço sorria na festa de posse, o
deputado João Paulo Cunha arreganhava os dentes para os fotógfrafos que
registraram a instalação do mensaleiro juramentado na presidência da Comissão
de Constituição e Justiça. O mandato terminou, mas o gatuno condenado à gaiola
pelo Supremo Tribunal Federal continua por lá. É um dos representantes do PT.
Outro é José Genoíno, companheiro de partido e, em breve, vizinho de cela.
Onde estavam os
manifestantes deste março março quando o comando da Comissão de Meio Ambiente
foi entregue ao senador Blairo Maggi, do PR de Mato Grosso? Qualquer
remanescente de espécies em extinção sabe que, pelo que andou fazendo na
Amazônia, o Marechal da Motosserra é mesmo capaz de plantar soja até nos Andes.
Mas a afronta foi engolida sem engasgos por brasileiros que só não aceitam o
pastor acorrentado a preconceitos medievais. Só o parlamentar do PSC paulista
não pode.
Renan Calheiros na
presidência do Senado? Pode. Henrique Alves na presidência da Câmara? Pode.
Gabriel Chalita na Comissão de Educação? Pode. Isso para ficarmos nas
fronteiras do Congresso. Do outro lado da Praça dos Três Poderes, tudo é
permitido. Dilma Rousseff pode fingir, disfarçada de presidente da República,
que usa o cérebro para pensar. E pode fazer o que quiser. Até presentear com
ministérios 39 patetas que escolheu para ajudá-la a complicar o país.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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