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sábado, 2 de março de 2013

"Matadouro" do Hospital Clériston Andrade

Venho aqui para um desabafo:
José Carlos Souza Santos funcionário nosso há 18 anos, casado com Karine Souza Santos, pai de dois lindos filhos, Henrique e Gabriel, estava feliz com a esposa, aguardando a chegada de Artur, seu terceiro filho. Na sexta-feira, 1º de março, às 4 horas da manhã o celular toca, acordei e levei um susto, o nome que tava na tela do celular era o de Zé Carlos, meio sonolenta escuto ele falar assim:
- D. Diane, Karine tá tendo meu filho - a voz estava bem longe
Eu falei:
- Tá Zé eu falo pra Wesley, acreditando que ele tava contando que seu filho estava nascendo e ele estava nos informando.
- Ele repete:
Não D. Diane, meu filho tá morrendo, minha esposa está perdendo líquido, está começando a sangrar e já fui em todos os hospitais e todos negam atendimento. Por ter 28 semanas, estou na porta do Hospital Geral Clériston Andrade e a doutora que atendeu disse que não iria internar Karine, pois não teria médico obstetra para acompanhá-la. Mandou que fosse agora para Salvador procurar atendimento e já são quatro da manhã. O que eu faço? me ajuda.
Eu desesperada mandei ele aguardar e fui procurando ajuda por telefone. Foi Deus que me ajudou e muito porque o Deus que sirvo é fiel. Liguei para Laiane que prontamente foi para o Hospital ficar com o casal, liguei para uma cliente amiga, Zene, que nos pediu para que ele ficasse no Clériston e não fosse pra Salvador, porque como é que ele ia viajar com a esposa perdendo líquido. Ela ia procurar ajuda de amigos. Ir para Salvador sem nem saber onde fica hospital para criança pré-matura, pois só tinha 28 semanas de gravidez. Zene entrou em contato com médico que foi humano acolhendo-os no Hospital da Mulher, 8 da manhã. Mais ou menos às 11 horas a criança nasceu, ficamos felizes, fomos informados mãe e filho iam para a UTI, pois a criança era pre-matura. À tarde, na hora da visita, Zé Carlos não conseguiu vr o filho, ele ficou preocupado e quando terminou o horário de visita, ele foi embora junto com Laiane que estava o tempo todo com o casal e quando estava chegando em casa recebe a noticia que o filho tinha falecido.
Infelizmente o nosso "Artur", nome que seria dado ao bebê faleceu, enterramos, ele hoje às 12 horas no Cemitério São Jorge.
O que dizer agora? Moro numa cidade como Feira de Santana, pagamos nossos impostos em dia, "todos nós temos direito a saúde". Saúde? Que saúde é essa que manda um pai para Salvador buscar ajuda, se a nossa cidade querida que conhecemos não tem como nos ajudar? Como ele iria para Salvador sem nenhum recurso, e com a esposa em trabalho de parto, repito 28 semanas de gravidez.
Veja que injustiça, e agora eles vão precisar de um apoio psicológico, ela toma remédios controlados, e o pequeno sonho foi apagado, a alegria que viria em breve, o enxoval pronto todos aguardando a chegada e o que eu ouvi da boca do pai em desespero, em lágrimas, hoje foi a seguinte frase:
"Eu queria ver meu filho, vivo cria-lo com amor e carinho, e eu vi ele morto, e estou aqui jogando terra em cima dele, um pai não nasce para enterrar seu filho".
Artur morreu, só Deus para confortar esta família. Quantos ainda morrerão para que seja tomada uma providência. Eu não vou falar em pobreza, não, pois amigos nos ajudaram. Socorridos infelizmente, não foram pelo Hospital que poderia ajudar. Ao Hospital Clériston Andrade tem agora mais está noticia para dar, "obrigada por não ajudar".
Em vez disso vocês mesmos causam injustiças e prejuízos, e isso contra irmãos!
1 Coríntios 6:8
Mais uma vez repito, Artur está morto, a mãe continua internada no Hospital da Mulher. Ela está viva, graças a Deus, a amiga Zene e ao doutor amigo que a socorreu.
Que dor, espero que providências sejam tomadas para que outras famílias não venham a passar por mais uma violência como esta.
Obrigada, Diane Argolo

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