Por Reinaldo Azevedo
O professor Aloizio Mercadante é ministro da Educação.
Não está no Brasil. Acompanhou a presidente Dilma na viagem à Itália, na missa
de entronização do papa Francisco, a quem a presidente decidiu dar algumas
aulas. Ela considera que pode ensinar o papa a ser papa. Essa gente é muito
sabida e preza o conhecimento.
O 'Globo' já revelou que redações
do Enem que trazem maravilhas como "rasoavel", "enchergar" e "trousse"
mereceram nota máxima no Enem. Na edição de hoje, o jornal informa que um outro
texto, de 24 linhas, trazia 4 destinadas a ensinar o corretor a cozinhar um
miojo. Assim, do nada… Tema da redação: movimentos imigratórios para o Brasil
no século XXI. Ok, já é uma boçalidade!
O pior não é a coisa em si,
mas a justificativa do MEC, como vocês verão abaixo. O órgão também defendeu o
critério que permite a um aluno tirar nota máxima, mesmo estropiando a inculta
e bela - sob a gestão Mercadante, mais inculta do que bela.
Leiam post da VEJA. com.
Volto depois.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tentou justificar, por meio de nota, a pontuação obtida pelo estudante que, na edição de 2012 do Enem, ensinou em sua redação como se prepara um macarrão instantâneo. Para o Inep, o candidato "não fugiu ao tema proposto". E, embora tenha dedicado um parágrafo da redação à receita, "não teve a intenção de anular sua redação, uma vez que dissertou sobre o tema e não usou palavras ofensivas". A avaliação pedia que o aluno escrevesse sobre movimentos imigratórios para o Brasil do século XXI.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tentou justificar, por meio de nota, a pontuação obtida pelo estudante que, na edição de 2012 do Enem, ensinou em sua redação como se prepara um macarrão instantâneo. Para o Inep, o candidato "não fugiu ao tema proposto". E, embora tenha dedicado um parágrafo da redação à receita, "não teve a intenção de anular sua redação, uma vez que dissertou sobre o tema e não usou palavras ofensivas". A avaliação pedia que o aluno escrevesse sobre movimentos imigratórios para o Brasil do século XXI.
O estudante, que não teve o
nome divulgado, fez uma dissertação de 24 linhas, sendo que quatro delas foram
utilizadas exclusivamente para ensinar os corretores da prova a preparar macarrão
instantâneo. "Para não ficar muito cansativo, vou agora ensinar a fazer um belo
miojo, ferva trezentos ml's de água em uma panela, quando estiver fervendo,
coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão,
misture bem e sirva (sic)", escreveu. Mesmo com o deboche, o candidato
conseguiu 560 pontos dos 1.000 possíveis na prova.
O teor da redação foi
divulgado em reportagem da edição desta terça-feira do jornal 'O Globo'. Na
segunda-feira, o jornal também informou que estudantes que obtiveram notas máximas
na redação do Enem 2012 cometeram erros grotescos de ortografia, tais como "trousse",
"enchergar" e "rasoavel".
De acordo com o Inep, a
presença da receita no meio do texto do participante foi detectada e
considerada inoportuna e inadequada, provocando forte penalização,
especialmente nas competências três (selecionar, relacionar, organizar e
interpretar informações) e cinco (elaborar proposta de intervenção para o
problema abordado). No entanto, o Inep justificou que o aluno obteve nota
superior a 50% porque "a análise dos corretores é feita sobre o todo, com foco
no conjunto do texto, e não em cada uma de suas partes".
Quando as notas dadas pelos
dois corretores têm discrepância superior a 200 pontos, um terceiro avaliador é
acionado. Contudo, no caso do estudante, essa opção não foi sequer necessária
visto que os avaliadores concordaram com sua pontuação.
Voltei
Tanto nesse caso como no das redações com aqueles erros absurdos de ortografia, vocês sabem muito bem o que aconteceu. É provável que o corretor não tenha lido porcaria nenhuma. Passou os olhos no texto, por cima… Leu o primeiro parágrafo, um qualquer lá do meio e o último. E pronto! Estava tudo resolvido. A redação, meus caros, e isso já é um absurdo, vale 50% da nota do Enem.
Tanto nesse caso como no das redações com aqueles erros absurdos de ortografia, vocês sabem muito bem o que aconteceu. É provável que o corretor não tenha lido porcaria nenhuma. Passou os olhos no texto, por cima… Leu o primeiro parágrafo, um qualquer lá do meio e o último. E pronto! Estava tudo resolvido. A redação, meus caros, e isso já é um absurdo, vale 50% da nota do Enem.
Faz sentido. Diria que esse
candidato usou, em muitos aspectos, o MMAI - Método Mercadante de Ascensão
Intelectual. Por quê? Relembro a história.
No dia 16 de agosto de
2006, este blog surpreendia o mundo (!!!) com o post Mercadante
doutor pela Unicamp? É mentira!. Pois é… Estava lá na sua biografia que
era doutor, e ele repetia essa inverdade no horário eleitoral. Teve de se
corrigir logo depois, acrescentando que havia cursado apenas “um ano”, sem
entregar a tese. Ah, bom! Era um falso doutor. Em dezembro de 2010, ele
corrigiu a questão no "cartório" da Unicamp. Apresentou a tese. Escrevi
a respeito. Continua um falso doutor.
Como vocês devem ter lido à
época, ele apresentou uma "tese" sobre o… governo Lula! Convidou para a banca
Delfim Netto, João Manoel Cardozo de Mello, Luiz Carlos Bresser Pereira e
Ricardo Abramovay. E deitou falação à vontade em defesa das conquistas do
governo Lula, em tom de comício, atacando, como não poderia deixar de ser, o
governo FHC. Até os camaradas ficaram um tanto constrangidos e se viram
obrigados a algumas ironias. Informou a 'Folha' então (em vermelho):
Coube ao ex-ministro Delfim
Netto, professor titular da USP, a tarefa de dar o primeiro freio à pregação
petista. "Esse negócio de que o Fernando Henrique usou o Consenso de Washington…
não usou coisa nenhuma!", disse, arrancando gargalhadas. "Ele sabia era que 30%
dos problemas são insolúveis, e 70% o tempo resolve." Irônico, Delfim evocou o
cenário internacional favorável para sustentar que o bolo lulista não cresceu
apenas por vontade do presidente. "Com o Lula você exagera um pouco, mas é a
sua função", disse. "O nível do mar subiu e o navio subiu junto. De vez em
quando, o governo pensa que foi ele quem elevou o nível do mar…"
"O Lula teve uma sorte
danada. Ele sabe, e isso não tira os seus méritos", concordou João Manuel
Cardoso de Mello (Unicamp), que reclamou de "barbeiragens no câmbio" e definiu
o Fome Zero como "um desastre". À medida que o doutorando rebatia as críticas,
a discussão se afastava mais da metodologia da pesquisa, tornando-se um
julgamento de prós e contras do governo. Só Luiz Carlos Bresser Pereira (USP)
arriscou um reparo à falta de academicismo da tese: "Aloizio, você resolveu não
discutir teoria…". Ricardo Abramovay (USP) observou que o autor "exagera muito"
ao comparar Lula aos antecessores. "Não vejo problema em ser um trabalho de
combate", disse. "Mas você acredita que o país estaria melhor se as
telecomunicações não tivessem sido privatizadas?"
Ridículo
Mercadante, um homem
destemido, comprovadamente sem medo do ridículo, não teve dúvida: respondeu à
questão - ou melhor: não respondeu - atacando o preço dos pedágios em São
Paulo!!! E saiu de lá com o título de "doutor", conquistado com uma peroração
de caráter puramente político. E ATENÇÃO PARA O QUE VEM AGORA.
COMO SABEM TODOS OS
JORNALISTAS DE ECONOMIA DESTEPAIZ, Mercadante se esforçou brutalmente ao longo
de 2003 para derrubar Antônio Palocci. Não houve repórter da área a quem não
tenha dado um off pregando o que se chamava, então, "Plano B" na economia. E,
agora, faz-se doutor defendendo o que combateu. Um portento.
O miojo de Mercadante
A tese de doutorado do Mercadante está para a teoria econômica como a receita de miojo está para o tema da redação do Enem: trata-se de um mero truque. É a espiral negativa, entenderam? O mau exemplo vem de cima e vai se imiscuindo na sociedade, girando em torno do eixo da enganação. De cabo a rabo.
A tese de doutorado do Mercadante está para a teoria econômica como a receita de miojo está para o tema da redação do Enem: trata-se de um mero truque. É a espiral negativa, entenderam? O mau exemplo vem de cima e vai se imiscuindo na sociedade, girando em torno do eixo da enganação. De cabo a rabo.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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