Considerada uma das comissões que produzem os
debates mais acalorados da Câmara, a Comissão de Direitos Humanos será palco de
novo embate nesta terça-feira, quando o Partido Social Cristão (PSC) indicar o
deputado Marco Feliciano, de 40 anos, para presidir o colegiado. Pastor da
Assembleia de Deus, Feliciano não é um homem de meias palavras. Nos últimos
tempos, provocou confusão ao afirmar que os africanos
carregam uma maldição desde os tempos de Noé. Também ganhou a
pecha de homofóbico ao apresentar um projeto para tentar derrubar a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) que permite a união entre pessoas do mesmo sexo.
É uma pena que um tema tão amplo e relevante quanto o dos direitos humanos possa se ver limitado à discussão – que tende a se tornar caricata e estéril - entre um prócer do PSC e integrantes do bloco de partidos de esquerda, que há tempos indicam o seu presidente. Porém, na partilha das comissões temáticas, coube ao PSC, que tem 16 deputados e apoia o governo Dilma Rousseff, o comando da comissão. O deputado conversou nesta segunda com o site de VEJA. Leia trechos da entrevista.
É uma pena que um tema tão amplo e relevante quanto o dos direitos humanos possa se ver limitado à discussão – que tende a se tornar caricata e estéril - entre um prócer do PSC e integrantes do bloco de partidos de esquerda, que há tempos indicam o seu presidente. Porém, na partilha das comissões temáticas, coube ao PSC, que tem 16 deputados e apoia o governo Dilma Rousseff, o comando da comissão. O deputado conversou nesta segunda com o site de VEJA. Leia trechos da entrevista.
O senhor disse em plenário viver um
"tempo de caça às bruxas" sobre questões homossexuais. Acha que o Congresso
representa todos os setores da sociedade brasileira?
Não temos democracia aqui. A democracia só funciona
para uma parte desse grupo que se diz minoria. Minoria, entretanto, é quem não
tem vez, não tem voz, não tem acesso a trabalho, não consegue estudar. Onde o
grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) se encaixa nisso? Eles se
escondem atrás de um rótulo de minoria, não para buscar direitos, mas
privilégios.
Mas eles não têm direito a defender as causas que considerem adequadas?
Mas eles não têm direito a defender as causas que considerem adequadas?
Entre os projetos de lei que eles querem ver aprovados está a instituição de
cotas dentro das universidades públicas. Se não começar a segurar um pouco esse
tipo de iniciativa gay, em breve não haverá mais controle. Daqui a pouco vão
criar dentro do Brasil uma nova raça, uma raça superior.
O senhor já foi acusado de racismo.
O senhor já foi acusado de racismo.
Houve uma polêmica com a
cantora Preta Gil, que não fui eu que comecei [o deputado Jair Bolsonaro disse
ao programa humorístico CQC que seus filhos não namorariam negros porque não
haviam sido criados em um "ambiente de promiscuidade"]. Um ativista do
movimento negro me provocou e perguntou o que eu achava. Disse que repousava
sobre o continente africano, até na África do Sul, com população branca, uma
maldição patriarcal. Mas repare no meu cabelo. Somos todos descendentes de
negros.
Não acha que suas posições religiosas comprometeriam suas funções na Comissão de Direitos Humanos?
Não acha que suas posições religiosas comprometeriam suas funções na Comissão de Direitos Humanos?
A comissão discute exatamente como
garantir melhores condições para setores considerados excluídos. Existe um
protecionismo exacerbado com o movimento LGBT. O medo deles é que eu comece a
revirar a caixa de Pandora e ver onde as verbas foram investidas, se houve
direcionamento. Não tenho problemas em discutir assuntos ligados à
homossexualidade. Eles é que não dão direito ao contraditório. Não os xingo de
nenhuma palavra. As palavras obscurantista, fundamentalista e desgraçado foram
usadas por eles contra mim.
O senhor não acha que os homossexuais
sofrem perseguição?
Quando
homossexuais são feridos, mortos ou quando sofrem qualquer tipo de preconceito,
aí é uma questão de direitos humanos. Mas também me preocupo, por exemplo, com
os brasileiros presos no exterior por estarem ilegais. Ninguém pergunta pelos
direitos deles.
Mas o senhor fala em medo da causa gay?
Mas o senhor fala em medo da causa gay?
Nosso medo é só esse:
união homossexual não é normal. O reto não foi feito para ser penetrado. Não
haveria condição de dar sequência à nossa raça. Agora, o que se faz dentro de
quatro paredes não me diz respeito.
Medo de quê?
Medo de quê?
Deveria haver posições menos radicais na
comunidade LGBT. Os gays destroem qualquer pessoa que se levante contra eles.
Por que o senhor apresentou um projeto para sustar a decisão do STF favorável à união civil de homossexuais?
Por que o senhor apresentou um projeto para sustar a decisão do STF favorável à união civil de homossexuais?
O casamento gay fere os
direitos da Igreja. Apresentei uma proposta de plebiscito sobre a união civil.
Pergunte se o grupo de direitos dos gays aceitou. Por que não posso defender o
meu plebiscito? Falo por parábolas: certa vez havia animais correndo de um fogo
na floresta e um beija-flor trazia uma gota d’água no bico e ia tentar apagar o
fogo. Faço a minha parte. Nosso país é conservador.
Fonte: "Veja Online"
Nenhum comentário:
Postar um comentário