Por
Augusto Nunes
Como se fosse pouco o fato de Deus ser
brasileiro, boa parte do País do Carnaval passou os primeiros dias de março
exigindo - ou comemorando antecipadamente - a eleição de um papa nascido aqui.
Metade da torcida não decorou a primeira parte do Salve Rainha; a outra
esqueceu a segunda parte do Credo. Alheios a tais irrelevâncias, jornalistas
convertidos neste verão e vaticanistas de jardim da infância decidiram que
chegara a hora de instalar um compatriota no trono reservado ao chefe de 1,2
bilhão de devotos.
quarta-feira, 13 de março de 2013
“A campanha pela eleição do papa brasileiro terminou. É hora de começar a tratar da redução do rebanho de pecadores no poder"
Como aprendemos já no berço, este é o maior
país católico do mundo. Lula conversa com o Pai e aconselha o Espírito Santo
pelo menos duas vezes por semana. E não é qualquer nação que apresenta um
candidato do porte do cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e um dos
mais influentes dos 105 participantes do conclave. É nome para fumaça branca já
na primeira votação, garantiram redatores de manchetes e apresentadores de
telejornais.
Ainda não foi desta vez, decepcionaram-se os
manifestantes que desde segunda-feira berravam na praça de São Pedro a palavra
de ordem que fundiu a pátria e a fé: "O papa é do Brasil!". Não é. É da
Argentina o cardeal Jorge Mario Bergoglio, que vai ocupar com o título de
Francisco I o trono reservado ao representante de Deus na Terra. Deu zebra,
começam a balbuciar teólogos que não sabem a diferença entre um terço e um
colar. É nisso que dá brincar de doutor com coisa que não se conhece nem de
vista.
Terminada a campanha, que tal descobrir que o
ano já está no terceiro mês e há problemas de sobra a enfrentar no país
comandado por Lula e gerenciado por Dilma Rousseff, com a ajuda de 39
trapalhões? Dispensado de pensar na eleição do papa, o rebanho tem tempo de
sobra para pensar em eleições domésticas. Já que não emplacaram o Santo Padre,
os brasileiros poderiam sentir-se menos frustrados (e permitir que o país
decente se sentisse muito melhor) se tratassem de mandar para casa (ou para a
cadeia) os pecadores que infestam os Três Poderes.
Um papa nativo teria de examinar a hipótese
de excomungar um por um os criminosos que, alojados nas cercanias dos cofres
públicos, espancam os Dez Mandamentos e colecionam pecados capitais. As urnas
podem fazer de uma vez só - e em escala industrial - o mesmo serviço. Oremos.
Fonte:
"Direto ao Ponto"
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