Por Reinaldo Azevedo
Uma
súcia de fascistoides recebeu a blogueira Yoani Sánchez com gritos, xingamentos
e dólares nas mãos quando ela desembarcou, na madrugada de ontem, no aeroporto
Guararapes, em Pernambuco. De lá, ela seguiu para Feira de Santana, na Bahia,
onde assistiria à pré-estreia de um filme que trata justamente da agressão à
liberdade de expressão. O evento, previsto para a noite de ontem, não
aconteceu. Mais uma vez, uma tropa de choque formada por petistas e militantes
do PC do B a hostilizou. Ela teve de se retirar para uma sala reservada para
não ser agredida. Então ficamos assim: uma mulher que comete o crime de
defender a liberdade de expressão numa ditadura é impedida de se pronunciar num
país livre por gorilas do oficialismo, sob as ordens da embaixada de Cuba e com
a conivência - o nome é esse mesmo! - do Governo Federal. Se Dilma
Rousseff honra a faixa que enfeitou seu peito no dia da posse, dá um de seus
supostamente famosos tapas da mesa, chama José Eduardo Cardozo, que é ministro
da Justiça e não cavalo de parada para desfiles garbosos, e determina que a
Polícia Federal faça a segurança da cubana e impeça a canalha fascista de
rasgar a Constituição. Se assistir inerme a essa violência, Dilma
estará dando razão prática àqueles que, no passado, também violaram a lei para
constrangê-la. Aliás, presidente, Yoani vem de um governo em que se torturam e
se matam pessoas na cadeia por crimes de opinião. É simples assim. Nos
atos de selvageria, presidente, contra Yoani - que teve o cabelo puxado e o
rosto tocado por notas de dólares -, há a marca vergonhosa e indelével do seu
governo. Tudo é lastimável, inclusive o que vem agora: boa parte da
grande imprensa brasileira se tornou moralmente corresponsável pelas violências
de que Yoani foi e ainda pode ser alvo. Por quê?
VEJA
chegou aos leitores na manhã do sábado. Nas primeiras horas do dia, este blog
já publicava um post denunciando a reunião havida na embaixada de Cuba, em
Brasília, sob o comando do embaixador Carlos Zamora Rodríguez. Vocês conhecem a história.
Disquetes com um dossiê contra Yoani foram distribuídos, e se combinaram ali
atos de protesto contra a presença da blogueira no Brasil. Yoani é acusada de
coisas graves, como ser agente do imperialismo, estar sob a influência da CIA,
tomar cerveja com amigos, ir à praia e comer bananas… Os totalitários, com o
tempo, evoluem para o terreno demencial. Havia lá um funcionário graduado do
governo Dilma. Trata-se do coordenador de Novas Mídias da Secretária-Geral da
Presidência, Ricardo Augusto Poppi Martins, que viajou para Cuba em seguida.
Voltou ontem. A pasta de Gilberto Carvalho emitiu uma nota espantosamente
mentirosa sobre o caso, na qual havia uma única verdade: a
confirmação de que o tal assessor participara mesmo da reunião. Rodríguez
confessou uma outra ilegalidade: afirmou que agentes cubanos acompanham cada
passo de Yoani no Brasil.
Reação
pífia, mesquinha, indigna
A reação da chamada grande imprensa nestes três dias foi pífia, mesquinha, indigna. As TVs ignoraram o assunto até - se perdi alguma coisa antes, avisem-me - a reportagem levada ao ar pelo "Jornal da Globo" no começo da madrugada desta terça. Os grandes jornais dispensaram ao caso um tratamento frio, burocrático, ridículo. Nestes tempos de surrealismo noticioso, houve quem tivesse o capricho de dar como notícia a primeira nota da Secretaria-Geral da Presidência (ela emitiu duas) sem ter informado antes o que trazia a reportagem de VEJA. Ou por outra: ganhou mais relevância o desmentido engrolado do governo do que os fatos gravíssimos que tinham acabado de vir à luz. E que se note: mesmo a reportagem do "Jornal da Globo" ignorou a questão dos agentes cubanos que estão no encalço da blogueira, o que é estupidamente ilegal. "Mas quem garante que está?" O embaixador cubano! É ele quem está confessando um crime contra as leis brasileiras e o direito internacional.
A reação da chamada grande imprensa nestes três dias foi pífia, mesquinha, indigna. As TVs ignoraram o assunto até - se perdi alguma coisa antes, avisem-me - a reportagem levada ao ar pelo "Jornal da Globo" no começo da madrugada desta terça. Os grandes jornais dispensaram ao caso um tratamento frio, burocrático, ridículo. Nestes tempos de surrealismo noticioso, houve quem tivesse o capricho de dar como notícia a primeira nota da Secretaria-Geral da Presidência (ela emitiu duas) sem ter informado antes o que trazia a reportagem de VEJA. Ou por outra: ganhou mais relevância o desmentido engrolado do governo do que os fatos gravíssimos que tinham acabado de vir à luz. E que se note: mesmo a reportagem do "Jornal da Globo" ignorou a questão dos agentes cubanos que estão no encalço da blogueira, o que é estupidamente ilegal. "Mas quem garante que está?" O embaixador cubano! É ele quem está confessando um crime contra as leis brasileiras e o direito internacional.
A
verdade lastimável é esta: a grande imprensa brasileira está perdendo os
parâmetros de como funciona, e deve funcionar, uma sociedade aberta e está se
amesquinhando. Ontem, no Twitter, alguns tontinhos da profissão, supostamente
alinhados com um jornalismo mais "moderno", dispensavam ao caso um tratamento
jocoso, irônico, como se, de fato, isso tudo não tivesse a menor importância.
Toma-se o direito essencial do longo Artigo V da Constituição - uma cláusula pétrea - como matéria menor. Um jornalismo que avalia não ser precisar dar destaque à
presença de um assessor ministerial numa reunião realizada numa embaixada de
uma tirania com o objetivo de desqualificar uma militante dos direitos humanos;
um jornalismo que avalia não ser preciso dar destaque à presença de agentes da
polícia política de um país estrangeiro no encalço de alguém que entrou
legalmente em nosso país, um jornalismo que comete essas omissões já está
descolado de sua missão; já não merece mais esse nome; já está perdido
para a causa democrática. ESSE JORNALISMO NÃO PRECISA MAIS DO CONTROLE
SOCIAL DA MÍDIA, COMO QUEREM OS FASCISTAS, PORQUE, INFELIZMENTE, JÁ ESTÁ
CONTROLADO!
O que
se passa? O setor perdeu o brio? A vergonha? As referências? Vive também ele
sob a patrulha de um partido e, no fundo, desconfia que Yaani não seja, assim,
flor que se cheire? Olhem aqui: aqueles vagabundos que foram impedir a
blogueira cubana de falar não têm tanta importância; noticiar a bagaunça que
armaram também serve para promove-los. Eles vão se sentir orgulhosos, como todo
criminosa gaba a própria obra. A notícia relevante, que rendeu uma alentada
reportagem de VEJA, era justamente as patas no governo cubano nessa
mobilização, a presença de um assessor de Carvalho na reunião e a atuação de
agentes estrangeiros em nosso país, ao arrepio da lei. Essa era a notícia!!!
Essas eram as coisas que tinham de ser cobradas de Gilberto Carvalho e do
governo Dilma.
Quais
critérios explicam a omissão? Se alguém tiver alguma justificativa razoável,
juro que publico aqui com destaque. Por que tanto silêncio? Por que tanta
covardia? Os líderes da bagunça armada em Feira de Santana dizem que vão
continuar - ENTENDEU, PRESIDENTE DILMA? Eles confirmam que vão
seguir as ordens recebidas do embaixador cubano, contra o que estabelece a
Constituição Brasileira.
Essa
gritaria promovida contra Yoani revela, uma vez mais, a alma profunda dessa
gente e diz, com clareza absoluta, quem são eles e quem foram no passado. Este
é um país em que está em curso uma dita Comissão da Verdade, que procura
avançar sempre um pouquinho mais na tentativa de rever, ao arrepio da
Constituição, a Lei da Anistia. A comissão que está aí existe para tornar
heróis os amigos e tornar bandidos os inimigos. Somos obrigados a ler, por
exemplo, que os comunistas de então queriam democracia… Ninguém deveria ter
sido torturado por isto, é evidente, mas democracia não queriam. Tanto assim
era que não a querem até hoje. Por isso estão aí, impedindo Yoani de falar. E,
dizem eles próprios, agem assim em "defesa da revolução socialista cubana".
Perfeito! Se os comunistas tornados heróis pela Comissão da Verdade tivessem
vencido, teria vigido Brasil - e talvez estivesse ainda em vigência - um modelo
como o… cubano! As esquerdas reivindicam o monopólio do direito de matar, o
monopólio da censura, o monopólio da fala e, não poderia ser diferente, o
monopólio da verdade.
Oposições
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) protocolou nesta segunda na Mesa Diretora do Senado requerimento para que os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência) e Antonio Patriota (Relações Exteriores) prestem esclarecimentos aos parlamentares sobre a atuação do governo brasileiro no complô contra Yoani. Está certo. Mas os partidos de oposição precisam fazer mais. A partir desta terça, É UMA OBRIGAÇÃO MORAL HAVER REPRESENTANTES DO PSDB, DO PPS E DO DEM ACOMPANHANDO OS PASSOS DA BLOGUEIRA. É preciso que lhe emprestem apoio contra os gorilas nativos que a perseguem, contra os gorilas cubanos que a perseguem, contra o gorilismo oficial que a persegue.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) protocolou nesta segunda na Mesa Diretora do Senado requerimento para que os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência) e Antonio Patriota (Relações Exteriores) prestem esclarecimentos aos parlamentares sobre a atuação do governo brasileiro no complô contra Yoani. Está certo. Mas os partidos de oposição precisam fazer mais. A partir desta terça, É UMA OBRIGAÇÃO MORAL HAVER REPRESENTANTES DO PSDB, DO PPS E DO DEM ACOMPANHANDO OS PASSOS DA BLOGUEIRA. É preciso que lhe emprestem apoio contra os gorilas nativos que a perseguem, contra os gorilas cubanos que a perseguem, contra o gorilismo oficial que a persegue.
Ontem,
no Jornal da Globo, vi um senador Eduardo Suplicy (PT-SP) exaltado contra
aqueles que hostilizavam Yoani. Aprecio o seu gesto. Mas não seria quem sou se
tivesse a memória fraca. Em 2009, a blogueira foi convidada para o lançamento
de um livro seu no Brasil, e o governo cubano não permitiu que deixasse a ilha.
A Comissão de Constituição e Justiça aprovou, então, uma moção de repúdio ao
governo cubano. Só um senador votou contra: Inácio Arruda (PCdoB-CE). E um se
absteve: Suplicy afirmou que apoiava o protesto, mas que preferia ouvir antes o
embaixador de Cuba… A atitude de ontem serviu para minorar aquela decisão
lamentável.
Volto
à imprensa para encerrar
Algo está fora do lugar em muitas áreas da imprensa. Há dias, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sánchez Averláiz, participou de um ato CONTRA A JUSTIÇA BRASILEIRA E CONTRA AS OPOSIÇÕES. Sim, era esse o teor da patuscada armada por José Dirceu. A exemplo de seu colega cubano, Averláiz desrespeitava as leis brasileiras e rasgava as leis internacionais sobre a representação diplomática. Na imprensa brasileira, com as exceções de praxe, parecia que ele estava dizendo um "hoje é terça-feira"…
Algo está fora do lugar em muitas áreas da imprensa. Há dias, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sánchez Averláiz, participou de um ato CONTRA A JUSTIÇA BRASILEIRA E CONTRA AS OPOSIÇÕES. Sim, era esse o teor da patuscada armada por José Dirceu. A exemplo de seu colega cubano, Averláiz desrespeitava as leis brasileiras e rasgava as leis internacionais sobre a representação diplomática. Na imprensa brasileira, com as exceções de praxe, parecia que ele estava dizendo um "hoje é terça-feira"…
"Ah,
que importância tem isso? Meia dúzia de dinossauros comunistas, o que inclui
até um palhaço fantasiado de Che Guevara, fazendo um barulhinho…" Errado! Um
funcionário do Palácio do Planalto, assessor graduado do secretário-geral da
Presidência, participou de uma conspirata numa embaixada estrangeira e ouviu do
seu titular que agentes estrangeiros perseguem uma pessoa que entrou legalmente
em nosso país e que está protegida, enquanto aqui estiver, pelas leis
brasileiras. Se isso não é notícia, o que é notícia?
Coragem,
jornalismo!
Coragem, senadores e deputados de oposição!
Coragem, senadores e deputados de oposição!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Leandro Fortes escreveu na Carta Capital um texto contra Yoani, onde menciona que " milhões de brasileiros querem ir à Cuba, mas não têm dinheiro", enquanto ela conseguiu viajar. Será que existem tantos idiotas assim no Brasil? Querem ir? O governo lança o Bolsa Cuba.Com passagem só de ida.
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