Segundo
relatório do TCU, o programa que vigorou de 2007 a 2010 teve concluídas apenas
2,9 mil das 13,6 mil ações
O Tribunal
de Contas da União (TCU) revelou que só uma a cada cinco obras da primeira
versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ficou pronta até o fim do
governo Luiz Inácio Lula da Silva. O programa, que vigorou de 2007 a 2010,
terminou aquele ano com 13.653 ações, das quais 2.947 foram concluídas, em
valor equivalente a R$ 192 bilhões ou 13,73% do valor final do PAC 1.
Na virada
de 2010 para 2011, em meio à campanha e posse da presidente Dilma Rousseff, o
governo descumpriu a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e uma determinação
do TCU ao não divulgar o balanço final do PAC 1. Em 2011, o primeiro balanço de
Dilma já foi apresentado como do PAC 2, carregando obras do PAC 1. Segundo
relatório dos técnicos do TCU, a decisão unilateral do governo provocou o
descumprimento de acórdão do Tribunal, que determinava a apresentação das
informações a cada quatro meses.
Pela LDO de
2010, o balanço do PAC deveria ser apresentado "em no máximo 40 dias após cada
quadrimestre". Em resposta ao questionamento do TCU, o Ministério do
Planejamento (que assumiu o PAC, antes gerido pela Casa Civil, no governo
Dilma) reconheceu ter descumprido a lei, mas alegou que isso deveu-se à
"natureza excepcional do presente exercício (2011), que representa o primeiro
ano de uma nova gestão, ocasião em que são redefinidas diretrizes e
prioridades". Segundo nota do ministério, "o objetivo foi não ferir a
legislação eleitoral". Antes mesmo da campanha de 2010, Dilma fora batizada por
Lula como "a mãe do PAC".
Segundo o
relatório do TCU aprovado na quarta-feira, dos 13.653 projetos incluídos no PAC
- sem considerar o financiamento habitacional - foram concluídos até o fim do
governo Lula 2.947 empreendimentos. O volume total desses projetos em valor,
segundo o TCU, foi de apenas R$ 192 bilhões.
O
Planejamento ressalta que o TCU não incluiu entre os empreendimentos concluídos
R$ 215,4 bilhões de financiamento habitacional (SBPE) contemplados no PAC. O
balanço do programa apresentado em dezembro de 2010 previa que, até o fim
daquele ano, seriam R$ 444 bilhões em obras concluídas. Estava previsto
inicialmente, para o período de 2007 a 2010, o valor total de R$ 541,8 bilhões.De R$ 414 bi, valor subiu para R$ 1,4 tri
O TCU
destacou que a ampliação do volume total das obras - que saltou de R$ 414,5
bilhões em 2007 para R$ 1,4 trilhão em 2010 - e o adiamento das datas de
conclusão para as obras dificultaram uma avaliação mais precisa sobre o resultado
do PAC 1. "Por serem bases distintas, restou prejudicada a realização de cotejo
entre o quanto foi executado até o final de 2010 com o previsto no início de
2007", disse o relator, ministro Aroldo Cedraz, em seu voto. "Conforme se
verifica atrasos nas datas dos projetos, essas vão sendo alteradas, trazendo
uma inadequada percepção dos empreendimentos que estão com atraso."
O TCU
apontou, com base em dados enviados pela Casa Civil, que dos 13.653 projetos,
2.962 foram considerados concluídos (quantia que inclui as obras em operação),
perfazendo 21,69% do número de empreendimentos ou 16,14% do valor previsto, o
que totaliza R$ 226,8 bilhões.
O texto
ressalva que no PAC 1 já eram previstas obras de grande valor, como o trem de
alta velocidade e as hidrelétricas do Rio Madeira, com data de conclusão sempre
posterior a 2010.
O relatório
dos técnicos do TCU destacou atrasos e readequação de prazos de obras por todo
o Brasil ao fim de 2010. Entre elas, obras relativas à recuperação e
revitalização da infraestrutura do sistema de pistas e pátio do Aeroporto Tom
Jobim/Galeão. O primeiro balanço do PAC trazia como data de conclusão julho de
2009, depois alterada para setembro de 2011. O prazo atual para a obra, segundo
o último balanço do PAC 2, é outubro de 2013.
Cedraz
anotou, ainda, em seu voto, como "bastante atrasada" a execução de obras de
saneamento e de habitação de interesse social. "Ao final de 2010, apenas 15,77%
das obras de saneamento, equivalentes a 3,35% do valor total previsto, haviam
sido concluídas. (...) No setor de habitação social, a situação é pior, pois
foram concluídos apenas 300 projetos, cerca de 8,08% do número previsto,
equivalentes a 0,74% do montante cujo investimento se desejava realizar."
O relatório
do TCU apontou que, disparado, o Estado do Rio foi o maior beneficiado pelos
investimentos do PAC 1 - puxados principalmente pelo pré-sal. O Rio recebeu
projetos equivalentes a R$ 362 bilhões de 2007 a 2010, do valor total de R$ 1,4
trilhão.
Fonte: "O Globo"
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