De Alex Ferraz, na coluna "Em Tempo", na "Tribuna da Bahia":
É tido e sabido que a grande maioria dos sindicatos está sob total controle do atual Governo Federal, do qual vem recebendo gordas verbas e onde há milhares de sindicalistas muito bem empregados, com altos salários; é certíssimo que a União Nacional dos Estudantes (UNE), colocando repugnante nódoa sobre a sua belíssima história de lutas, também viaja no mesmo barco, assim como o MST.
No entanto, nos últimos dias, resolvi olhar para meu próprio umbigo e fiquei chocado: desde o início do governo Lula, a imprensa e os jornalistas, individualmente ou em grupo, vêm sendo atacados com uma agressividade feroz (ameaçados e demitidos, mesmo), a cada denúncia que atinja os messias encastelados no Planalto. No começo, o governo queria as trevas. Pensou em criar o Conselho Federal de Jornalismo, com espantoso apoio da Fenaj. Não deu certo. Vieram então os ataques sistemáticos: Lula debochou com a opinião pública e os jornalistas presentes a uma solenidade que reunia catadores, em São Paulo, até conseguir uma solene vaia para os profissionais da imprensa; Sarney, através de juiz amigo, censurou abertamente "O Estado de S. Paulo", até hoje sob mordaça; inúmeros deputados, entre petistas e “oposição” (e ponha aspas nisso!), xingaram a imprensa e os jornalistas quando flagrados roubando o dinheiro público; mais recentemente, a UNE disse que a negociata entre ela e uma empresa fantasma, denunciada pelos jornais, era mentira da imprensa, e o até então aparentemente racional ministro da Cultura, Juca Ferreira, baiano a quem conheço e admirava até agora, disse que jornalistas “são pagos para mentir”.
Diante de tantos ataques, paira o silêncio tumular de todos os órgãos ditos representativos dos jornalistas. Não vi manifestação nenhuma da ABI, nem da Federação Nacional dos Jornalistas, muito menos dos nossos sindicatos espalhados por esse Brasil afora, a começar daqui.
Pelo contrário, a única entidade a abrir a boca para defender os coleguinhas do ataque histérico de Juca Ferreira foi... a ANJ – Associação Nacional dos Jornais, que reúne nossos patrões (cuja maioria absoluta, aliás, sempre repudiou qualquer ataque à liberdade de imprensa!). E aí, galera, como é que fica? Por que esse silêncio? Huuummm...
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