De Eugênio Bucci no site "Observatório da Imprensa":
Comecei nesta profissão há 25 anos. Primeiro, como revisor da revista Cães & Companhia e logo depois, aí para valer, como repórter da revista Veja, isso já em dezembro de 1984. Naquela época, nós não tínhamos internet. Sequer computadores nós tínhamos. As cartas dos leitores chegavam até nós na Redação.
Algumas eram desaforadas, sem dúvida, mas guardavam um mínimo de urbanidade e elegância. Vinham identificadas com o nome e o endereço do remetente e, para publicá-las, os órgãos de imprensa muitas vezes exigiam o RG do cidadão. Quando líamos algum insulto, isso acontecia no ambiente de trabalho.
Processávamos, então, os dissabores ali mesmo. Só depois, mais tarde, voltando já cansados para casa, é que tínhamos de nos resignar: naquele dia, dormiríamos refletindo sobre uma impropriedade ou uma ofensa que tinham mandado pra gente. Sem alternativas, levávamos o desaforo para casa.
Agora é diferente. A rede mundial de computadores inventou essa curiosa modalidade de interação: a entrega do desaforo em domicílio. De casa mesmo nós abrimos o e-mail ou os sites para o qual escrevemos profissionalmente e damos de cara com o desrespeito que nos bate na cara.
O pior é que, frequentemente, nem sabemos direito quem é que nos bombardeou com a agressividade sem fundamento. Há casos de missivistas que se escondem atrás de nomes fictícios e, aí protegidos, disparam aleivosias para todo lado. Fira quem ferir. Os terroristas do verbo ficaram mais desinibidos com o cyberanonimato.
Não é verdade que as barbaridades que nos chegam não nos abalam. Eu me abalo. Sei de muitos que se abalam do mesmo modo. Essas coisas nos atingem, fazem mal, impõem um grau de sofrimento, mesmo que pequeno. Essa história de ler desaforos e depois dar de ombros não é assim tão simples. A gente sempre sai machucado da experiência. Estamos submetidos, sem escudos, às injúrias que nos são entregues em casa na velocidade da luz. Leia mais em Desaforos entregues em casa
Comecei nesta profissão há 25 anos. Primeiro, como revisor da revista Cães & Companhia e logo depois, aí para valer, como repórter da revista Veja, isso já em dezembro de 1984. Naquela época, nós não tínhamos internet. Sequer computadores nós tínhamos. As cartas dos leitores chegavam até nós na Redação.
Algumas eram desaforadas, sem dúvida, mas guardavam um mínimo de urbanidade e elegância. Vinham identificadas com o nome e o endereço do remetente e, para publicá-las, os órgãos de imprensa muitas vezes exigiam o RG do cidadão. Quando líamos algum insulto, isso acontecia no ambiente de trabalho.
Processávamos, então, os dissabores ali mesmo. Só depois, mais tarde, voltando já cansados para casa, é que tínhamos de nos resignar: naquele dia, dormiríamos refletindo sobre uma impropriedade ou uma ofensa que tinham mandado pra gente. Sem alternativas, levávamos o desaforo para casa.
Agora é diferente. A rede mundial de computadores inventou essa curiosa modalidade de interação: a entrega do desaforo em domicílio. De casa mesmo nós abrimos o e-mail ou os sites para o qual escrevemos profissionalmente e damos de cara com o desrespeito que nos bate na cara.
O pior é que, frequentemente, nem sabemos direito quem é que nos bombardeou com a agressividade sem fundamento. Há casos de missivistas que se escondem atrás de nomes fictícios e, aí protegidos, disparam aleivosias para todo lado. Fira quem ferir. Os terroristas do verbo ficaram mais desinibidos com o cyberanonimato.
Não é verdade que as barbaridades que nos chegam não nos abalam. Eu me abalo. Sei de muitos que se abalam do mesmo modo. Essas coisas nos atingem, fazem mal, impõem um grau de sofrimento, mesmo que pequeno. Essa história de ler desaforos e depois dar de ombros não é assim tão simples. A gente sempre sai machucado da experiência. Estamos submetidos, sem escudos, às injúrias que nos são entregues em casa na velocidade da luz. Leia mais em Desaforos entregues em casa
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