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domingo, 4 de maio de 2008

Zuenir Ventura e a cultura baiana

O escritor e jornalita Zuenir Ventura, que esteve recentemente em Feira de Santana, escreve sobre a cultura baiana no jornal "O Globo"
A Bahia é hoje a terra da axé-music, mas já foi das Letras. Uma viagem pelo interior - como a que estou fazendo agora pelo Projeto TIM-Grandes Escritores - mostra isso. O apresentador da Rádio de Alagoinhas nos informa com orgulho: 'Perto daqui nasceu Antônio Torres. Capinam é nosso conterrâneo. Santo Amaro, de Caetano, fica a pouco mais de l00 km. Adonias Filho é de Itabuna, nossa vizinha. Vitória da Conquista é o berço natal de Glauber Rocha e Gilberto Gil'. E vai desfilando as glórias literárias da região (incluindo com justiça compositores e um cineasta). Quando se chega a Ilhéus, a 'cidade romance', a impressão é de estar entrando num livro de Jorge Amado. A todo momento, você acha que vai esbarrar com seus personagens. O anúncio diz: 'Os tempos mudaram. Vá ao Bataclan e leve sua família'. Fui e levei minha mulher. É uma impecável reconstrução de época, onde se come, dança, tira fotos. O jantar foi no Vesúvio, que se apresenta como 'A casa de Nacib e Gabriela' e que oferece o 'kibe árabe com sabor de Gabriela, cravo e canela'.
No Brasil, nenhum romancista fez tanto pela imagem de uma cidade, mesmo que Jorge não tenha nascido aqui, mas em Ferradas, distrito de Itabuna. Ilhéus é tão nossa conhecida que a visita vira uma revisita. Mas nem a opulenta capital do cacau é a mesma. E ao que se diz, nem a cultura baiana. Por onde tenho andado - Alagoinhas, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Vitória da Conquista - ainda encontro jovens interessados em literatura. Mas António Risério garante que a Bahia 'está paralisada, incapaz de produzir pensamentos e idéias. O escritor, que foi referência intelectual da geração de Glauber e de Caetano, publicou um artigo demolidor (em "A Tarde") cujo titulo já dá o tom: 'Pernambuco jogo alto, Bahia banho maria'. Ele acredita que o seu estado anda pior não apenas na área artística, mas também na indústria, no comércio e na política. 'Até os antigos quadros da direita pernambucana são superiores a tudo que existe no espaço partidário baiano'. Na sua opinião, a derrota do 'carlismo' não representou a prometida 'maré transformadora', ao contrário da chegada de Eduardo Campos ao poder. 'Pernambuco hoje é sinal de entusiasmo e inquietude; a Bahia, de mormaço e mesmice. Aqui reinam a flacidez e o ceticismo'.
Confesso que fiquei chocado com essas revelações, assim como também com o resultado de uma pesquisa que li ao mesmo tempo. Segundo esse levantamento. o número de evangélicos quadruplicou nos últimos 30 anos, enquanto o de católicos diminuiu de 93% para 60%, Mais: os adeptos da umbanda e do candomblé não ultrapassam agora 0,5% da população - isso na terra da Menininha de Gantois e do babalorixá Jorge Amado. Se Risério e a pesquisa estiverem certos, o perfil da Bahia pode estar mudando.

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