Está postado no Blog Reinaldo Azevedo, neste sábado, 22:
Vi um episódio do seriado Antônia, na Globo. Aparecem apenas dois brancos: o apresentador picareta de um programa de TV e uma garota que tenta dar um golpe no grupo para assumir o lugar de uma das cantoras negras. É a Anee Baxter (a verdadeira “Malvada”) da periferia.
Quando a trama é descoberta, ela é cercada pelas “Antônias”, e uma delas dispara: “Sua batata vai assar, branquela!”. Racismo? Digamos que as cantoras fossem brancas, e uma negra tentasse separá-las. Qual seria a fala? Que tal: “Sua batata vai assar, negrinha!”?
Creio que, hoje em dia, chamar alguém de “negrinha” só seria possível num contexto de crítica ao racismo dos brancos contra os negros; só se faria para caracterizar alguém desprezível, a pessoa má. A fala jamais estaria na boca do “mocinho” ou da “mocinha”.
Estou patrulhando, pedindo o texto politicamente correto? Eu não!!! Não policio linguagem. Agora, se uma fala é possível, e a outra não é, então é racismo, sim. E notem: esse racismo não está no filme, mas nos dois pesos e nas duas medidas. E ele se dá de uma maneira que o leitor talvez não suspeite à primeira vista.
Ora, se não se pode dizer “negrinha” fora daquele contexto que desqualifica a personagem que pronuncia a palavra, então é sinal de que os negros estão submetidos a uma tutela. E só é tutelado quem não é considerado capaz de se defende. Por outro lado, se é possível dizer um “branquela”, como ofensa mesmo, num contexto em que a mocinha está fazendo justiça, então é sinal de que os brancos gozam de uma superioridade natural que pode suportar a ofensa. O lugar das duas concepções é a lata de lixo da história.
Alguns leitores talvez tivessem entendido que eu iria apontar racismo contra os brancos. Não! Continua a ser racismo contra os negros. Como acabar com isso? Pondo um fim a essa besteira de patrulhar a linguagem e de incentivar, como é mesmo?, as ações afirmativas - na universidade ou na produção cultural.
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Um comentário:
dimas, q tal alguma coisa sobre esse tropa de elite? eu recebi um email de um leitor pedindo alguma coisa sobre esse filme no blog da feira......
um abraço,
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