Por Reinaldo Azevedo
Tenho uma máxima, de que alguns
coleguinhas jornalistas nem gostam muito, segundo a qual a lógica é capaz de
fornecer mais furos a um jornalista do que as tais informações de bastidores. O
método não tem cem por cento de precisão, mas os famosos "offs" acertam
muitíssimo menos. Até porque a informação passada em sigilo sempre atende a
interesse de alguém. Ou sigilosa não seria. Ponto.
Isso, claro!, não implica que
conversas ao pé do ouvido sejam dispensáveis, desde que se saiba ouvir e que se
seja capaz de ligar lé com lé e cré com cré.
Vamos lá. É evidente que ninguém
me disse que Lula vai pedir asilo a algum país. Tampouco me informaram que ele
vai fugir. Também não sei de fonte nenhuma que ele será preso amanhã… Nada
disso!
Uma coisa, no entanto, afirmo sem
medo de errar do ponto de vista lógico:
O DISCURSO NO QUAL OS PETISTAS INSISTEM NÃO É COMPATÍVEL COM O DE UM RÉU QUE ESTÁ DISPOSTO A PROVAR A SUA INOCÊNCIA. ELE SE PARECE MAIS COM O DE UM FUGITIVO TENTANDO CONVENCER A OPINIÃO PÚBLICA MUNDIAL DE QUE ESTAVA SENDO VÍTIMA DE UM REGIME DE EXCEÇÃO.
O DISCURSO NO QUAL OS PETISTAS INSISTEM NÃO É COMPATÍVEL COM O DE UM RÉU QUE ESTÁ DISPOSTO A PROVAR A SUA INOCÊNCIA. ELE SE PARECE MAIS COM O DE UM FUGITIVO TENTANDO CONVENCER A OPINIÃO PÚBLICA MUNDIAL DE QUE ESTAVA SENDO VÍTIMA DE UM REGIME DE EXCEÇÃO.
Por que digo isso? Reportagem da
Folha desta quarta informa que sindicalistas brasileiros, sobretudo cutistas,
lançarão nos próximos dias uma campanha internacional em defesa do
ex-presidente.
Um vídeo de aproximadamente 7
minutos sobre a trajetória política do petista, hoje réu em três ações na
Justiça, será encaminhado a entidades como a ONU e a OCDE, além dos sindicatos
em 155 países associados à Confederação Sindical Internacional. O objetivo é
contestar as acusações que pesam contra o ex-presidente por suposta corrupção
passiva e ativa, lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa,
tráfico de influência e tentativa de obstruir a Justiça.
Na peça, os advogados de Lula
expõem o argumento da defesa de que não há provas consistentes nas acusações,
que seriam, na verdade, movidas por interesses políticos, e pelo medo de que o
petista se candidate à Presidência em 2018. O vídeo termina com Lula dizendo
que "não aceita mentira" e que "não quer nenhum privilégio, só o direito a um
julgamento justo".
Contraproducente
Bem, é evidente que o efeito é contraproducente. O esforço, como se vê, é para mobilizar a opinião pública do Brasil e do mundo em favor do ex-presidente, mas, não há como, também contra a Justiça brasileira.
Bem, é evidente que o efeito é contraproducente. O esforço, como se vê, é para mobilizar a opinião pública do Brasil e do mundo em favor do ex-presidente, mas, não há como, também contra a Justiça brasileira.
Se Lula pretende ficar em
território nacional, a tática é meio suicida. Como é que se pode considerar
aceitável, então, uma Justiça que só pode absolver, mas não condenar?
A cada vez que atuam desse modo,
os lulistas concorrem para degradar ainda mais a reputação daquele a quem
querem defender e para elevar a altitudes sempre novas a reputação de Sérgio
Moro e da Lava-Jato. Não é possível que não percebam que a tática é
contraproducente.
É por isso que insisto nesta
leitura: a lógica elementar aponta ser esse o discurso de quem não pretende
aceitar a decisão da Justiça.
E não que inexistam elementos
contestáveis no andamento que a Força-Tarefa e Moro deram às coisas que dizem
respeito ao ex-presidente. Há, sim. De fato, pouca gente está interessada em
ouvir. Mas convenham: não será atacando todo o aparato judicial brasileiro - porque é disso que se trata; afinal, o caso, a depender, chegará ao Supremo - que se vai chegar a um bom lugar.
Mais: a insistência na tese de
que há um esforço para tirar Lula de 2018, depois do resultado de 2016, chega a
ser bisonha.
Esse vídeo e as táticas que o
cercam são o caminho mais curto ou para a cadeia ou para a fuga.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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