Por Reinaldo Azevedo
A baixaria a que se assistiu nesta terça na Câmara dos Deputados,
promovida por petistas e esquerdistas ainda mais rombudos, evidencia o DNA
dessa gente. Dado o risco de perderem as mamatas, dado o risco de serem
derrotados pelo Estado de Direito; dado o risco de terem de se defrontar com a
verdade, eles podem, sim, partir para o tudo ou nada.
Muita gente tem dúvida se petistas e comunistas associados tentarão
promover a desordem no país caso sejam derrotados no processo de impeachment ou
percam as eleições. A resposta, obviamente, é "sim".
E o fariam por vários motivos: 1) porque não respeitam a democracia e
não a têm como um valor inegociável; 2) porque acreditam na função redentora da
violência; 3) porque se consideram monopolistas da virtude; 4) porque querem
esconder seus crimes; 5) porque o crime se tornou seu meio de vida.
A truculência da base governista na Câmara nesta terça - e olhem que
estamos falando de parlamentares que estão submetidos ao decoro - é a evidência
de sua falta de limites. Aliás, suas franjas nas ruas, como MST e MTST, o
demonstram à farta, não é mesmo?
Sim, senhores! Definida a votação secreta - e os fanáticos queriam que
fosse voto aberto porque, assim, os parlamentares poderiam ser pressionados
pelo Palácio -, governistas tentaram impedir seus colegas de chegar às urnas.
Jorge Solla (PT-BA) foi um deles. Atenção! Os companheiros adeririam ao
ludismo explícito: duas urnas foram quebradas - tiveram suas respectivas telas
arrancadas -, e duas outras foram desligadas. Quem acompanhou a cena diz que
Afonso Florence (PT-BA) foi um dos responsáveis pelo estrago.
O dado quase cômico é que, enquanto, o pau comia, José Guimarães
(PT-CE), líder do governo na Câmara, proclamava aos brados a sua saudade dos
tempos de Ulysses Guimarães, como se a arruaça não fosse protagonizada por sua
turma.
Mas o espetáculo de truculência circense serve para esconder uma outra,
mais grave. Renan Calheiros (PMDM-AL), presidente do Senado, aquele que gritava
aos quatro cantos que o partido se apequenou quando Michel Temer assumiu a
coordenação política do governo - afinal, ele estava "de mal" de
Dilma -, bradava nesta terça que o recesso tem de ser suspenso porque, disse
ele, os congressistas não "podem cruzar os braços nessa hora".
Vale dizer: o objetivo é votar tudo a toque de caixa, bem distante dos
olhos da população. Mas também essa convocação não vai ser fácil. Estabelece o
Artigo 57 da Constituição:
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
I – pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado
de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação
de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do
Vice-Presidente- Presidente da República;
II – pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas
as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as
hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das
Casas do Congresso Nacional.
7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente
deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do
§ 8º deste artigo,
8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação
extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na
pauta da convocação.
Renan pensa em dar uma ajuda para o governo com uma manobra descarada:
deixar de votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o que impediria o Congresso
de entrar em recesso.
Em suma: quando eles não estão quebrando urnas, estão tentando quebrar
as regras. Tudo isso para garantir o mandato de Dilma Rousseff nas condições em
que vemos.
Essa gente não está se dando conta do tamanho da crise e está fazendo um
esforço enorme para que as coisas não terminem bem.
Estão confundindo a realidade com a versão vendida por seus pistoleiros
na subimprensa. Digamos que Dilma consiga os 171 (ou 172) votos de que precisa
para permanecer no cargo. Isso não é ponto de chegada, mas de partida.
E depois? Vão quebrar o quê? As pernas do povo?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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