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terça-feira, 3 de março de 2015

A última boiada que por aqui passou

Por Jorge Magalhães

Primeiro eles tentaram questionar a legitimidade do projeto do BRT afirmando que a população não teria sido consultada, nem a  ideia posta em discussão  pelos vários segmentos que, supostamente,  seriam os representantes diretos, os interlocutores devidamente abalizados para dar o veredicto  final sobre a matéria, obedecendo a critérios técnicos e funcionais lastreados ao sabor de certo viés ideologizado por meia dúzia de oportunistas de plantão.
Como de praxe, na quadra de horror em que vivemos, uma audiência pública foi convocada para servir de palanque a um punhado de interesses políticos inexpressivos e mesquinhos, numa tentativa de estabelecer a velha disputa maniqueísta do bem contra o mau. Sem obter o quórum, os efeitos e a repercussão esperada, os saltimbancos caíram do picadeiro e o circo foi  desarmado.
Depois vieram "as árvores  centenárias" da avenida Getúlio Vargas. Fincando pé na ameaça que a implantação do BRT sacrificaria a existência de alguns espécimes, os ecologistas de ocasião passaram a deitar falações xiitas contra o projeto, sem se darem conta de quais e quantas árvores serão retiradas para que o desenvolvimento urbano tenha passagem, beneficiando, assim, aos milhares de cidadãos que de  fato são os verdadeiros interessados no assunto.
Agora, quando a presidente da República, em visita a Feira de Santana,  concita o Governo Cidade Trabalho a tocar as obras do BRT, um programa do Governo Federal que visa a levar melhoria da mobilidade do transporte público de massa aos  principais centros urbanos do país, os correligionários do atraso  de todos os matizes, inclusive aqueles que se vestem de anarquistas para esconder-se nas trevas do mau-caratismo, clamam a plenos  pulmões pela mobilização dos artistas em defesa do verde.
Ocorre que, das 1.600 árvores catalogadas na avenida Getúlio Vargas, apenas 136 serão retiradas, ou seja, 8,5% do total,  restando 1.464 espécimes, que se somarão a outras 352 árvores que serão plantadas pela Prefeitura.
A turma que se quer do contra sabe perfeitamente que não dá para  fazer omeletes sem quebra de ovos; mas, vamos lá: é do jogo democrático. O que não dá para entender  é como tanta gente boa, tanta mente celebrada nos círculos intelectuais, nos bares e cafés disputados da cidade se permitam sucumbir ao ridículo de lutar contra a inelutável e irrefreável vocação de cidade metrópole que persegue Feira de Santana, por mais que os seus olhos continuem  embotados sob as nuvens de poeira suspensa no ar pela última boiada que por aqui passou.

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