Por Jorge
Magalhães
Primeiro eles tentaram questionar a legitimidade do projeto do BRT
afirmando que a população não teria sido consultada, nem a ideia posta em
discussão pelos vários segmentos que, supostamente, seriam os
representantes diretos, os interlocutores devidamente abalizados para dar o
veredicto final sobre a matéria, obedecendo a critérios técnicos e
funcionais lastreados ao sabor de certo viés ideologizado por meia dúzia de
oportunistas de plantão.
Como de praxe, na quadra de horror em que vivemos, uma audiência
pública foi convocada para servir de palanque a um punhado de interesses
políticos inexpressivos e mesquinhos, numa tentativa de estabelecer a velha
disputa maniqueísta do bem contra o mau. Sem obter o quórum, os efeitos e a
repercussão esperada, os saltimbancos caíram do picadeiro e o circo foi
desarmado.
Depois vieram "as árvores centenárias" da avenida Getúlio Vargas.
Fincando pé na ameaça que a implantação do BRT sacrificaria a existência de
alguns espécimes, os ecologistas de ocasião passaram a deitar falações xiitas
contra o projeto, sem se darem conta de quais e quantas árvores serão retiradas
para que o desenvolvimento urbano tenha passagem, beneficiando, assim, aos
milhares de cidadãos que de fato são os verdadeiros interessados no
assunto.
Agora, quando a presidente da República, em visita a Feira de Santana,
concita o Governo Cidade Trabalho a tocar as obras do BRT, um programa do
Governo Federal que visa a levar melhoria da mobilidade do transporte público
de massa aos principais centros urbanos do país, os correligionários do
atraso de todos os matizes, inclusive aqueles que se vestem de
anarquistas para esconder-se nas trevas do mau-caratismo, clamam a plenos
pulmões pela mobilização dos artistas em defesa do verde.
Ocorre que, das 1.600 árvores catalogadas na avenida Getúlio Vargas,
apenas 136 serão retiradas, ou seja, 8,5% do total, restando 1.464
espécimes, que se somarão a outras 352 árvores que serão plantadas pela
Prefeitura.
A turma que se quer do contra sabe perfeitamente que não dá para
fazer omeletes sem quebra de ovos; mas, vamos lá: é do jogo democrático.
O que não dá para entender é como tanta gente boa, tanta mente celebrada
nos círculos intelectuais, nos bares e cafés disputados da cidade se permitam
sucumbir ao ridículo de lutar contra a inelutável e irrefreável vocação de
cidade metrópole que persegue Feira de Santana, por mais que os seus olhos
continuem embotados sob as nuvens de poeira suspensa no ar pela última
boiada que por aqui passou.
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