Por
Reinaldo Azevedo
O Brasil elegeu um governo que já nasce morto, infelizmente! O PT
não tem mais nada oferecer ao país. Os dados sobre miséria e pobreza coligidos
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base na Pnad, do IBGE,
indicam que, de 2012 para 2013, o número de miseráveis no país cresceu: de
10,081 milhões para 10,452 milhões - um acréscimo de 371.158 pessoas. Os dados
estão no site do Ipea, órgão subordinado à Secretaria de Assuntos Estratégicos
(SAE). O instituto, por orientação da SAE, escondeu esses dados durante a
campanha eleitoral alegando que a lei impedia que fossem divulgados. É mentira.
Foi só uma trapaçazinha eleitoral.
O que é um miserável? É a pessoa que não tem renda para suprir as
suas necessidades calóricas mínimas. O que isso quer dizer? É uma perífrase da
fome. Sim, no país de cartão postal da propaganda eleitoral petista, ainda há
quase 11 milhões de famintos.
Segundo o IPEA, o numero de pessoas pobres teve uma queda no
período: de 30,35 milhões para 28,69 milhões em 2013. O que é um pobre? É
aquele que tem o dobro da renda do miserável. Vale dizer: consegue ao menos
comer. No país das Alices petistas, pois, há praticamente uma Argentina (perto
de 40 milhões), em que quase 29 milhões conseguem ao menos comer - e só -, e
mais de 10 milhões, nem isso. Onde eles estão? Mais da metade, no Nordeste, que
concentra, por isso mesmo, o maior percentual de beneficiários do Bolsa Família
e onde o terrorismo eleitoral petista foi mais eficiente. Como escrevi numa
coluna da Folha, a culpa não é do Nordeste, é da pobreza.
Mas há outro corte igualmente desagradável para o governo Dilma,
que lançou o tal programa "Brasil Sem Miséria". Segundo esse programa, a linha
de corte para definir um miserável, creiam, é R$ 77. Com R$ 78, ela será apenas
um pobre… Pois é. Caso se leve esse número em conta, os miseráveis cresceram de
3,6% para 4% e são agora 8,05 milhões de pessoas - 870.784 pessoas a mais.
É claro que, um dia, ainda vamos nos indignar com uma "elite" (né,
Lula?) que considera que o sujeito se livra da miséria com R$ 78. Mas vá lá.
Volto ao começo. Digo que o país reelegeu um governo já morto porque parece
evidente que os mal chamados "programas de renda" (eu acho que o Bolsa Família
é assistencialismo necessário, não programa de renda) já deram o que tinham de
dar.
É claro que a inflação corroeu parte do ganho dos muito pobres - a
velha inflação, tão tolerada pelo governo. Segundo a candidata Dilma, só é
possível diminuí-la gerando desemprego, lembram-se? Gênio da raça. Mas há uma
questão de fundo: se o país não voltar a crescer a níveis aceitáveis, há pouco
a fazer com os miseráveis, com os muito pobres, a não ser tentar expandir ainda
mais os programas assistencialistas, aumentando o número de cativos. E, ainda
assim, ficarão sujeitos à incompetência gerencial - esta mesma que flertou com
a inflação e que puniu quem menos tem.
Enquanto o país foi beneficiado por um ciclo da economia mundial
que lhe permitiu ancorar o crescimento no consumo - deixando de lado todos os
outros fundamentos da economia -, foi possível crescer um pouco e minorar os
extremos da miséria. Mas falta muito, muito mesmo!, para vencer a pobreza. O
Brasil "de classe média" é uma fantasia estatística. É preciso alargar muito o
conceito para a chegar a essa conclusão.
O país precisa voltar a crescer. E, até onde a vista alcança, o PT
não sabe como fazê-lo sem gerar mais inflação. De maneira realmente desafiadora
para a inteligência, tem conseguido o contrário: crescer perto de zero com
inflação alta. Dilma foi eleita pelos pobres, como quer o petismo? Como se vê,
pior… para os pobres.
A miséria cresceu porque o modelo petista morreu. O segundo
mandato de Dilma é só um cadáver adiado que procria, como escreveu o poeta.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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