Por Percival Puggina
Raras vezes se ouviu
semelhantes confissões. Confessaram em dueto, Lula e Dilma. "Eles não
sabem o que somos capazes de fazer!" proclamou ele, enfático. "Nós
podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição!" admitiu ela, faceira.
E assim foi. Nunca se
viu tanta baixaria. Nunca a verdade foi tão chicoteada pela mentira. Nunca se
disse tanta estupidez, porque a estupidez, de algum modo, renderia votos. Desde
as eleições que sucederam o Plano Cruzado, em 1986, não se praticava no Brasil
um estelionato eleitoral de tais proporções. Todas as providências, todas as
urgentes providências demandadas pela péssima situação econômica e pelas
deficitárias contas públicas agravaram-se por terem sido postergadas para
depois das eleições. Ainda se discutem as urnas e já os preços administrados
pelo governo começam a subir. A realidade nacional não podia chegar ao
conhecimento do povo. Menos ainda na hora de o povo deliberar sobre quem estava
mais capacitado para enfrentar a realidade.
Em todo o país, os
militantes e agentes petistas exploravam a ignorância alheia advertindo que se
Dilma não vencesse a eleição o Bolsa Família deixaria de existir. E isso era
repetido milhões de vezes, com a face lenhosa de quem mantém acirrada inimizade
com os fatos. Aécio Neves já havia apresentado e aprovado na CCJ do Senado
projeto de lei que torna o Bolsa Família programa de Estado. Algo que o PT não
fez, exatamente para não prejudicar sua chantagem política contra os miseráveis
do país.
Numa eleição
acirrada, apenas esse diabo solto já seria suficiente para alterar o resultado
do pleito. Mas houve muito mais! Qualquer prefeita, candidata a reeleição, que
fizesse dez por cento do que foi feito na campanha de Dilma teria seu nome
retirado das urnas por decisão da Justiça Eleitoral. Imagine uma prefeita cujos
garis fossem incumbidos de entregar seus "santinhos" de porta em
porta! Imaginem o que faria a Justiça contra uma prefeita, lá do interior,
cujos CCs se pusessem ao telefone ameaçando os moradores de determinado bairro
de que as obras em execução seriam suspensas se a chefe não fosse reeleita!
Já não falo nas
muitas mentiras e acusações vis que arrastaram para esta campanha o
qualificativo de "a mais suja da história da República". Estas, as
mentiras, revelam o fundo da alma de quem as propaga. Atenho-me, antes, ao que
todos viram, assistiram e souberam. Numa eleição em que a diferença de votos
ficou em dois pontos percentuais, bastaria que um desses abusos e ilegalidades
não fosse cometido para que o resultado final se invertesse. Mas se entende.
Quem olha a situação nacional e o esforço do petismo em impor sua hegemonia
(intenção reiterada na recentíssima Resolução do Diretório Nacional do PT),
sabe que o partido governante não poderia perder as eleições. Este pleito
presidencial de 2014 foi disputado sob condição especialíssima: havia nele um
partido que simplesmente não saberia viver sem tudo que já tem como coisa sua
no patrimônio da União.
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