Por
Reinaldo Azevedo
Lá da Austrália, uma terra de fauna muito peculiar, como sabemos,
Dilma tentou, acreditem, faturar com o escândalo da Petrobras - aquele mesmo
que, segundo Alberto Youssef, era do seu conhecimento. Aquele mesmo para o
qual, segundo Augusto Nardes, ministro do TCU, seu governo fora advertido. Fez
um discurso mais exótico do que um ornitorrinco. O bicho semiaquático é
mamífero, mas bota ovo e tem bico. E ainda esconde uma glândula de veneno.
No discurso ornitorrinco de Dilma, a gente entende que há ao menos
uma coisa boa: o país nunca mais será o mesmo, segundo ela. Haverá, garante,
uma "mudança no Brasil para sempre". Ao destrinchar, ainda que à sua moda, o
que quis dizer, lá veio a conversa mole de que toda a sem-vergonhice decorre do
financiamento privado de campanha. Já tratei do assunto em outro post.
É mesmo, é? Que conversinha perigosa, não? Bancos também doam, não
é? E, nesse caso, eles são regulados diretamente pelo governo federal - pelo
Banco Central. E aí, presidente? Também há relações de troca, ou só os
empreiteiros é que são malvadões? Isso é conversa para enganar trouxas. Mas o
objetivo do meu post aqui é outro.
Vou aqui contestar uma tolice veiculada pela presidente e seus
porta-vozes informais na imprensa. Querem fazer com que a investigação pareça
uma virtude do governo: "Ah, esse, sim, combate a corrupção!" Opa! Calma lá! Em
primeiro lugar, como sempre, há o nó lógico: quer dizer que o governo Dilma
chegará ao auge da moralidade no dia em que se descobrir um escândalo por dia?
Ora, presidente, se país rico é país sem pobreza; país decente é país sem
ladrões em postos de comando. Ou a senhora pretende nos convencer de que é o
excesso de larápios flagrados pela PF que evidencia o triunfo da moral?
Em segundo lugar, o PT está no poder desde 2003, e os ladrões
pintaram e bordaram durante quase 12 anos. No período, a senhora foi a czarina
da área energética - inclusive presidente do Conselho da Petrobras. Se a
senhora insiste que o financiamento de campanha é a origem de todos os males,
devo entender que o dinheiro sujo financiou, inclusive, a sua campanha? Nesse
caso, devo considerar o seu mandato legítimo?
Dilma voltou à ladainha de escândalos do passado que não foram
investigados. Ah, presidente… Quando um tal Pedro Barusco, um simples gerente e
estafeta do petista Renato Duque, ex-diretor de serviços, admite devolver US$
97 milhões ? R$ 252 milhões -, a gente começa a ter uma noção do tamanho do
assalto. Nunca houve nada dessa dimensão no país e é difícil acreditar que
tenha havido no mundo.
E a própria Dilma, tentando se livrar da confusão, confessa: é
tramoia envolvendo partidos - muito especialmente, o seu partido. De fato,
nunca se investigou algo desse tamanho antes porque, afinal, o PT ainda não
havia chegado ao poder para produzir… algo desse tamanho!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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