Por Valdo Cruz
Deu
certo com Dilma Rousseff na primeira vez. Funcionou com Fernando Haddad. Mas
faltou energia para iluminar o poste da vez. O ex-presidente Lula não conseguiu
colocar de pé o projeto de eleger um de seus escolhidos, Alexandre Padilha,
governador de São Paulo, a última fronteira ainda não conquistada pelo PT.
O
modelo bem-sucedido de lançar nomes novos, que levou Lula a eleger uma neófita
presidente e um técnico prefeito de São Paulo, falhou diante da perda de gás do
partido do ex-presidente em seu Estado de origem, São Paulo.
A forte
rejeição do eleitor paulista ao PT fez naufragar o "projeto Padilha" de Lula. O
partido é associado, principalmente em São Paulo, a escândalos, com os
principais quadros presos devido ao mensalão, e a uma política econômica que
gerou inflação alta e baixo crescimento.
Isso
pode não contaminar o humor dos eleitores em outros Estados, mas pesa em São
Paulo, terra do empresariado nacional e dos trabalhadores da indústria, que só
faz demitir nos últimos meses.
Pesou
ainda o início ruim do seu segundo poste, o prefeito Fernando Haddad (SP),
contribuindo ainda mais para o mal-estar do eleitorado paulista contra o PT.
GLEISI
E LINDBERGH
Sentimento
antipetista que não foi exclusividade de São Paulo. Outras duas apostas do
partido também morreram na praia: a ex-ministra Gleisi Hoffmann, que amargou um
terceiro lugar no Paraná, e o senador Lindbergh Farias, quarto colocado no Rio.
A
ironia da campanha deste ano é que um petista no qual a cúpula partidária nunca
apostou muito e por quem não morria de amores sai como o grande vitorioso da
legenda no primeiro turno.
Fernando
Pimentel era visto como "tucano" demais e responsável por rachar seu partido em
Minas. Sua missão era, diziam petistas da cúpula, fazer a presidente Dilma
perder de pouco no Estado para o rival Aécio Neves.
Fechada
as urnas, Pimentel venceu os tucanos no primeiro turno em sua terra natal e
tornou-se o primeiro petista eleito governador de um Estado do "triângulo das
bermudas" (Minas, SP e Rio).
MAIOR
PROEZA
Nacionalmente,
Pimentel fez a maior proeza para a cúpula petista: pôs Dilma na liderança em
Minas, onde a presidente nasceu, mas não é exatamente vista como filha da
terra.
No
início da corrida eleitoral, Aécio derrotava facilmente Dilma em Minas. Os
tucanos diziam que ele colocaria 4 milhões de votos na frente da petista - algo
que as pesquisas indicavam ser possível, gerando tensão no PT.
A
aliados mais próximos o ex-ministro e amigo pessoal de Dilma dizia ser preciso
começar a eleição com cuidado: a rejeição à presidente era altíssima entre os
mineiros. Garantia que subiria nas pesquisas e, aos poucos, faria Dilma reagir
no Estado. Deu certo.
Agora,
quando sua primeira invenção enfrentará no segundo turno um revigorado Aécio, o
poder mágico de Lula - que um dia disse que é "de poste em poste que o Brasil
vai ficar iluminado" - será testado outra vez.
Fonte: "Folha de S. Paulo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário