Por Reinaldo Azevedo
Que homem notável este Gilberto Carvalho, uma figura meio
sinistra, que a própria Dilma Rousseff mantém a contragosto no Palácio do
Planalto. É que ela não tem poder para desafiar Lula e mandar embora o seu
espião. Nesta terça, ele foi ao Senado para tentar convencer os parlamentares
que o Decreto 8.243, aquele, dos conselhos, não passa de um mero
disciplinamento da chamada participação popular, sem maiores implicações.
É mesmo? Se assim é, por que,
então, tratar da questão por meio de um decreto, que não pode ser emendado
pelos parlamentares, em vez de um projeto de lei, que permite que o Congresso
participe do debate? Nesta terça, Carvalho estava mansinho, falava como quem
quer negociar. Há pouco mais de uma semana, afirmou que o governo iria para a "guerra". Sim, ele empregou a palavra "guerra". Há três semanas, anunciou um
segundo decreto, aí para incluir os tais conselhos no Orçamento da União. Ou
por outra: Carvalho decidiu estatizar a participação popular.
O ministro foi ao Senado com a
sua conversinha de cerca-Lourenço, afirmando que o texto não cria nenhum
conselho novo. E daí? Isso é o de menos! Mas estabelece que os órgãos federais
devem passar a operar com eles - logo, a sua criação passa a ser uma diretriz
legal. O texto é de tal sorte autoritário que define o que é sociedade civil - uma definição exótica, para dizer pouco - e institui uma espécie de Justiça
paralela à medida que cria uma certa "mesa de negociação" que seria encarregada
de mediar conflitos que envolvam questões sociais. Invasão de propriedade
privada, por exemplo? Nada de liminar de reintegração de posse! Antes, uma
conversinha em que invasores e invadidos sejam postos em pé de igualdade.
O ministro tentou fazer de
conta que o assunto não tem grande importância e que está sendo magnificado
pelos adversários do PT. Ora, se não tem, por que tanto empenho em aprova-lo,
meu senhor? Permita, então, que o Parlamento brasileiro dê a sua opinião a
respeito, em vez de governar por decreto.
Carvalho quer dar o primeiro
passo da República Bolivariana Brasileira, com o governo federal assaltado por
milícias, disfarçadas de conselhos, que imporão no berro a sua vontade ao
eleito. É uma forma de o PT se eternizar no poder mesmo sem vencer eleições, já
que esses "movimento sociais" que formam os tais "conselhos" são meras
extensões do partido.
Caia na sua conversa quem
quiser. Se e quando chegar a existir o esquema que Carvalho tem em mente, o
Congresso Brasileiro, escolhido por 140 milhões de eleitores (em 2014), perderá
prerrogativas para algumas centenas de "conselheiros", eleitos por ninguém,
controlados pelo PT.
O golpe é escandalosamente
explícito. Vade retro!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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