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domingo, 16 de fevereiro de 2014

"Francisco Bosco: não tem problema ter preconceito contra cristãos pois são maioria"



Por Rodrigo Constantino
É um espanto a "lógica" de nossos colegas esquerdistas. Francisco Bosco, em sua coluna no GLOBO hoje, rebate o filósofo Luiz Felipe Pondé, que questionou em sua coluna da Folha porque era permitido fazer humor ridicularizando cristãos, mas não os ícones politicamente corretos.
A resposta é impressionante: os cristãos podem ser alvos de chacota sem problema pois são maioria em grupos fechados, e os gays, índios e negros devem ser preservados pois são minorias. Acredite se quiser, foi exatamente isso que o rapaz defendeu.
Ele justifica, assim, abertamente, na maior cara de pau, aquilo que dá título ao seu artigo: dois pesos e duas medidas, a marca registrada da esquerda. Para Bosco, pelo visto, cristãos não são vítimas de nada, pois estão em maior quantidade. Será que podemos, então, ridicularizar ao menos os esquerdistas, já que estão claramente em maioria (vide a hegemonia na política)?
Eis o que escreve o moço:
A diferença quantitativa ainda não é, entretanto, a resposta à pergunta de Pondé, mas ajuda a chegar até ela. Minorias são discriminadas e sofrem consequências reais por causa de preconceitos que têm em mentalidades como as dos monoteísmos uma fonte privilegiada de formação. Não estou dizendo que é a única, nem que, empiricamente, todo cristão é preconceituoso (pois há outros fatores em jogo), mas sim que há uma relação estrutural, fulcral, entre a crença em um princípio positivo do mundo (Deus) e os preconceitos contra tudo o que os dogmas ligados a esse princípio condenam. Monoteísmos são mundos fechados. Mundos fechados tendem a odiar tudo aquilo que contraria seus dogmas, pois a diferença coloca em questão esse dogmas. É um problema esclarecido pela psicanálise: o centro do eu, do imaginário de um monoteísta, corre sempre risco de desabar diante da diferença. Ora, a agressividade está diretamente ligada aos abalos no imaginário (que sustenta o eu dos sujeitos).
Ou seja, ele não quer acusar todo cristão de preconceituoso (o que seria um preconceito?), mas logo depois afirma exatamente isso: que todo cristão - na verdade, todo monoteísta - é um provável preconceituoso, pois acredita em dogmas e sistemas fechados.
Será que o escritor não sabe que o socialismo, no qual ele acredita, é uma seita religiosa, ainda que disfarçada sob o manto do cientificismo? Será que não sabe que os socialistas defendem inúmeros dogmas? Será que nunca aprendeu na história que os socialistas foram sempre os mais raivosos e preconceituosos, a começar por Marx, e que sempre que chegaram ao poder destruíram aqueles que pensavam diferente?
Bosco não tem conhecimento de que a agressividade retórica, o discurso de ódio, vem justamente da esquerda "ateísta", que fomenta a luta de classes, que joga empregados contra patrões, mulheres contra homens, gays contra heterossexuais, negros contra brancos? Acho que a temporada na praia lendo Proust fritou os últimos neurônios do defensor do Psol…
Eis a síntese de sua explicação medonha:
A diferença entre fazer piada com minorias e maiorias não está portanto na diferença quantitativa entre seus grupos, mas sim no fato de que as maiorias em questão são estruturas mentais fechadas, que - apenas elas - atentam contra o pleno direito à existência das minorias (que por isso, e não pela dimensão quantitativa do grupo, são chamadas de minorias).
Não posso deixar de pensar em Chesterton, quando disse que era bom tomar cuidado e não ter a cabeça tão aberta a ponto de o cérebro cair dela. Acho que foi o que aconteceu com nosso colega. Cristãos em maioria não querem o "pleno direito à existência das minorias"? Esta é uma acusação e tanto! Não lembro de ver essa maioria pregando o extermínio de gays ou negros, quiçá mulheres. Bosco poderia citar a fonte?
O malabarismo é tão incrível que maioria e minoria deixaram de ter ligação com quantidade. As "minorias" podem ser… pasmem, uma maioria numérica! Sim, a "dimensão quantitativa" não é o mais relevante. Por isso, se somarmos gays, negros, índios e mulheres, o que obviamente dá mais do que a maioria simples, o grupo continua sendo minoria, alvo do preconceito do homem branco cristão malvado. Diz Bosco:
Fazer piadas com minorias reforça o preconceito e o atentado a esses direitos. Fazer piadas com maiorias é uma tentativa de esvaziar esse preconceito, ridicularizando a mentalidade fechada que quer oprimir. Por isso os "dois pesos e duas medidas" que Pondé denuncia são, ao contrário, justos: uma vez que o mundo tem pesos e medidas diferentes, fazer justiça está em adequar-se a essas diferenças, para repará-las.
E eis que temos a piada revolucionária, justa, que ridiculariza esses opressores da maioria cristã! Por que não fico surpreso com um socialista justificando os dois pesos e duas medidas? Eles vivem disso! É um duplo padrão moral o tempo todo. Bandidos do PT viram heróis, invasores de terra viram justiceiros, ditadores viram estadistas, etc. Os fins justificam os meios nefastos. E haja cara de pau:
Não acredito que "a moçadinha que quer salvar o Ártico", "o movimento estudantil" ou "gente que vive falando mal da polícia mas treme de medo e chama a polícia logo que sente sua propriedade privada em risco" moveriam processos contra piadas que os tivessem como objeto. Discursos abertos são por definição abertos a críticas. A que respondem com contracríticas, e não com tentativas de calá-las.
Como é que é? Em que mundo vive este sujeito? Então ele não sabe ainda que os mais autoritários, que querem controlar imprensa, processar todos, impor a uniformidade do politicamente correto, obliterar a linguagem, são justamente os "progressistas de mente aberta"? Falar que socialistas são abertos a críticas foi a maior piada do século. Ainda bem que defendo o direito de piadas para todos, e não apenas para a "maioria" cristã.
Bosco nem percebe sua gritante contradição. Começa o texto falando que as "minorias" não devem ser alvo de piadas pejorativas, pois isso reforçaria o preconceito. E termina alegando que essas "minorias" possuem mente aberta e não moveriam processos, como fez Feliciano, por conta de piadas. Ainda bem que não tentam calar os outros. Imaginem se tentassem…
Em tempo: como Bosco parece não ter senso de humor, não é mesmo? Que coisa triste a postura desses "progressistas". Só conseguem rir se Jesus estiver sendo ridicularizado, mas não esboçam nem um sorriso tímido com uma piada de bichinha. Parecem até o Feliciano com sinal invertido, provando que o socialismo é uma seita fechada repleta de dogmas.
Fonte: "Coluna do Rodrigo Constantino"

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