Por Reinaldo Azevedo
José Genoino renunciou. Deve abrir a fila. Quem vai resistir mais
tempo é João Paulo Cunha (PT-SP). Em primeiro lugar, porque ele é o mais
chegadito a brincar de luta entre Corisco e Antônio das Mortes ("se entrega, Corisco; eu não me entrego, não/ só de
parabelo na mão…"). Em segundo lugar, porque seu processo vai
demorar um pouquinho mais. O máximo que pode acontecer com ele, no entanto, é
se livrar da condenação por lavagem de dinheiro (teve quatro votos de
absolvição), caso a nova composição do STF seja sensível à argumentação
apresentada nos embargos infringentes. Ele recorreu, na verdade, contra as três
condenações. Nas duas outras - por corrupção passiva e peculato -, foi
condenado por nove a dois.
Genoino, o deputado-mártir, só pediu para sair porque constatou
que não teria chances na Câmara, especialmente com voto aberto. Seria cassado,
sim - o que constituiria uma humilhação adicional. Até porque existe um novo
processo contra Natan Donadon, que hoje é deputado do PPP, o Partido do
Presídio da Papuda. Por mais que a Câmara seja um lugar de homens com, como
direi?, uma enorme elasticidade ética, haver um núcleo da Casa vigiado por
carcereiros vai um pouco além do aceitável. É a desmoralização do Poder
Legislativo.
De todo modo, noto que o processo iniciado pela Mesa para decidir
sobre o futuro de Genoino já era ilegal. O mandato dele já foi declarado
cassado pelo STF. Ele renunciou. Mas pensemos por hipótese: e se a coisa segue
e não se conseguem os 257 votos para cassá-lo? A questão iria parar de novo no
STF.
Agora terá sequência a novela da aposentadoria. Fora da Câmara, o
pleito, digamos, econômico tramita com mais facilidade.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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