Por Reinaldo Azevedo
Também eu acompanhei, como toda gente, a breve entrevista
concedida nesta quinta à noite pelo ministro Celso de Mello, decano do STF. Em
suas mãos, está a decisão sobre o futuro da Justiça e do STF. Sua fala está
sendo tomada como uma antecipação de voto, uma vez que dá ênfase ao direito dos
condenados e coisa e tal. Vamos ver. Ele me parece experiente e sóbrio o
bastante para não ser óbvio. Tomei suas palavras como coisa de bom senso.
No seu lugar, tivesse eu meu voto redigido ou não, diria que sim,
justamente para evitar as correntes de pressão, tanto daqueles que, como eu,
defendem que ele rejeite os embargos infringentes como daqueles, bem mais poderosos,
que acham que ele só tem uma coisa a fazer: aceitá-los. No programa desta
quinta da VEJA.com, refiz o prognóstico pessimista que publiquei aqui
anteontem, no começo da sessão: 6 a 5 a favor dos infringentes. Agora, faço um
otimista: 6 a 5 contra o recurso - e, pois, em favor da Justiça.
Tomara que se cumpra! Se Celso de Mello tomar desta vez uma
decisão estupidamente errada, nenhuma de suas qualidades está anulada. Não
passará a ser um mau juiz; não vou retirar os elogios que já lhe fiz - e também
já houve críticas duras (as duas coisas estão em arquivo). É que costumo
elogiar quando concordo e criticar quando discordo. Não parece ser prática
assim tão exótica, não é mesmo?
Reafirmo um ponto de vista: as duas posições podem ser ancoradas
em textos legais - e, por isso, existem os juízes. Só que a vitória de uma
delas concorre para desmoralizar a Justiça e, na prática, demole o julgamento.
Acho que minha, vá lá, queda para o otimismo decorre do fato de que não posso
compreender que alguém como Celso de Mello, dispondo das leis nas mãos e
podendo escolher entre a desmoralização do Supremo e o seu fortalecimento, opte
pelo primeiro caminho.
Até porque esta será a primeira vez, a despeito do que possam
dizer Lewandowski e Barroso, que ele vai se pronunciar sobre o mérito da
questão.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

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