Condenado pelo Supremo Tribunal Federal como
o operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério enviou um fax ao STF solicitando
sua inclusão no programa de proteção a testemunhas. Em troca, estaria disposto
a abrir o jogo e ampliar ainda mais a rede de acusações no processo do
mensalão, talvez até respingando no ex-presidente Lula e o ex-ministro Antonio
Palocci. O pedido foi destinado ao gabinete do ministro Joaquim Barbosa e
encaminhado para análise da Procuradoria Geral.
Valério alegou que se for incluído no
programa poderá dar mais detalhes sobre as acusações. Dias antes de formalizar
o pedido, o empresário havia prestado novo depoimento ao procurador-geral da
República Roberto Gurgel por iniciativa própria. O depoimento é mantido sobre
sigilo, mas, de acordo com investigadores, há menção a Lula, Palocci e a outras
remessas de dinheiro que Valério teria enviado ao exterior, além daquelas
avaliadas pelo STF. Valério também disse ter sido ameaçado de morte e falou
sobre um assunto com o qual não parecia ter ligação, o assassinato do prefeito
de Santo André, Celso Daniel, em 2002.
Visto pelos procuradores como um "jogador",
Marcos Valério já havia tentado outras manobras anteriormente. O empresário já
havia proposto um acordo de "delação premiada" - novas denúncias em troca de
benefícios ou redução de pena - ao ex-procurador-geral da República Antonio
Fernando de Souza (autor da denúncia do mensalão). O procurador recusou o
pedido.
Na avaliação de procuradores, o pedido de
Valério pode ser mais uma forma de o publicitário se livrar da severa pena
imposta pelo STF. A pena ultrapassou 40 anos em regime fechado, mas ainda pode
sofrer alterações no processo de dosimetria. Se a proposta de Valério for
concretizada poderá livrá-lo da prisão, já que testemunhas incluídas no
programa de proteção mudam de nome e passam a viver em local sigiloso.
O Ministério Público avaliará se abre ou não
novo processo para investigar a veracidade dos dados. Roberto Gurgel ainda
avalia se aceita ou não incluir Marcos Valério no programa de proteção a
testemunhas.
Um comentário:
Não sei o que é pior. Marcos Valério solto, com outro nome, não me incomoda muito, mas a perspectiva de ter a petralhada aprontando todas é terrível...solta o Valério.
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