"O Papa do Ludíbrio!"

Por Jorge Magalhães

Se estivéssemos na Idade Média, provavelmente o prefeito Tarcízio Pimenta correria o sério risco de ser condenado pelo arcebispo metropolitano dom Itamar Vian e todo o clero da Igreja Católica, a penitências inquisitoriais inomináveis, por ainda não ter se dignado a informar e falar a verdade à Sua Excelência Reverendíssima, a suspensão das obras das praças Padre Ovídio e Monsenhor Renato Galvão.

O cancelamento do contrato foi oficiado ao prefeito em recente correspondência enviada pela Caixa Econômica Federal, e cujas plantas foram entregues com pompa e circunstância pelo alcaide e a deputada Graça Pimenta ao religioso, no dia primeiro de julho, em missa solene na Catedral Metropolitana, quando dom Itamar anunciou o início dos festejos em louvor à Nossa Senhora Santana.

Correndo açodadamente contra os prazos e limites legais impostos por decreto da Presidência da República para evitar, exatamente, a manipulação da máquina pública em ano eleitoral, Tarcízio Pimenta conseguiu a monumental proeza de, em menos de 48 horas, licitar e iniciar a obra orçada em R$ 1.246,220,06, que teve como vencedora a empresa Metro e Cia Construção Comércio e Representação Ltda.

Ao que parece, a única da praça interessada a concorrer e capacitada a vencer o certame licitatório, a Metro é aquela mesma empresa acusada de superfaturar o valor da construção de duas salas de aula no Colégio Municipal Joselito Amorim, orçadas, à época, em cerca de R$ 350 mil, que lhe rendeu um faturamento considerado estratosférico para os preços praticados pelo mercado, bem como algumas denúncias no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

O que surpreendeu sobremaneira foi o procedimento adotado pela Comissão de Licitação. Em qualquer lugar deste país, quando existe um único concorrente no processo licitatório e o certame, por interesse da administração, precisa ser realizado, é de bom alvitre que o presidente da comissão convide a única empresa presente a baixar o preço ofertado. Estranhamente, por aqui, aconteceu o contrário, segundo informações, o preço teve um acréscimo de 10% do preço orçado pela Prefeitura Municipal.

Ah! Para os incautos não acusarem-me de ter "passado batido", a Metro também é aquela das obras inacabadas da "cobertura virtual" do canal do Riacho do Fato - como o engodo caiu no gosto do populacho e figura em lugar de destaque no exótico e vasto anedotário deste governo de trutas e falácias.

Oriundo de emendas do deputado Colbert Martins Filho (PMDB) ao PAC, as obras inconclusas do "canal da cobertura virtual" serpenteiam os bairros Queimadinha, Baraúnas, Rua Nova e deságua nos Três Riachos.

Técnicos com experiência em licitações, ouvidos pelo blog, foram unânimes em conotar todo o processo engendrado pela Prefeitura para atropelar os prazos, como "incompetência gerencial" e "litigância de má fé", por ter licitado uma obra após o prazo estabelecido em Decreto Presidencial.

Como a fonte do recurso secou, a importante e necessária reforma das praças da Matriz até poderia ser executada com recursos próprios, o que exigiria ao Papa do Ludíbrio muito fôlego para concluir a reforma e entregar as obras como um mimo pessoal seu a dom Itamar Vian e aos católicos, de preferência durante as comemorações do Jubileu de Ouro da Arquidiocese, o que talvez o redimisse diante de Nossa Senhora Santana, do arcebispo e dos milhares de fiéis.

Mas, como assim não parece que será, na dúvida, seria de bom alvitre se o incomparável e inimitável Papa do Ludibrio, ordenasse a empreiteira amiga que providenciasse, com a urgência que o caso exige, a reposição dos bancos e das pedras portuguesas arrancadas a toque de caixa da praça Monsenhor Renato Galvão e lá deixadas ao léu... Como as longarinas esquecidas às margens do "canal da cobertura virtual".

Fonte: "Etc & Tal News"