Carta ao Leitor
O PT não
inventou o primado do cinismo na política. Fazer alianças temporárias por mero
interesse é prática que começou no dia em que o primeiro político descobriu que
se pode enganar o eleitorado em alguns aspectos e por algum tempo. Ou seja, é
coisa antiga.
Mas Lula, o maior líder do PT,
elevou essa burla ao nível da arte, atirando-se nos braços de qualquer desafeto
ou adversário, por pior que o tenha pintado no passado, sempre que vislumbrou
algum ganho imediato. Foi assim nos seus dois mandatos como presidente, quando,
sem o menor pudor, afagou publicamente os piores personagens do Congresso, a
casa que ele, em 1993, dizia abrigar "300 picaretas".
Mas nada se compara como símbolo
da vilanização da política e da disposição de manipular os eleitores à
fotografia que ilustra esta página. Ela foi obtida no dia em que Lula esteve na
casa de Paulo Maluf para celebrar o apoio dele e de seu partido, o PP, ao
pupilo do petista, Fernando Haddad, candidato a prefeito de São Paulo.
Maluf não foi apenas um adversário a mais de
Lula durante toda a sua carreira política. Maluf foi o anátema, o maldito, a
encarnação de todo o mal. Mas ficou puro de repente, por um minuto e meio a
mais para Haddad no horário eleitoral, a mercadoria vendida por Maluf no
acordo. Em troca, o malufismo ganhou uma secretaria a mais no Ministério das
Cidades no governo de Dilma Rousseff. Sim, por um minuto e meio Lula e Dilma
esqueceram-se de que Maluf é um corrupto procurado pela Interpol e listado pelo
Banco Mundial como um dos expoentes internacionais do assalto aos cofres
públicos.
A fotografia acima entrará para a história
por ter eternizado o momento emblemático daquilo em que se transformou a
política no Brasil - um vergonhoso escambo de interesses, alianças sem a mínima
correspondência programática entre as partes, com o posterior e inevitável
loteamento fisiológico de cargos. Tais arranjos propiciam a corrupção
desenfreada e a compra com mensalões da fidelidade de bases alugadas. Escreve o
filósofo Roberto Romano nesta edição: "Longe de conceitos ou doutrinas, os
partidos políticos pechincham e barateiam adesões". Só um choque de ética
pode pôr fim a esses abusos".
Fonte: Revista "Veja"
Um comentário:
Parte do povo eleitor petista que ainda tem vergonha na cara e faz questão de coerência, certamente não entenderá NUNCA essa atitude desesperada de seu petralha maior, aquêle que se julga dono do partido e dono da razão. Tomara tenha perdido muitos admiradores(votos)depois disto, que representa o quanto êle considera seu eleitor uma titica sem cérebro.
Postar um comentário