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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

"Paulada na imprensa"

Por Eliane Cantanhêde, na "Folha de S. Paulo", de 21 de setembro
De Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente com 80% de popularidade: “Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública!”.
Vale tratados de sociologia, história, política, comunicação e psicologia, mas o espaço aqui só é suficiente para reconhecer que ele tem razão, depois da política desenfreada de ocupação da informação e da mídia exercida pelo governo.
O Planalto usa a TV pública ilegalmente na campanha de Dilma, tem blog sem autoria para disseminar o que quer e planta em rádios e jornais do interior peças de propaganda travestidas de noticiário.
Tem mais: o BB, a CEF e a Petrobras fazem campanha subliminar pró-Lula e pró-Dilma na TV, e a imprensa regional está dominada pela publicidade federal. Sem contar o incomensurável espaço que Lula teve na mídia nestes oito anos, falando o que bem entendia, contra ou a favor do que bem queria.
O resultado é que Lula é a opinião pública mesmo. E como não haveria de ser? Não importa a barbaridade que diga, a sua verdade se dissemina como verdade nacional. Os fatos? Danem-se os fatos, o que vale é a versão de Lula.
Não satisfeito, ele e agora Dilma agridem ao vivo o derradeiro bastião democrático de crítica, provocação e cobrança - a imprensa. Lula bufando, de um lado para o outro num palanque em Campinas, e Dilma estrebuchando no Rio, dispensando até a barreira de microfones que vem usando na campanha.
Mais pareciam derrotados, e os marqueteiros devem estar furibundos. Um trabalhão danado para produzir a candidata, e a maquiagem borrou. Dilma como ela é.
Tudo porque foi a imprensa livre que expôs aos brasileiros um centro de corrupção justamente na Casa Civil, onde foi construída a candidata Dilma e fabricado o inexplicável poder de uma tal Erenice.
Pensando bem, Lula e Dilma têm razão: a imprensa incomoda muito, tanto quanto a verdade dói.
Por Thomas Oliveira

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