Editorial do jornal "O Globo", edição desta sexta-feira, 22:
Mais uma inauguração serviu de precário biombo para um mal dissimulado comício da candidata Dilma Rousseff, fora de todos os prazos estabelecidos pela legislação eleitoral.
A entrega de uma barragem em Jenipapo de Minas, no pobre Vale do Jequitinhonha, na terça, foi apenas mais uma da série de viagens aproveitadas pelo presidente Lula, sob o pretexto de visitar ou entregar obras, a fim de pedir votos - de maneira também mal disfarçada - para a ministra-chefe da Casa Civil substituí-lo em 1 de janeiro no Planalto.
O mesmo deplorável desvio de recursos públicos para fins privados acontece quando o governador José Serra, de São Paulo, provável tucano a concorrer com Dilma, usa artifício semelhante. Ou inunda os meios de comunicação de propaganda do seu governo.
O passeio da comitiva presidencial pelo interior de Minas serviu de prévia do que poderá ser a campanha. A julgar pelo discurso de Dilma, os papéis de tucanos e petistas em 2010 serão o inverso daqueles de 2002 e idênticos aos de 2006.
Se, na campanha de 2002, o fantasma do salto no escuro se chamava Lula, agora o PT deverá exercitar ao máximo o discurso de que tudo considerado positivo pela população no governo Lula correrá riscos num eventual retorno do PSDB ao poder.
Convenhamos, avizinha-se uma campanha não apenas enfadonha, mas dessintonizada da agenda estratégica do país. O bate-boca travado em seguida ao comício de terça, a partir de uma nota do PSDB acusando a ministra de usar a “retórica do medo e da mentira” - como em 2006, quando Geraldo Alckmin apareceu em pronunciamentos petistas como o futuro responsável pela privatização do Banco do Brasil e da Petrobras -, deu o tom do que pode estar por vir.
Os tucanos deverão jurar que não extinguirão o Bolsa Família - cujo embrião, por sinal, surgiu na gestão FH - nem o PAC, petistas responderão com as mesmas acusações, e o país perderá oportunidade preciosa para saber como os candidatos pretendem resolver questões graves.
Por exemplo, como, sem desestabilizar a economia, manter programas sociais e, ao mesmo tempo, promover o salto de qualidade de que o ensino básico necessita com urgência; acelerar os investimentos numa infraestrutura acanhada e sem a devida manutenção há tempos, assim como definir o caminho do aumento da eficiência do sistema de saúde, sem precisar ampliar gastos, já elevados.
Mais uma inauguração serviu de precário biombo para um mal dissimulado comício da candidata Dilma Rousseff, fora de todos os prazos estabelecidos pela legislação eleitoral.
A entrega de uma barragem em Jenipapo de Minas, no pobre Vale do Jequitinhonha, na terça, foi apenas mais uma da série de viagens aproveitadas pelo presidente Lula, sob o pretexto de visitar ou entregar obras, a fim de pedir votos - de maneira também mal disfarçada - para a ministra-chefe da Casa Civil substituí-lo em 1 de janeiro no Planalto.
O mesmo deplorável desvio de recursos públicos para fins privados acontece quando o governador José Serra, de São Paulo, provável tucano a concorrer com Dilma, usa artifício semelhante. Ou inunda os meios de comunicação de propaganda do seu governo.
O passeio da comitiva presidencial pelo interior de Minas serviu de prévia do que poderá ser a campanha. A julgar pelo discurso de Dilma, os papéis de tucanos e petistas em 2010 serão o inverso daqueles de 2002 e idênticos aos de 2006.
Se, na campanha de 2002, o fantasma do salto no escuro se chamava Lula, agora o PT deverá exercitar ao máximo o discurso de que tudo considerado positivo pela população no governo Lula correrá riscos num eventual retorno do PSDB ao poder.
Convenhamos, avizinha-se uma campanha não apenas enfadonha, mas dessintonizada da agenda estratégica do país. O bate-boca travado em seguida ao comício de terça, a partir de uma nota do PSDB acusando a ministra de usar a “retórica do medo e da mentira” - como em 2006, quando Geraldo Alckmin apareceu em pronunciamentos petistas como o futuro responsável pela privatização do Banco do Brasil e da Petrobras -, deu o tom do que pode estar por vir.
Os tucanos deverão jurar que não extinguirão o Bolsa Família - cujo embrião, por sinal, surgiu na gestão FH - nem o PAC, petistas responderão com as mesmas acusações, e o país perderá oportunidade preciosa para saber como os candidatos pretendem resolver questões graves.
Por exemplo, como, sem desestabilizar a economia, manter programas sociais e, ao mesmo tempo, promover o salto de qualidade de que o ensino básico necessita com urgência; acelerar os investimentos numa infraestrutura acanhada e sem a devida manutenção há tempos, assim como definir o caminho do aumento da eficiência do sistema de saúde, sem precisar ampliar gastos, já elevados.
Para a nação, é melhor debater esta agenda do que converter a campanha num evento bélico em que a verdade será a primeira vítima.
Um comentário:
Os petistas sabem que Dilma não se sustenta em um grande debate com Serra. Faria papel de idiota que nem Martha Suplicy o fez, no último debate contra Kassab. Um grande administrador, experiente, num debate, ganharia de goleada de Dilma. O problema maior, Dimas, será fazê-la participar de algum debate. Lula não é bôbo e sabe que só nos palanques, sòzinhos, com sua participação, o povo dará algum crédito a ela. Mas de alguma forma, ela terá que responder ao questionamento sério e objetivo feito pela oposição, sem muita conversa fiada, como tem acontecido todo êste tempo.
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