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sexta-feira, 20 de março de 2009

"Marilena Chauí: a velhinha de Taubaté do petismo"


Deu no "Mídia Sem Máscara", de Tibiriçá Ramaglio:

A revista Cult promove uma tentativa de resgatar do esquecimento a famigerada Marilena Chauí, velhinha de Taubaté do petismo. Deu sua capa à douta senhora, da qual faz a santificação no editorial e no perfil biográfico que antecede a entrevista com a figura, a que chama de "uma das personalidades mais admiráveis do país" e a "maior intelectual" brasileira.
Como não poderia deixar de ser, as respostas de Chauí às perguntas dos entrevistadores desmentem escancaradamente a rasgação de seda, apesar de as perguntas serem feitas sob medida, levantando a bola para a filósofa chutar a gol. Vejamos a primeira pergunta:
"Diante desta crise financeira, a senhora acredita que estamos vivendo um momento histórico privilegiado para a reorganização da esquerda, para a reavaliação de seu conteúdo programático, para as novas formas de mobilização popular? Ou a oportunidade será absorvida pelo redemoinho ideológico do liberalismo, agora em versão 'light', de caráter mais keynesiano?".
Como "maior intelectual do país", evidentemente, Chauí não pode errar o tiro e, para isso, a única resposta que ela poderia formular é "Penso que as duas possibilidades estão dadas", ou seja, sim e não. Com apenas um sim ou um não, ela teria 50% de possibilidades de estar certa, mas com um sim e um não simultâneos, naturalmente, suas chances duplicaram. Será que dona Marilena é uma petista com alma de tucano?
Nem vale a pena continuar a esmiuçar essa resposta, basta dizer que às duas perguntas seguintes, ela também responde textual e respectivamente com um "sim e não" e "Novamente, sim e não", o que também é muito significativo. Mas eu prefiro me ater à primorosa declaração de dona Marilena que está na capa da revista: "É preciso dar um basta à tentativa de caracterizar o presidente como um populista".
O que diz Chauí? "O populismo [...] é a política da classe dominante para exercer o controle sobre as classes populares e/ou sobre a classe média tanto por meio de concessão de benefícios pontuais quanto por meio da figura do governante como salvador e protetor. Ora, todos esses traços estão ausentes do governo Lula: o atual presidente da república não pertence à classe dominante, não concede benefícios pontuais e sim assegura a instituição de direitos com os quais se institui uma democracia, consequentemente, a figura do governante não tem a marca da transcendência, necessária à dimensão salvífica e protetora do dirigente não democrático".
Em poucas palavras, o argumento de dona Marilena se resumiria a "ele não é populista por que não é", uma vez que ela não rebate com base nos fatos a definição que deu de populismo, apenas nega que Lula tenha aquelas características. Seus fundamentos não resistem a um confronto com a realidade.
Lula não pertence à classe dominante? Por quê? Por causa de sua origem de retirante e operário, da qual ele já se afastou há cerca de quatro décadas? Parece que Marilena Chauí considera a condição de retirante/operário como um estado de alma, que unge eternamente quem a possuiu um dia, independente das circunstâncias materiais.
Lula não concede benefícios pontuais? Quer dizer que o bolsa-família é uma forma de assegurar a instituição de direitos com os quais se institui uma democracia? Não é puro assistencialismo clientelista cujo resultado é a perpetuação da dependência do cidadão às esmolas do Estado? Nem o frei Betto acredita nisso, conforme se viu em suas recentes declarações sobre o tema.
Lula não tem a marca da transcendência, necessária à dimensão salvífica e protetora do dirigente não democrático? Será que dona Marilena, tão perspicaz, não percebe a carga conotativa que subjaz ao bordão presidencial "nunca antes na história deste país?" Ainda bem que a tentativa de resgate de Marilena Chauí foi feita pela revista Cult, uma revista que dificilmente há de ser resgatada de sua insignificância.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dimas, sinceramente, malhar a Chauí, como intelectual, e a Cult, como mídia, não tem nada a ver. Que vc politicamente não concorde com a senhora, ok, mas negar que Chauí é uma referência intelectual brasileira é demais!! Separe as coisas e analise separadamente.
Populismo é marca dos políticos... É um instrumento de aproximação... ACM não era populista? Pelo amor de Deus, desperte!

Anônimo disse...

Pena eu estar lendo esse comentário desse cara só hoje...e alguém ligado ao PT tem condições de abrir a boca prá falar daquele que foi quem mais fez pela Bahia? mMita palhaçada!