Por Madalena de Jesus
Quando digo que não tenho o dom de escrever artigos e/ou crônicas, os amigos jornalistas não levam a sério. Alguns até pensam, eu bem sei, que é uma estratégia para estimular elogios. Pensamento, aliás, permitido apenas aos que não são verdadeiramente meus amigos. Mas, creiam, é a mais pura verdade. Eu realmente não domino as técnicas para elaborar esse estilo, que deve ter elementos atrativos para o leitor e, ao mesmo tempo, demonstrar um nível de conhecimento pelo menos satisfatório sobre a questão abordada. Talvez devido a esta minha incapacidade eu sinta-me constrangida diante de alguns textos que, confesso, não tenho coragem de inserir em nenhum dos gêneros citados. Em minhas leituras de jornais, revistas, sites e blogs chego a ficar estarrecida diante de verdadeiros crimes contra o que há de mais sério no exercício do jornalismo: o tratamento da informação. Fala-se tanto em abuso de poder e o que vemos/lemos diariamente mostra que há um excessivo uso da palavra escrita, esta maravilhosa conquista da humanidade. Beira o abuso.
Imaturidade? Revolta? Falta do que fazer? Sinceramente não sei como definir a atitude de profissionais de comunicação que arrotam intolerância e pedantismo em forma de palavras. Algumas muito bem escolhidas. Bonitas até, mas que não dizem absolutamente nada. Vale ressaltar que este despretensioso comentário não é direcionado a uma pessoa específica e sim a todas aquelas que, de uma hora para outra, encontraram a oportunidade de escrever para um grande público leitor e não se dão conta da responsabilidade desta tarefa.
Não quero, de forma alguma, dizer como se deve - ou não - fazer jornalismo. Longe de mim atitude tão autoritária. Mas em três décadas de atuação na área, juro que nunca vi tanto texto mal escrito, tanta crítica infundada, tanta coisa sem pé nem cabeça ocupando os espaços da mídia. Enfim, nunca tanta gente escreveu tanta bobagem por estas plagas. E, no caso específico dos blogs, podem ser inseridos na lista de autores textuais mal informados e raivosos os leitores que, escondendo-se atrás de pseudônimos ridículos fazem comentários idem.
Tanta arrogância literária faz lembrar o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Motivos não lhe faltaram para subir ao mais alto degrau do convencimento. Mas, ao contrário, procurou manter sempre a humildade típica dos que muito sabem. Lá pelos idos de 1872, ao apresentar o primeiro romance da carreira (Ressurreição) ao público e à crítica, Machado de Assis já ensinava: “Cada dia que passa me faz conhecer melhor o agro destas tarefas literárias - nobres e consoladoras, é certo -, mas difíceis quando as perfaz a consciência”.
Machado diz ainda que no extremo verdor dos anos presumimos muito de nós e que cabe ao tempo diminuir tamanha confiança e deixar apenas o que é indispensável ao homem, que é a capacidade de reflexão. Ele inclui no tempo a condição do estudo, “sem o qual o espírito fica em perpétua infância”. Ou seja, o tempo é um bom mestre, mas a cada um de nós cabe uma parte a ser feita na construção do próprio conhecimento. E foi nos ensinamentos do jornalista que tornou-se um cânone da literatura universal que encontrei esta valiosa advertência, que vale para todos, mas tem um significado especial para os iniciantes:
Aplausos, quando os não fundamenta o mérito, afagam certamente o espírito, e dão algum verniz de celebridade, mas quem tem vontade de aprender e quer fazer alguma coisa prefere a lição que melhora ao ruído que lisonjeia.
Bom, diante de tamanha sabedoria, dizer mais o que?
* Madalena de Jesus é jornalista e professora graduada em Letras com Francês
Este artigo foi escrito originalmente para a coluna "Ponto de Vista no "Blog do Jair Onofre"
Quando digo que não tenho o dom de escrever artigos e/ou crônicas, os amigos jornalistas não levam a sério. Alguns até pensam, eu bem sei, que é uma estratégia para estimular elogios. Pensamento, aliás, permitido apenas aos que não são verdadeiramente meus amigos. Mas, creiam, é a mais pura verdade. Eu realmente não domino as técnicas para elaborar esse estilo, que deve ter elementos atrativos para o leitor e, ao mesmo tempo, demonstrar um nível de conhecimento pelo menos satisfatório sobre a questão abordada. Talvez devido a esta minha incapacidade eu sinta-me constrangida diante de alguns textos que, confesso, não tenho coragem de inserir em nenhum dos gêneros citados. Em minhas leituras de jornais, revistas, sites e blogs chego a ficar estarrecida diante de verdadeiros crimes contra o que há de mais sério no exercício do jornalismo: o tratamento da informação. Fala-se tanto em abuso de poder e o que vemos/lemos diariamente mostra que há um excessivo uso da palavra escrita, esta maravilhosa conquista da humanidade. Beira o abuso.
Imaturidade? Revolta? Falta do que fazer? Sinceramente não sei como definir a atitude de profissionais de comunicação que arrotam intolerância e pedantismo em forma de palavras. Algumas muito bem escolhidas. Bonitas até, mas que não dizem absolutamente nada. Vale ressaltar que este despretensioso comentário não é direcionado a uma pessoa específica e sim a todas aquelas que, de uma hora para outra, encontraram a oportunidade de escrever para um grande público leitor e não se dão conta da responsabilidade desta tarefa.
Não quero, de forma alguma, dizer como se deve - ou não - fazer jornalismo. Longe de mim atitude tão autoritária. Mas em três décadas de atuação na área, juro que nunca vi tanto texto mal escrito, tanta crítica infundada, tanta coisa sem pé nem cabeça ocupando os espaços da mídia. Enfim, nunca tanta gente escreveu tanta bobagem por estas plagas. E, no caso específico dos blogs, podem ser inseridos na lista de autores textuais mal informados e raivosos os leitores que, escondendo-se atrás de pseudônimos ridículos fazem comentários idem.
Tanta arrogância literária faz lembrar o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Motivos não lhe faltaram para subir ao mais alto degrau do convencimento. Mas, ao contrário, procurou manter sempre a humildade típica dos que muito sabem. Lá pelos idos de 1872, ao apresentar o primeiro romance da carreira (Ressurreição) ao público e à crítica, Machado de Assis já ensinava: “Cada dia que passa me faz conhecer melhor o agro destas tarefas literárias - nobres e consoladoras, é certo -, mas difíceis quando as perfaz a consciência”.
Machado diz ainda que no extremo verdor dos anos presumimos muito de nós e que cabe ao tempo diminuir tamanha confiança e deixar apenas o que é indispensável ao homem, que é a capacidade de reflexão. Ele inclui no tempo a condição do estudo, “sem o qual o espírito fica em perpétua infância”. Ou seja, o tempo é um bom mestre, mas a cada um de nós cabe uma parte a ser feita na construção do próprio conhecimento. E foi nos ensinamentos do jornalista que tornou-se um cânone da literatura universal que encontrei esta valiosa advertência, que vale para todos, mas tem um significado especial para os iniciantes:
Aplausos, quando os não fundamenta o mérito, afagam certamente o espírito, e dão algum verniz de celebridade, mas quem tem vontade de aprender e quer fazer alguma coisa prefere a lição que melhora ao ruído que lisonjeia.
Bom, diante de tamanha sabedoria, dizer mais o que?
* Madalena de Jesus é jornalista e professora graduada em Letras com Francês
Este artigo foi escrito originalmente para a coluna "Ponto de Vista no "Blog do Jair Onofre"
5 comentários:
Parabéns Madalena pela qualidade do texto, nos leva a reflexão sobre a dimensão do jornalismo que é praticado hoje na internet, os limites entre a ética, o respeito e a informação prestada com responsabilidade, a importância do jornalista ter uma postura decente perante a sociedade e os colegas de profissão, sem esquecer dos valores de família que são seguidos por abnegados formadores de opinião como Dimas Oliveira.
Madalena de Jesus está certa em dizer o que disse. Nunca se viu tanto texto mal escrito, os "jornalistas" precisam ir para o Mobral, de tão analfabetos que são, à imagem de Lula, acham que não precisam saber escrever para se comunicarem. As críticas que fazem são de fato infundadas, mas ocupam espaços. Madalena vai direto no ponto: nunca se viu tanta gente escrevendo tanta bobagem e babaquice, principalmente nos blogs e nos comentários não moderados, onde autores raivosos, hidrófobos, mesmo, se escondendo atrás de apelidos "ridículos fazem comentários idem".
Assino embaixo, Madalena!
A contribuição que Madalena de Jesus dá ao Blog do Jair Onofre e, por extensão da transcrição do Blog Demais, é importante para a imprensa feirense. Tem muita gente que está caindo de paraquedas no mercado e partindo para ofensas grauitas aos profissionais já estabelecidos e respeitados. Nem ao menos sabem escrever.
Tenho que assinar embaixo dos três comentários feitos.
Se Feira depender dos novos "jornalistas" que estão aparecendo, um bando de despreparados com pessoas que não sabem escrever, coitada da cidade. De celeito vai virar chacota nacional. Mas essa turma que tenta aparecer agredindo que está no mercado não vai conseguir nada na vida, só o desprezo.
Postar um comentário