A palestra "Rio São Francisco: Fonte de Vida", de dom frei Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra, Bahia, na quinta sessão ordinária da XVI Conferência do Distrito 4390 de Rotary International, na manhã deste sábado, 3, com a platéia do Teatro do Centro de Cultura Amélio Amorim completamente lotada - além de rotarianos, políticos, religiosos, ambientalistas, estudantes (do Colégio Santo Antônio e do Colégio Ecassa) e populares -, confirmou ser a mais polêmica do evento rotário.
Como se sabe, o religioso é frontalmente contra a obra do Governo Federal de transposição das águas do rio São Francisco, e não aliviou o presidente Lula e o ministro da Integração Geddel Vieira Lima de duras críticas.
Dom Cappio repetiu várias vezes que não acredita que a obra chegue ao seu final. Falou que ela está, "encalacrada com problemas de toda ordem", tem "um monte de irregularidades" e "14 pendências jurídicas".
Salientou que é "uma obra inconstitucional que está sendo levada por um governo autoritário que administra a partir de medidas provisórias e impõe à sociedade o que é de interesse dele (do governo)".
Disse mais que existe um "total desconhecimento das autoridades sobre o projeto". Ele exemplificou que no Senado e na Câmara dos Deputados "nenhum parlamentar conhece realmente sobre a transposição", afirmando que tomam posição pelo partidarismo e pela emoção. Dom Luiz Cappio citou que o ministro Geddel Vieira Lima "toda vida era contra e de repente passou a apoiar, porque assumiu o Ministério (da Integração)".
Ele criticou a mídia brasileira que se deixou pressionar pelo governo, "uma coisa tão maquiavélica foi o bloqueio pensado e planejado, com a proibição de divulgar fatos contra a obra". Segundo dom Cappio afirmou, precisou a pressão da mídia internacional para a mudança de postura.
"Pecado ético", pelo povo ter que assumir o custo econômico da obra, "o pobre colocando a mesa para os ricos", disse o palestrante, refletindo que "histórica injustiça se repete". Também considerou "falta de responsabilidade" do governo investir numa obra que "não vai ser finalizada".
No debate estabelecido, ele respondeu a várias questões formuladas pelos rotarianos e a todo momento, falando uma palavra mais forte, dom Luiz Cappio era interrompido pelos aplausos da platéia. Petistas presentes é que não gostaram muito das críticas ao presidente Lula.
Antes e depois de sua participação na Conferência do Rotary, dom Luiz Cappio concedeu uma série de entrevistas a jornalistas e radialistas, além de alunos do curso de Comunicação Social da Unef. Também foi alvo do clique de fotógrafos, pois todos queriam uma foto ao seu lado. No foyer do Centro de Cultura foi montada uma exposição sobre ele e sobre a água, organizada pela Sala Verde Águas do Subaé.
Mais cedo, no programa "Bom Dia, Feira", na Rádio Princesa FM, dom Itamar Vian, arcebispo metropolitano, em entrevista a Dilson Barbosa disse ter "convicção profunda que a obra (de transposição das águas) não será concluída. Ela vai parar", concordando com a postura do bispo de Barra.
No evento, o livro "Uma Vida Pela Vida", sobre o jejum de dom Luiz Cappio em defesa do rio São Francisco e de defesa do seu povo, organizado por dom Itamar Vian, foi lançado e exemplares foram ofertados pelo governador do Distrito 4390 de Rotary International Orlando Braga, aos integrantes da mesa.
Um comentário:
O jornalista conseguiu captar a essência da palestra de dom frei Luiz Cappio: críticas durasao presidente Lula e aos que defendem uma obra que não será finalizada, pois sem sentido.
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