Por Évila Ferreira de Oliveira
No livro Em espelhos partidos de Conceição Carvalho, narrativa leve e fluida, o leitor encontrará a realidade dos mineiros da Mina do Morro, em Jacobina, enquanto se entregam à labuta pela busca do metal, em condições inadequadas. A exploração nas minas provocou migrações e encontros com Jacobina com Joanesburgo, capital da África do Sul; Jacobina com Bremen, na Alemanha; Jacobina com o Cairo, no Egito. Igualmente inesperado é o encontro com o Clube de Campo Cajueiro, nos idos de 1980, o luxuoso ponto de encontro cultural de Feira de Santana, que, neste livro, é o locus da diversidade e da reunião. A Princesa do Sertão, por isso, protagoniza como traço de união entre cidades e continentes, insinuando-se, com a sua modernidade e o seu glamour artístico e cultural. Como espelho caleidoscópico, Feira de Santana é o palco onde desfilam personagens de Espelhos Partidos que narram seus tentáculos em cidades e continentes outros, entrelaçando culturas e dramas pessoais. A escritora, que continuará surpreendendo, ainda presenteia o leitor com a arte, trazendo para o espaço da sua prosa artistas plásticos, a exemplo de Juraci Dórea e Gil Mário Menezes. O primeiro, no episódio da exposição em Jacobina, quando brinda a comunidade local, celebrando a sua arte no próprio ambiente que a inspirou; e, o segundo, quando a sua arte abstrata contracena com as Três peças para piano, Op 11, de Arnold Schoenberg, no Museu de Arte Contemporânea.
Évila Ferreira de Oliveira é professora doutora em Literatura e Cultura


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