"Centro comercial não é apenas um espaço de inovação: é também um símbolo da tradição e da cultura local"
Um filme sobre o maior centro de compras de Feira de Santana: "Feiraguay". Professor de cinema na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Francisco Gabriel Rêgo é o diretor, pesquisador, com Geovana Paim, e produtor executivo do filme, com 67 minutos, que será lançado em breve.
Com experiência na realização e produção de curtas e longas-metragens, "Feiraguay" é o seu primeiro filme em longa-metragem como diretor. Francisco Gabriel Rêgo é integrante e fundador do Coletivo Urgente de Audiovisual (Cual), grupo que há mais de 15 anos atua na Bahia realizando filmes e promovendo ações formativas no campo do audiovisual. "O documentário nasce desses encontros, do desejo coletivo de imaginar e fazer cinema no lugar em que vivemos", conta.
O jornalista Dimas Oliveira entrevistou o professor e cineasta sobre "Feiraguay". Leia a seguir:
O que o levou a fazer um filme sobre o Feiraguay?
Voltei a morar em Feira de Santana depois de uma longa jornada por outras cidades da Bahia, por conta da minha atuação como professor. Esse retorno me fez repensar questões fundamentais sobre a cidade, em especial o que torna Feira um espaço tão singular. A gente passa a vida querendo sair de Feira, e quando sai, percebe que ela nunca saiu da gente. O Feiraguay carrega muito dessa experiência. É uma expressão viva das características que moldaram a cidade ao longo do tempo. Em meio à pressa cotidiana, às vezes não percebemos que são justamente os comerciantes do Feiraguay que simbolizam essa vocação comercial que define a história de Feira. O centro comercial não é apenas um espaço de inovação: é também um símbolo da tradição e da cultura local. Durante a pesquisa e- e que não há cidade sem o Feiraguay, nem Feiraguay sem a cidade. É uma continuidade daquilo que historicamente fez de Feira um espaço de trocas, encontros, caminhos e sonhos.
Como será mostrado o centro de compras?
O filme retrata o Feiraguay por meio de suas pessoas. Através dos relatos e das vivências de comerciantes, trabalhadores e frequentadores, buscamos mostrar que o Feiraguay é muito mais do que comércio. É também cultura, memória e identidade. Se há um traço que define a contemporaneidade da cultura feirense, ele passa por ali. O documentário tenta, por esse caminho, compreender a história de Feira de Santana - seu passado, seu presente e os futuros que imaginamos.
Em que se baseia o filme?
O filme parte de uma abordagem próxima ao que chamamos no cinema de documentário direto, tentando adentrar o espaço de forma íntima, com a câmera como alguém que presencia, observa e participa da experiência singular de estar no Feiraguay: vendo, ouvindo, conversando. Uma referência fundamental foi o cineasta Olney São Paulo, em especial o filme "Como Nasce uma Cidade" (1973), cujas imagens também utilizamos no documentário. Esse diálogo com a história do cinema baiano foi essencial para pensar o que é hoje filmar Feira.
Qual o objetivo do documentário?
O objetivo é revelar a importância do Feiraguay para a compreensão mais profunda de Feira de Santana, mostrando como esse espaço transforma a cidade ao longo do tempo e se alinha a uma tradição cultural que nos constitui como coletivo. O Feiraguay é herdeiro direto da antiga feira livre do centro da cidade. Ainda que separados por diferentes momentos históricos, há uma continuidade entre essas formas de ocupação do espaço urbano, de comércio e de convivência. O documentário procura destacar essas conexões entre o Feiraguay, a cidade e sua história em constante transformação.
Pronto, como se dará a circulação do filme?
Finalizamos o filme recentemente e vamos inscrevê-lo em festivais de cinema no Brasil e no exterior. Também organizamos uma exibição pública de lançamento prevista para o dia 28 de agosto, no Teatro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), em Feira de Santana. A sessão contará com a presença da associação que administra o Feiraguay, além de convidados e representantes da sociedade local. Desde já, fica o convite aberto a todos para assistir ao filme e participar do debate.
Ficha técnica
"Feiraguay"
Gênero: Documentário
Duração: 67 minutos
Ano: 2025
Produção: Pau Ferro Produções e Coletivo Urgente de Audiovisual
Direção: Francisco Gabriel Rêgo
Assistência de Direção: Yves São Paulo
Pesquisa: Francisco Gabriel Rêgo, Geovana Paim
Produção: Ramon Coutinho, Luisa Maciel
Produção Executiva: Francisco Gabriel Rêgo
Direção de Fotografia: Danilo Umbelino
2ª Câmera: Ramon Coutinho
Som Direto e Pós-Produção de Som: Marcus Curvelo
Montagem: Ramon Coutinho e Marcus Curvelo
Pós-Produção: Marcus Curvelo




Nenhum comentário:
Postar um comentário