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quarta-feira, 14 de junho de 2023

Curtas de Zé Umberto Dias em destaque no Cineclube Glauber Rocha


Do recôncavo ao sertão, o programa de curtas-metragens de José Umberto que o Cineclube Glauber Rocha reúne no domingo, 18, à 10h30, propõe mais do que um deslocamento à Bahia mais profunda. É imersão ao interior da terra e do homem, no seu imaginário, costumes, cultura e resistência diante das intempéries da natureza e do poder.
A sessão, que vai contar com a presença do cineasta para apresentar e debater os filmes, traz desde um exemplar da sua produção em Super 8, caso de "Urubu" (realizado em parceria com Robinson Roberto) até o seu último curta-metragem em 35mm, lançado em 2002, o libertário "Lua Violada", uma alegoria sobre "a perda da inocência e o despertar da consciência", conforme sintetiza o artista nascido em Sergipe, mas radicado em Salvador a partir da segunda metade do século passado.
Dois documentários completam o programa: "Sertão", de 1979, um gesto antropológico através da iconografia e resiliência sertaneja - ou "a riqueza da miséria", para evocar a definição, em forma de haicai, de José Umberto - e "A Musa do Cangaço" (1981). O segundo é focado em Dadá, mulher de Corisco. Na obra, ela fala de sua vivência entre os cangaceiros de Lampião, destacando sua forma de organização enquanto grupo, seus hábitos e comportamentos, além da luta pela sobrevivência, os códigos de honra, as táticas de guerrilha e os amores.
Os quatro curtas, dos quais dois serão exibidos no formato original (a película em 35mm), contemplam temas e reflexões poéticas recorrentes em toda a filmografia de José Umberto, do arquétipo do anti-herói (o urubu, ave maldita e marginal) à mitologia criada em torno dos cangaceiros como síntese possível da brasilidade revolucionária, ora adormecida, mas sempre latente.
Frequentador assíduo do Clube de Cinema da Bahia, organizado pelo lendário crítico Walter da Silveira no Cine Guarany ( hoje rebatizado Cine Metha Glauber Rocha), a participação de José Umberto na atividade atual de formação de público é revestida de simbolismo: pelos filmes que realizou - e podem ser vistos como desdobramentos daquelas sessões (in)formativas que acompanhou na juventude - como pela oportunidade de promover a redescoberta de suas obras, sobretudo para as novas gerações, no mesmo espaço e com dinâmica semelhante (o rito cineclubista) daquele impulso inaugural de mais de 50 anos atrás. A promessa do eterno retorno e de novos ciclos que se abrem.
Texto: Adolfo Gomes

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