Para
dizer a verdade, amigas e amigos do blog, nem sei se o Brasil mereceu vencer a
Croácia.
Por 3 a 1, não
mereceu, mesmo. Contagem larga demais, injusta para com o adversário.
Claro que o gol
croata foi um acidente, embora um avanço estabanado de Daniel Alves tenha
deixado descoberto o flanco por onde se construiria a jogada que acabaria com a
primeira bola no fundo das redes da Copa 2014, desviada pelo pé de Marcelo.
Mas talvez - talvez - o goleirão croata Pletikoza pudesse ter defendido o chute mascado de Neymar que
decretou o empate. E, é claro, o pênalti cavado por Fred foi escandalosamente
inexistente.
O principal, dizem
todos os integrantes da Seleção, é que vencemos. Para mim, porém, o principal
foi a oportunidade de Felipão verificar que nem tudo o que se treina, mesmo
incontáveis vezes, acaba se reproduzindo no terreno de jogo. E correr para
corrigir o que não funcionou, pois o time jogou muito abaixo do que se esperava.
Vimos um Brasil
errando muitos passes, esticando sucessivamente bolas difíceis para o domínio
do ataque, as chamadas bolas "rifadas", sem conseguir abafar a saída de bola do
bom time croata - defesa forte, meio-campo habilidoso, onde se destaca o craque
Modric, do Real Madrid, boa capacidade de contra-ataque - e com pouca ousadia
para a jogada individual desequilibradora.
Quando aconteceu,
como no primeiro gol de Neymar ou, sobretudo, no gol de bico do excelente
Oscar, as coisas mudaram para muito melhor.
Peças importantes do
time de Felipão não estiveram bem.
Paulinho, jogador
cada vez mais respeitado internacionalmente, poucas vezes foi o fator surpresa
que vem de trás para se apresentar, com perigo, na área.
Marcelo, estabanado e
evidentemente abalado pelo gol contra, não se encontrou - marcou mal, errou
passes, deu chutões.
Na outra lateral,
Daniel Alves fez uma de suas piores partidas pela Seleção.
Luiz Gustavo, uma
parede difícil de ultrapassar, bom no desarme e na entrega da bola, não repetiu
suas boas atuações.
Fred, sempre valente
e brigador, sumiu do jogo, e sua grande proeza foi conseguir um pênalti que não
honra as cores da Seleção. Hulk lutou muito, mas pareceu ter esquecido o que
treinou e, como assinalou o leitor Carlos Nascimento, deixou de ser atacante
para tornar-se marcador.
Em compensação, senti
firmeza nas poucas intervenções do contestado Júlio César. David Luiz
justificou plenamente a fortuna que o Paris Saint Germain gastou para tirá-lo
do Chelsea. Neymar foi corajoso e disputou uma excelente partida. E Oscar,
depois de um começo apagado, cresceu e se tornou uma ameaça constante para os
croatas.
Muito além dos
acertos individuais, porém, Felipão vai precisar fazer o time voltar a ter um
padrão de jogo - idealmente, caminhar firme para aquele tipo de atuação
inesquecível da vitória contra a Espanha, na final da Copa das Confederações,
no ano passado.
Não tenham dúvida:
esta Copa não será moleza, de forma alguma.
Fonte: Coluna do Ricardo Setti - "Veja On-Line"
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