Por
Augusto Nunes
Nenhum instrumento de limpeza é tão gentil
com monturos quanto a vassoura de Dilma Rousseff. É o que informam as anotações
na folha corrida da faxineira de araque, resumidas no post republicado na seção Vale Reprise. A ministra
de Lula conviveu sem quaisquer vestígios de desconforto com o lixo acumulado
pelo chefe supremo desde o dia da posse. Promovida a chefe da Casa Civil em
2005, fez o que pôde para piorar que já era insuportável.
Com o dossiê forjado contra Fernando Henrique
e Ruth Cardoso, Dilma produziu mais lixo. Com a conversa em que tentou induzir
Lina Vieira a indultar a Famiglia Sarney, escondeu lixo. E ampliou
extraordinariamente a imensidão de lixo ao transformar em sucessora a melhor
amiga Erenice Guerra. Apesar das evidências de que a faxineira do Planalto não
sabe viver sem lixo por perto, comunicou à nação no discurso de posse, sem
ficar ruborizada, que combateria "permanentemente" a corrupção.
Jamais combateu o que rebatizou de
"malfeitos", berram os episódios que resultaram no afastamento de oito ministros
metidos em maracutaias de bom tamanho. Nem pretende combater, grita o silêncio
da presidente sobre o escândalo da hora. A mudez malandra confirma que a chefe
de governo resolveu reprisar o filme exibido há dois anos em situações
semelhantes.
No enredo cafajeste, vilões nunca são
localizados pelos serviços de inteligência ou órgãos de controle do governo. Só
entram em cena depois de tropeçarem em investigações da Polícia Federal ou
denúncias divulgadas pela imprensa. Confrontada com provas contundentes, ainda
assim Dilma tenta manter no emprego os meliantes.
Por enquanto, só teve êxito com Fernando
Pimentel. Para não perder a companhia do amigo instalado no Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Dilma afastou os integrantes do Conselho
de Ética da Presidência que acreditaram que estavam lá para agir eticamente, e
insistiram em enquadrar o afilhado fora-da-lei.
Os outros continuariam longe da planície se a
faxineira que odeia vassoura conseguisse resistir às verdades noticiadas pela
imprensa e à indignação da opinião pública. Perderam o emprego na última cena,
mas escaparam do final infeliz. Até hoje, nenhum gatuno foi demitido nem teve
de devolver o produto do roubo. Todos foram 'exonerados a pedido' e poupados do
embarque na traseira do camburão. e investigações posteriores. Gastam em
liberdade o dinheiro que tungaram.
Foi assim com o bando de ministros corruptos.
E assim será - sobretudo se a oposição oficial não voltar das férias e se o
país que presta capitular - com os quadrilheiros que transformaram em covil o
escritório da Presidência em São Paulo, reduziram agências reguladoras a
fábricas de pareceres criminosos, colecionaram negociatas bilionárias e
reiteraram que a máquina administrativa federal está infestada de assaltantes
de cofres públicos.
A mudez da presidente avisa que, para Dilma,
o caso está encerrado. Se o Brasil não perdeu a vergonha de vez, vai descobrir
que está apenas começando. E será obrigada a comentar publicamente o show
obsceno protagonizado por gente que conhece muito bem. "A Dilma tem mais
intimidade com a minha equipe do que eu", repetiu Lula ao longo da campanha
eleitoral de 2010. "Ela vive se reunindo com pessoas que eu só vejo de vez em
quando".
Lula via Rosemary Noronha com muito mais
frequência que a sucessora. Mas Dilma não tem o direito de fazer de conta que
mal sabe quem é a mulher com quem conviveu durante as viagens ao exterior - e
manteve na chefia do gabinete em São Paulo a pedido do padrinho. A extinção do
cargo atesta que a presidente o julgava sem serventia. Estava ciente de que
Rose subira na vida agarrada a Lula. Deveria saber que sua chefe de gabinete em
São Paulo usava o posto de primeira amante para lucrar nas catacumbas do poder.
Se disser que não desconfiava de nada, Dilma
confirmará que o Brasil é governado por um poste. Se admitir que sabia, estará
confessando que foi cúmplice por omissão da vigarista que nomeou e agora faz de
conta que mal conheceu.
Fonte:
"Direto ao Ponto"
Um comentário:
O que mais incomoda, é ser obrigada a ouvir alguns petistas ilustres dizerem que foi ela que mandou a PF investigar aqui e ali e fazer uma "limpeza" no governo. Que antes não se era contra os "malfeitos". E por acaso, antes da oposição e da imprensa gritarem por investigação, ela fez qualquer faxina?
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