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terça-feira, 28 de agosto de 2012

"O povo está aprendendo"

Por Hugo Navarro

A campanha política municipal ingressa, agora, na sua fase decisiva, com a abertura do horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio, em que os candidatos poderão jogar as suas últimas e definitivas cartas, embora haja a crença geral de que poucos serão os eleitores capazes de se deixar influenciar pelas mensagens de última hora veiculadas na telinha, por intermédio das ondas hertzianas e carros de som, algumas enfadonhas e perturbadoras da tranquilidade pública.
Eleições locais, pelo menos neste rincão das terras brasileiras, por certo são as mais autênticas, no sentido de revelar a vontade do povo, agora, principalmente porque desapareceu a influência dos antigos grandes chefes, que comandavam, mais ou menos de longe, todo o processo eleitoral, e vigorava o sistema do voto de cabresto e do curral eleitoral.
É evidente que os relacionamentos humanos não se transformaram a ponto de causar tamanha mudança. Sempre haverá, na política, a influência derivada das relações que decorrem de atividades comuns, de crenças religiosas e aquelas nascidas, poucas, é verdade, da ideologia política, da fidelidade partidária, da homenagem à memoria de antigos e desaparecidos chefes e de velhas, falecidas ou já descoloridas esperanças.
Ninguém vai negar, na escolha do povo, a influência da vizinhança, parentesco, das afinidades eletivas, da camaradagem, da simpatia, que leva o ser humano à admiração de outro, do relacionamento nascido, sob qualquer motivo, até da irmandade do botequim, mas tem razão, sobretudo, quem aponta o fator econômico como o grande gerador dos interessas humanos, agindo direta ou remotamente sobre a vontade popular, mal escondido no hedonismo, no desejo de progresso e das conquistas sociais, que, no final das contas, podem dar origem a vantagens de ordem financeira, transitórias ou permanentes, em último caso decorrentes do incremento dos negócios ou da economia resultante de uma rua sem buracos, que tem o condão de livrar, dos borracheiros, o bolso do povo.
O tempo da compra e venda de votos, que se manifestava sob vários aspectos, até o da renúncia, com a entrega do título eleitoral à facção adversária mediante módico pagamento, desapareceu, entre nós, como ficou, apenas na lembrança de alguns, a época em que partidários faziam razoáveis estoques de sapatos, calças e paletós para conquistar eleitores preocupados com a indumentária do dia da eleição, e dos escritórios montados para ensinar eleitores relapsos a desenhar o nome, quando analfabetos não podiam fazer parte das listas eleitorais. Hoje há mais liberdade e mais analfabetismo vitorioso.
A coisa toda começou a esquentar quando foram divulgadas duas pesquisas de opinião públicaque dão, a José Ronaldo de Carvalho, candidato a prefeito, com enorme folga, a possibilidade de vitória no primeiro turno, resultados já conhecidos de sondagens anteriores não oficialmente divulgadas.
Das pesquisas dois fatos ficaram evidentes. O primeiro é o de que ninguém mais pode impor a própria candidatura a prefeito deste Município, ainda que baseado em sucessos eleitorais recentes. A Prefeitura está muito próxima do povo, que é atingido, direta e cotidianamente, pelas ações do governo municipal. A segunda é a de que as mensagens de efeito, largamente usadas em eleições anteriores, como a da necessidade de mudanças e a da afinidade política com os poderosos do país e do Estado perderam o sentido, ficaram pífias. A conversa fiada de muitos e o julgamento do mensalão, que deixa claro que falta alguém em Nuremberg, ajudam a derrubar mitos e a desfazer falsas santidades. O povo está aprendendo.
Publicado na "Folha do Norte", edição de sábado, 25

3 comentários:

De olho, disse...

DIMAS. DEI UMA OLHADA NO GABARITO DO CONCURSO FAJUTO DA PREFEITURA E TODOS OS GABARITOS DE TODOS OS CARGOS SÃO IGUAIS, ISTO É, AS ORDENS DAS LETRAS DAS RESPOSTAS SÃO IGUAIS, ISSO PARECE MARMELADA. SERÁ QUE EXISTE ALGUÉM QUE AINDA DUVIDA DA FRAUDE NESSE CONCURSO?

Cidadão Feirense indignado, disse...

Esse concurso sendo liberado perto das eleições parece maracutaia. É uma justiça desfazendo da outra. Quem viu no mensalão um juiz condenando e o outro inocentando, fica sem entender, como funciona essa justiça.

Anônimo disse...

ESSE É UM PAÍS DAS CONTRADIÇÕES. PARECE QUE AQUI NADA É REALMENTE SÉRIO.