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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Os caminhos da metrópole de Feira de Santana

Por Antonio Carlos Borges Júnior

Surgida no século XVIII, num entroncamento de antigos caminhos que ligavam o sertão baiano à capital da província, Feira de Santana constitui-se, nos dias atuais, na mais importante cidade do interior baiano ( e 34º cidade mais populosa do Brasil), com uma população superior a 500 mil habitantes, assumindo significativa importância econômica, como um dos maiores pólo comercial do pais.
Apartes dos anos 70, berço do primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal do Nordeste, vários pilares vieram se somar aos esforços de crescimento sócio-econômico do município: a produção industrial, os serviços e área do conhecimento. A partir daí, a cidade começa a experimentar a dinâmica do processo industrial, articulado e planejado, com a instalação do Centro Industrial do Subaé (CIS), criando desta forma, as condições de atrair unidades produtoras de médio e de grande porte, puderam fazer repercutir um crescimento extraordinário nas receitas municipais, bem como nos índices de ocupação e renda da região; ao torna-se um atraente pólo produtivo, Feira pôde ver instalar-se em sua área industrial, empresas como Pneus Tropical, Química Geral do Nordeste, Metalomecânica, Peterco, Locarpe etc. Já no setor de agro-negócio vale registrar, na década de 70, o surgimento da Cooperfeira e da CCLB, que, ordenando o setor primário, pôde contribuir para a criação de uma nova e moderna mentalidade associativa e empresarial .
Ainda, nos anos 70, Feira de Santana experimentaria um enorme transformação em seus costumes, na sua cultura e na própria fisionomia, com a mudança da feira livre da área central para o Centro de Abastecimento, exigindo uma nova engenharia de tráfego, uma outra filosofia de abordagem empresarial em direção ao mercado consumidor, bem como ações criativas e inovadoras que evitassem o esvaziamento da área central da cidade do ponto de vista comercial e de negócios.
Com a mudança da feira livre, começou a despontar o segmento de serviços, fortalecido pela instalação de instituições financeiras, empresas de transporte de carga, escritórios de profissionais liberais e distribuidoras de produtos de alimentos, farmacêuticos, autopeças, utilidades e armarinhos e outros.
Por último, o terceiro eixo da década de 70, o da área do conhecimento, com a implantação da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que foi de vital importância para o desenvolvimento integrado e sustentável de toda a região, pois permitiu, através da pesquisa e gestão do conhecimento, influir nas questões econômicas, políticas e culturais do município.
A década de 80 serviu para consolidar os esforços no processo de desenvolvimento vivido pelo município, entendendo que a infra-estrutura econômica de Feira de Santana, com apoio do Governo Federal, Governo do Estado e Governo Municipal, traduzido pela duplicação da BR-324, abertura de novas artérias urbanas (Av. João Durval Carneiro, Av. José Falcão, Av. Olímpio Vital), e com a ampliação da Uefs, instalação do Hospital da Mulher e Hospital Geral Clériston Andrade, e o canal de macrodrenagem. O que permitiu uma maior estruturação empresarial nos mais diferentes segmentos, fortalecendo mais o poder de atração do município como centro regional de negócios, principalmente como canal distribuidor, com diversas distribuidoras atuando em todo o nordeste, a exemplo das empresas Drogafarma, Disbal, Febape, Nossa Papelaria, Guri Bomboniére, Mercantil Alimentos, Pererê Peças  e outra centenas de pequenas e médias empresas distribuidoras etc...
A década de 90, tida como á década da incerteza, principalmente pelos efeitos dos aspectos climáticos, onde uma avassaladora seca, a de 1993, que, praticamente, dizimou parcela do rebanho da região, cocomitantemente o fechamento do Banco Econômico, impactou a cadeia produtiva e a economia da região. Nesse período diversos planos econômicos impactaram o cenário econômico (Plano Bresser, Plano Cruzado, Plano Verão, Plano Collor) promovidos pelo Governo Federal. Com isso, Feira pôde assistir a ascensão e o desmoronamento de inúmeros empreendimentos econômicos, que, nesse movimento pendular, a economia municipal atravessou momentos de sobressaltos, mas o empreendedorismo prevaleceu, através da criação de novos vetores de crescimento, que encontraram respaldo e inspiração nas pequenas empresas instaladas em bairros economicamente ativos (a exemplo Cidade Nova, Tomba, Sobradinho, Feira X, Caseb etc...). Juntando-se a isso a instalação e incremento de novos centros comerciais e shoppings (Shopping Jomafa, Shopping das Fábricas, Feira Shopping, Arnold Silva Plaza, Luciana Center, Carmac, Pedro Falcão Center e por último a instalação do Shopping Iguatemi) que trouxeram, no seu bojo, uma grande quantidade de pequenas empresas comerciais e de serviços, geradoras de emprego e renda.
Nessa mesma década, a cidade assistiu a explosão da construção civil com a verticalização das suas construções, mudando por completo a sua paisagem.
Empreendimentos privados na área da saúde e educação se somaram aos esforços de consolidação de Feira de Santana como um centro referencial de serviços de saúde em toda a região; inclusive com o fortalecimento do setor de comunicação com inserção da TV Subaé e sua ampliação de raio de abrangência e novas rádios FM E AM, fator considerável no posicionamento de pólo regional.
Nessa vertente o setor de vestuário, constituiu-se, no mais importante pólo produtor do Estado da Bahia, com cerca de 400 empresas de confecções instaladas nos mais diferentes pontos da cidade, abrindo milhares de postos de trabalho no município.
Na década de 2000, início do novo milênio, outras ações foram desenvolvidas e projetaram Feira de Santana, para assumir seu papel de metrópole, com influência vigorosa em mais de 40 cidades do seu entorno, com potencial de agregação de comércio e de serviços em todas as áreas econômicas e sociais. Nesse contexto, iniciou um movimento articulado de posicionamento do empresariado, e em especial, nas instituições públicas e privadas, destacando a vocação de Feira de Santana como maior pólo de logística da Bahia e um dos mais bem posicionados do Brasil, atuando em todas as áreas de serviços, de comunicação e tecnologia, de indústria, de comércio, de agronegócios e de transportes.
Considerando o esforço do Poder Público Municipal de prover a cidade de infra estrutura para base de seu desenvolvimento com a implantação do Sistema Integrado de Transportes, com construção de três terminais, sistema pioneiro no interior do Nordeste, interagindo com as melhorias das estruturas viárias, e com a construção de cinco viadutos, dinamizando e expandindo a acessibilidade a bairros (Av. Fraga Maia, rua Heráclito de Carvalho, Rua El Salvador e outras) que se tornaram estratégicos para o crescimento do setor da construção civil, e incorporando novos condomínios, impactando positivamente o setor imobiliário da cidade e diversos serviços correlatos, e com aumento significativo da mão de obra especializada, e importante frizar a alavancagem do Tesouro municipal, fator de ampliação de ações de infraestrutura do município
As melhorias na economia informal, com inclusão dos ambulantes na cadeia de geração de ocupação e renda do município com incremento de ações no Feiraguai, Centro de Abastecimento, em melhorias sanitárias e de estrutura nas feiras livres e mercados, apresentaram soluções imediatas, mas que atualmente necessitam de um olhar mais criterioso do uso do solo e suas projeções.
Outro avanço importantíssimo para influência regional, foi na área de educação superior com advento de novas faculdades particulares (FAT, FAN, Unef, Eneb, FTC e curso EAD de inúmeras entidades), destacamos também a os cursos profissionalizantes, através de instituições como Ceteb, Senai, Senac e outros da iniciativa privada que introduziram milhares de jovens a novos postos de trabalho.
No segmento econômico, a instalação de empreendimentos de grande porte no setor industrial, tais como Perdigão (Avipal), BelgoMittal, Rigesa, Vipal Borrachas, Nestlé, Pepsico, e a ampliação da Pirelli; e dos empreendimentos comerciais com investimentos em lojas como Atacadão, Comercial Ramos, Tend de Tudo, lojas Riachuelo, C&A e Americanas e a expansão do GBarbosa etc..., e diversos empreendimentos comerciais e de serviços instalados na modalidade de franquias , inclusive com expansão do Boulevard Shopping. Esse desenvolvimento reafirmou a liderança regional e de resultados positivos para prospecção do pólo de logística.
No segmento de saúde , a construção do Hospital da Criança e a introdução dos serviços de saúde de alta complexidade, e melhoramento do atendimento via rede municipal de saúde, são catalisadores de inúmeros serviços públicos e privados, geradores de qualidade no setor da saúde.
Após décadas e décadas de crescimento, atualmente se faz necessário criar as condições pragmáticas e objetivas que permitam estabelecer novos pilares de desenvolvimento do município e da região.
Com a recém criada Região Metropolitana, é imperativo que nesta década seja trabalhado com afinco e primor um Plano Diretor de Desenvolvimento para a Região Metropolitana, composta por São Gonçalo, Conceição de Feira, Tanquinho, Conceição do Jacuípe, Amélia Rodrigues e Feira de Santana. Cada município terá de viabilizar o seu Plano Diretor de Desenvolvimento independentemente. Nesse cenário é importante que o Governo do Estado comprometa-se em efetivar o Plano Diretor de Desenvolvimento, econômico e social, sustentavél e integrado de toda a Região Metropolitana de Feira de Santana, com os indicadores dos planos municipais como base vital para a visão macro da região, inserindo-o entre aqueles que possam ostentar índices de crescimento social e econômico capazes de referenciar a Região Metropolitana de Feira de Santana no conceito das demais metropóles brasileiras, aproveitando-se das potencialidades regionais, interagindo aos diferentes órgãos e instituições que atuam, priorizando ações, estudando a possibilidade de instalação de núcleos industriais, não poluentes, em cidades vocacionadas para as mais diferentes atividades, inserindo a zona rural na cadeia produtiva, analisando-se as potencialidades de cada área para criação de agro-pólos, inclusive com estudos de alternativas econômicas para Pedra do Cavalo, sem falar na inserção de Feira como uma metropóle capaz de oferecer extraordinária contribuição ao segmento da logística para a Bahia e aos elos produtivos.
A essas questões de cunho sócio-econômicos devemos juntar as nossas preocupações com a humanização das cidades , seus aspectos sanitários, a preservação do meio ambiente, segurança e lazer, que devem constituir em preocupação maior daqueles que vivem em Feira de Santana e na Região Metropolina.
Sejamos todos positivos na construção de uma Região Metropolitana sustentável e segura ,a final temos a obrigação e o de dever deixar as cidades melhores do que a encontramos, com uma região planejada, ou vamos com a nossa omissão contribuir para uma baixada baiana? Isto é uma questão de pensar a Feira que queremos, a metrópole que teremos?
* Antonio Carlos Borges Junior, ex-vice-prefeito é conselheiro do PensarFeira

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