Por Antonio Carlos Borges Júnior
Surgida no século XVIII, num entroncamento de antigos
caminhos que ligavam o sertão baiano à capital da província, Feira de Santana
constitui-se, nos dias atuais, na mais importante cidade do interior baiano (
e 34º cidade mais populosa do Brasil), com uma população superior a 500 mil
habitantes, assumindo significativa importância econômica, como um dos maiores
pólo comercial do pais.
Apartes dos anos 70, berço do primeiro Plano Diretor
de Desenvolvimento Municipal do Nordeste, vários pilares vieram se somar aos
esforços de crescimento sócio-econômico do município: a produção industrial, os
serviços e área do conhecimento. A partir daí, a cidade começa a experimentar a
dinâmica do processo industrial, articulado e planejado, com a instalação do
Centro Industrial do Subaé (CIS), criando desta forma, as condições de atrair
unidades produtoras de médio e de grande porte, puderam fazer repercutir um
crescimento extraordinário nas receitas municipais, bem como nos índices de
ocupação e renda da região; ao torna-se um atraente pólo produtivo, Feira pôde
ver instalar-se em sua área industrial, empresas como Pneus Tropical, Química Geral do Nordeste,
Metalomecânica, Peterco, Locarpe etc. Já no setor de agro-negócio vale
registrar, na década de 70, o surgimento da Cooperfeira e da CCLB, que, ordenando
o setor primário, pôde contribuir para a criação de uma nova e moderna
mentalidade associativa e empresarial .
Ainda, nos anos 70, Feira de Santana experimentaria um
enorme transformação em seus costumes, na sua cultura e na própria fisionomia,
com a mudança da feira livre da área central para o Centro de Abastecimento,
exigindo uma nova engenharia de tráfego, uma outra filosofia de abordagem
empresarial em direção ao mercado consumidor, bem como ações criativas e
inovadoras que evitassem o esvaziamento da área central da cidade do ponto de
vista comercial e de negócios.
Com a mudança da feira livre, começou a despontar o
segmento de serviços, fortalecido pela instalação de instituições financeiras,
empresas de transporte de carga, escritórios de profissionais liberais e
distribuidoras de produtos de alimentos, farmacêuticos, autopeças, utilidades
e armarinhos e outros.
Por último, o terceiro eixo da década de 70, o da área do
conhecimento, com a implantação da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que foi de vital importância para o desenvolvimento integrado e sustentável
de toda a região, pois permitiu, através da pesquisa e gestão do conhecimento,
influir nas questões econômicas, políticas e culturais do município.
A década de 80 serviu para consolidar os esforços no
processo de desenvolvimento vivido pelo município, entendendo que a
infra-estrutura econômica de Feira de Santana, com apoio do Governo Federal,
Governo do Estado e Governo Municipal, traduzido pela duplicação da BR-324, abertura de novas
artérias urbanas (Av. João Durval Carneiro, Av. José Falcão, Av. Olímpio Vital),
e com a ampliação da Uefs, instalação do Hospital da Mulher e Hospital
Geral Clériston Andrade, e o canal de macrodrenagem. O que permitiu uma maior
estruturação empresarial nos mais diferentes segmentos, fortalecendo mais o
poder de atração do município como centro regional de negócios, principalmente
como canal distribuidor, com diversas distribuidoras atuando em todo o
nordeste, a exemplo das empresas Drogafarma, Disbal, Febape, Nossa Papelaria, Guri
Bomboniére, Mercantil Alimentos, Pererê Peças e outra centenas
de pequenas e médias empresas distribuidoras etc...
A década de 90, tida como á década da incerteza,
principalmente pelos efeitos dos aspectos climáticos, onde uma avassaladora
seca, a de 1993, que, praticamente, dizimou parcela do rebanho da região,
cocomitantemente o fechamento do Banco Econômico, impactou a cadeia produtiva e a
economia da região. Nesse período diversos planos econômicos impactaram o
cenário econômico (Plano Bresser, Plano Cruzado, Plano Verão, Plano Collor)
promovidos pelo Governo Federal. Com isso, Feira pôde assistir a ascensão e o
desmoronamento de inúmeros empreendimentos econômicos, que, nesse movimento
pendular, a economia municipal atravessou momentos de sobressaltos, mas o
empreendedorismo prevaleceu, através da criação de novos vetores de
crescimento, que encontraram respaldo e inspiração nas pequenas empresas
instaladas em bairros economicamente ativos (a exemplo Cidade Nova,
Tomba, Sobradinho, Feira X, Caseb etc...). Juntando-se a isso a instalação e
incremento de novos centros comerciais e shoppings (Shopping Jomafa, Shopping
das Fábricas, Feira Shopping, Arnold Silva Plaza, Luciana Center, Carmac, Pedro
Falcão Center e por último a instalação do Shopping Iguatemi) que trouxeram, no
seu bojo, uma grande quantidade de pequenas empresas comerciais e de serviços,
geradoras de emprego e renda.
Nessa mesma década, a cidade
assistiu a explosão da construção civil com a verticalização das suas
construções, mudando por completo a sua paisagem.
Empreendimentos privados na
área da saúde e educação se somaram aos esforços de consolidação de Feira de
Santana como um centro referencial de serviços de saúde em toda a região;
inclusive com o fortalecimento do setor de comunicação com inserção da TV Subaé
e sua ampliação de raio de abrangência e novas rádios FM E AM, fator
considerável no posicionamento de pólo regional.
Nessa vertente o setor de vestuário, constituiu-se, no
mais importante pólo produtor do Estado da Bahia, com cerca de 400 empresas de
confecções instaladas nos mais diferentes pontos da cidade, abrindo milhares de
postos de trabalho no município.
Na década de 2000, início do novo milênio, outras
ações foram desenvolvidas e projetaram Feira de Santana, para assumir seu papel
de metrópole, com influência vigorosa em mais de 40 cidades do seu entorno, com
potencial de agregação de comércio e de serviços em todas as áreas econômicas e
sociais. Nesse contexto, iniciou um movimento articulado de posicionamento do
empresariado, e em especial, nas instituições públicas e privadas, destacando
a vocação de Feira de Santana como maior pólo de logística da Bahia
e um dos mais bem posicionados do Brasil, atuando em todas as áreas de
serviços, de comunicação e tecnologia, de indústria, de comércio, de
agronegócios e de transportes.
Considerando o esforço do Poder Público Municipal de
prover a cidade de infra estrutura para base de seu desenvolvimento com a
implantação do Sistema Integrado de Transportes, com construção de três
terminais, sistema pioneiro no interior do Nordeste, interagindo com as
melhorias das estruturas viárias, e com a construção de cinco viadutos,
dinamizando e expandindo a acessibilidade a bairros (Av. Fraga Maia, rua Heráclito
de Carvalho, Rua El Salvador e outras) que se tornaram estratégicos para o
crescimento do setor da construção civil, e incorporando novos condomínios,
impactando positivamente o setor imobiliário da cidade e diversos serviços
correlatos, e com aumento significativo da mão de obra especializada, e
importante frizar a alavancagem do Tesouro municipal, fator de ampliação de
ações de infraestrutura do município
As melhorias na economia informal, com inclusão dos
ambulantes na cadeia de geração de ocupação e renda do município com incremento
de ações no Feiraguai, Centro de Abastecimento, em melhorias sanitárias e de
estrutura nas feiras livres e mercados, apresentaram soluções imediatas, mas
que atualmente necessitam de um olhar mais criterioso do uso do solo e suas
projeções.
Outro avanço importantíssimo para influência regional,
foi na área de educação superior com advento de novas faculdades particulares (FAT, FAN, Unef, Eneb, FTC e curso EAD de inúmeras entidades), destacamos
também a os cursos profissionalizantes, através de instituições como Ceteb,
Senai, Senac e outros da iniciativa privada que introduziram milhares de
jovens a novos postos de trabalho.
No segmento econômico, a instalação de empreendimentos
de grande porte no setor industrial, tais como Perdigão (Avipal), BelgoMittal,
Rigesa, Vipal Borrachas, Nestlé, Pepsico, e a ampliação da Pirelli; e dos
empreendimentos comerciais com investimentos em lojas como Atacadão, Comercial
Ramos, Tend de Tudo, lojas Riachuelo, C&A e Americanas e a
expansão do GBarbosa etc..., e diversos empreendimentos comerciais e de
serviços instalados na modalidade de franquias , inclusive com expansão do
Boulevard Shopping. Esse desenvolvimento reafirmou a liderança regional e de resultados
positivos para prospecção do pólo de logística.
No segmento de saúde , a construção do Hospital da
Criança e a introdução dos serviços de saúde de alta complexidade, e
melhoramento do atendimento via rede municipal de saúde, são catalisadores de
inúmeros serviços públicos e privados, geradores de qualidade no setor da
saúde.
Após décadas e décadas de crescimento, atualmente se
faz necessário criar as condições pragmáticas e objetivas que permitam
estabelecer novos pilares de desenvolvimento do município e da região.
Com a recém criada Região Metropolitana, é imperativo
que nesta década seja trabalhado com afinco e primor um Plano Diretor de
Desenvolvimento para a Região Metropolitana, composta por São Gonçalo,
Conceição de Feira, Tanquinho, Conceição do Jacuípe, Amélia Rodrigues e Feira
de Santana. Cada município terá de viabilizar o seu Plano Diretor de Desenvolvimento independentemente. Nesse cenário é importante que o Governo do
Estado comprometa-se em efetivar o Plano Diretor de Desenvolvimento, econômico e social, sustentavél e integrado de toda a Região Metropolitana de
Feira de Santana, com os indicadores dos planos municipais como base vital para
a visão macro da região, inserindo-o entre aqueles que possam ostentar índices de
crescimento social e econômico capazes de referenciar a Região Metropolitana de
Feira de Santana no conceito das demais metropóles brasileiras, aproveitando-se
das potencialidades regionais, interagindo aos diferentes órgãos e instituições
que atuam, priorizando ações, estudando a possibilidade de instalação de
núcleos industriais, não poluentes, em cidades vocacionadas para as mais
diferentes atividades, inserindo a zona rural na cadeia produtiva,
analisando-se as potencialidades de cada área para criação de agro-pólos,
inclusive com estudos de alternativas econômicas para Pedra do Cavalo, sem
falar na inserção de Feira como uma metropóle capaz de oferecer extraordinária
contribuição ao segmento da logística para a Bahia e aos elos produtivos.
A essas questões de cunho sócio-econômicos devemos
juntar as nossas preocupações com a humanização das cidades , seus aspectos
sanitários, a preservação do meio ambiente, segurança e lazer, que devem
constituir em preocupação maior daqueles que vivem em Feira de Santana e na
Região Metropolina.
Sejamos todos positivos na construção de uma Região
Metropolitana sustentável e segura ,a final temos a obrigação e o de dever
deixar as cidades melhores do que a encontramos, com uma região planejada, ou
vamos com a nossa omissão contribuir para uma baixada baiana? Isto é uma
questão de pensar a Feira que queremos, a metrópole que teremos?
* Antonio
Carlos Borges Junior, ex-vice-prefeito é conselheiro do PensarFeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário