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terça-feira, 7 de junho de 2011

"Morre outra vez o ministro que não deveria ter renascido"

Por Reinaldo Azevedo
Não deu para Antonio Palocci. A sua situação era indefensável. Ele começou a cair de verdade quando o PT lhe negou apoio. Sem violar o Regimento da Câmara, o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), não conseguiria cancelar a convocação aprovada pela Comissão de Agricultura. Agora ex-ministro, as coisas mudam de figura. Este bloguinho afirmou na manhã de hoje que a decisão do procurador-geral da República, que arquivou os pedidos de investigação contra o ministro, tenderia a piorar a sua situação; seria contraproducente, ainda que tenha sido uma operação casada. Criava-se uma espécie de monstro inimputável na República. A oposição estava prestes a conseguir as 27 assinaturas para aprovar o requerimento de uma CPI. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) vai substituí-lo.
O poderosíssimo chefe da Casa Civil cai por seus próprios méritos. Não foi a oposição que jogou uma casca de banana no seu caminho. O mais provável é que tenha sido alvejado por descontentes do próprio PT. Mas que se note: não foi por um boato, por algo que lhe é apenas atribuído. Ele pode ser hoje o homem mais fiscalmente correto da República, como quer o procurador-geral. Mas como explicar o seu patrimônio? Não tem explicação.
A queda demonstra que uma reserva de escrúpulo ainda há no país. Os petistas podem muito, sim, mas não podem tudo. Nem a aura de Grande Reserva da Racionalidade que protegia Palocci e que o fez renascer nas cinzas (da política; financeiramente, ele preparava a sua independência e a dos descendentes…) foi suficiente para segurá-lo desta vez. Luiz Inácio Apedeuta da Silva ainda ensaiou comandar a resistência, tentando impor a Dilma o que nem ele próprio conseguiu. Foi inútil.
O PT, como deixou claro a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que vai substituí-lo, sabe até justificar o mensalão, mas não tem como explicar o enriquecimento pessoal na proporção em que Palocci enriqueceu. O país não sabia de sua consultoria - e, como se nota, os petistas também não! Fazer lambança para construir o partido, tudo bem! Para o benefício puramente privado? Ah, isso ofende a honra dos patriotas.
Morre uma segunda vez o político que não deveria ter renascido. Já escrevi aqui tantas vezes e repeti ontem no programa Roda Viva: de todos os crimes cometidos pelo petismo, aquele em que se meteu Palocci no passado - a quebra do sigilo do caseiro Francenildo - foi o mais grave. Tratou-se de uma agressão à Constituição. Mesmo assim, o processo político brasileiro, bastante doente, soube "perdoá-lo". Ele continuou a ser o queridinho do empresariado, do mercado financeiro, de Lula e até das oposições…
É claro que se trata de um desgaste para o governo Dilma, mas muito pior seria, no médio prazo, a permanência de Palocci. Ela minava a autoridade da presidente. A esperança, agora, é que esse caso morra e que o governo passe a tratar de outros assuntos. Vamos ver.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

3 comentários:

Mariana disse...

Chato mesmo, foi escutar as declarações de vários parlamentares do PT, inclusive de Vacarezza, que "Palocci esclareceu tudo e que o procurador Gurgel assinou embaixo, sôbre a inocência do ministro". Ora, se êle não tivesse mêdo que descobrissem algo inexplicável, não pediria demissão e já teria ído ao congresso se explicar,MESMO, desde o início.

SERGIO OLIVEIRA disse...

Envio textos para um blog aqui do RS; tem um petezinho que vive respondendo minhas críticas ao PT; ele diz que há um consórcio Veja/Folha/Globo que é contra o PT; hoje pela manhã, ao entrar no tal blog, estava lá ele dizendo que estava com pena de mim, pois o Palocci tinha sido "absolvido", digamos assim, pelo procurador; e que o editor da Folha, jornal de fez a denúncia, tinha que cometer o haraquiri, pois quem ri por ´pultimo ri melhor. Ele deve ter escrito antes de saber do "pedido de demissão" (aqui ó!)do Palocci; na verdade o editor da folha pé quem riu por último, e melhor.
Eu também, ao responder para ele, que disse estar com pena de mim.

SERGIO OLIVEIRA disse...

Disse o tal petista que o consórcio que mencionei no comentário anterior
estaria, digamos, triste pela eleição do Humala e com a visita do Chaves. Esqueceu do Correa do Equador e Evo, da Bolívia.
Aí, noutro comentário para o blog, citei a lei que foi aprovada pela turma do Evo na Bolívia, pela qual todos os carros contrabandeados serão legalizados, com o pagamento de uma taxa ao governo.
Quantos carros contrabandeados, roubados, por certo, são do Brasil?