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28/11 a 04/12: 14 - 16h10 - 18h20 - 20h30 (Dublado)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Workshop gratuito "O Jogo de Máscaras Larvárias"

Ministrante: Daniela Carmona e Adriano Basegio
Público-alvo: estudantes de artes, artistas e afins
Número de participantes: no máximo 20
Período: quatro horas
MÁSCARAS LARVÁRIAS - ANTECEDENTES
A atitude das máscaras do Carnaval de Basel (Suíça) - o contraste ou a semelhança com suas formas; o jogo sensório-motor estimulado pela pequena abertura dos olhos; provocação aos outros sentidos inteligentes; o silêncio e a cumplicidade necessários; o potencial expressivo de sua plástica; o corpo submetido e conduzido pela sensibilidade da máscara; a metamorfose em matérias e formas.
"Esse caminho de entrar na forma é encontrado especialmente com as máscaras larvárias. Inventadas durante 1960 para o carnaval de Basel na Suiça, elas são máscaras grandes e simplificadas, que ainda não estão resolvidas em características humanas. Elas se restringem a um grande nariz - uma protuberância esférica, um instrumento para golpear ou rachar".
(LECOQ, Jacques. Livre tradução de LE CORPS POÉTIQUE.)
As Máscaras Larvárias são introduzidas na pesquisa de teatro por Lecoq, na busca de mais um artifício que ajudasse na descoberta de um corpo integralmente expressivo. São estruturas enormes, brancas e de diversas formas, que quando colocadas sobre a face, remetem imediatamente a figura humana a um universo delicado e sutil. O físico incorpora sua capacidade de metamorfose e transforma-se em larva, que tudo pode ser. E não mais fala, pois a máscara cobre a boca. E no vazio do silêncio, torna-se receptivo e aberto a desenhar poesias involuntárias no espaço, ao associar a natural força plástica destas máscaras a uma condução sensível do movimento. Aqui o significado visual é valorizado - figurino e objetos de cena - em função da sua natural expressão plástica. Uma possível aproximação estilística para as Larvárias seria o clown, em função da fragilidade, puerilidade e leveza que ambas as formas provocam indiretamente na narrativa. Portar as Larvárias é respeitar um jogo leve. Mesmo a querela, a discussão, não tem o peso dos grandes conflitos humanos, de suas tragédias. É como se estes seres portassem uma sabedoria infinita, que dilui e revela equânimes todos os conflitos, guardando-lhes as devidas e reais proporções.
Aqui o imaginário é amplamente instigado como fonte de criação e comunicação, pois estas figuras estranhas provocam um jogo non-sens - sua forma indefinida leva o ator a criar a partir de estímulos não-lógicos e pré-estabelecidos, a trabalhar com idéias absurdas que possam vir dos seus subterrâneos ou do inconsciente. A narrativa nas Larvárias acontece pela livre associação feita por quem as assiste, ordenando as imagens que se revelam a partir da habilidade técnica do ator e da sua sensibilidade em seguir os caminhos que elas lhe propõem, ao valorizar suas possibilidades plástico-expressivas. Em função do orifício minúsculo na região dos olhos, o ator precisa de extrema concentração e de atenção aguçada nos estímulos sensoriais que vêm do colega e da audiência, os climas e atmosferas produzidos, para então improvisar com eles e transforma-los em jogo vivo. Aqui não se improvisa a partir de idéias - ao contrário, se elas forem maiores que a reação espontânea, aniquilam o jogo. Nas larvárias o ator tenta esquecer do seu passado gestual para - com esta liberdade - descobrir novos conceitos sobre seu movimento. A abordagem da forma estranha destas figuras pode ser feita a partir do contraste ou da semelhança: se a máscara é triste, ora organizo um corpo feliz, ora um triste. Mais tarde posso fundir no mesmo jogo estas duas atitudes corporais. Se a máscara é viva - se sua construção plástica é favorável - ela sugere inúmeras faces na mesma cena e transforma a expressão do ator continuamente. Não é a máscara que é engraçada, por exemplo, é ator que diverte-se ao ser conduzido por ela.
MÁSCARAS LARVÁRIAS - A TÉCNICA
É interessante num primeiro momento um trabalho técnico que conduza à calma e atente para a organização e alinhamento postural, bem como para um uso consciente do corpo através de exercícios que mobilizem a musculatura e as articulações em escalas e combinações. A obstrução parcial da visão pede a inteligência dos outros sentidos: práticas que estimulem todos eles são interessantes - principalmente para desenvolver uma sutileza no jogo - apesar de que para esta cena os sentidos que mais se requisitam são a audição e o tato. A máscara dialoga com a substância criada pela justaposição de sons, luzes, texturas e volumes no ambiente, sendo assim conduzida para diferentes territórios. Procedimentos com estímulos sonoros, táteis ou visuais provocam reações na máscara e a induzem a imaginar e a criar ficção a partir daí. É bastante eficiente também a pesquisa de atitudes padrão, não tão exageradas como as do Melodrama, mas atitudes sim construídas. Achar os comportamentos essenciais para cada máscara, conduzindo o movimento até as suas últimas conseqüências a partir da observação: de estados apropriados produzidos por diferentes mobilizações energéticas e tonais; identificação do corpo em animais e matérias (mel, farinha, óleo, manteiga, vinagre, cola, leite, seda, papel, elástico, creme, vidro...) e transposição para o comportamento da máscara; deformações físicas e ações que valorizem estas figuras, escolhidas a partir da análise da sua extensão, velocidade, força e fluência. Depois deste trabalho analítico, sugere-se práticas que enfatizem a dinamo-rítmica do movimento, que liberem uma expressão do corpo mais livre e improvisada.
A jogo é importante no portar esta máscara, pois a extravagância e o prazer do lúdico ajudam a acessar a imaginação ilógica e arrebatadora, quebrando com o possível desejo de sublinhar sua plástica, através da formalização do movimento. A larvária tem no jogo uma atitude de ação e reação imediata a qualquer estímulo e, apesar de não sublinhar efeitos, explica e pontua todo o tempo suas ações, num comentário ininterrupto com a platéia. Aplica-se então a técnica da triangulação, que conta com a mobilização da máscara a partir da condução do seu nariz: vê o objeto ou outra máscara, olha para o público informando o que viu, volta a olhar o objeto ou figura - se assim não faz, desaparece, ofuscada pelas outras informações plásticas do ambiente. Não podemos esquecer que a larvária é uma natureza morta animada por um organismo afinado e presente, concentrado nas possibilidades comunicativas de suas formas. Isto potencializa enormemente no ator o uso expressivo e consciente do seu corpo.
As improvisações abordam situações cotidianas ou fantásticas, uma gerando a outra em comunicação recíproca. As cenas retiradas do dia-a-dia podem rasgar os limites da realidade, levando a máscara a um espaço irreal, quando é transportada do consultório do dentista para o fundo do mar, conforme as percepções da realidade a sua volta e seu pulsar interno. Da mesma forma que pode emergir dos movimentos do seu íntimo - povoado de imagens, sonoridades, percepções, emoções - em direção a um banquete sofisticado. O deslocar do foco aponta em direção aos eternos, sábios e perenes movimentos do universo, revelando que junto ao gesto humano diário está o movimento das marés, das estrelas, dos planetas: realidades paralelas e tangentes que, numa explosão de sensibilidade mútua, podem se inter-relacionar. As máscaras espelham - de forma não ilustrativa, e sim mágica e poética - as turbulências do dia-a-dia atravessadas por uma fresta contida no tempo e no espaço, que desfaz nossas matrizes usuais e revelam um outro mundo objetivo e verdadeiro.
Serviço
O que: Workshop gratuito "O Jogo das Máscaras Larvárias"
Onde: Teatro XVIII – Ladeira São Miguel, 18, Pelourinho
Tel.: 71 3243-7353
Quando: quinta-feira, 30 de junho, das 14 às 18 horas
Inscrições através do e-mail: divulgacao@selmasantos.com.br


Contato: (71) 3419-2094
(Com informações de Davi Nogueira, do Marketing Selma Santos Produções e Eventos)

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