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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Lembrando Fernando Ramos

O escritor feirense Fernando Ramos (Foto), que morreu em 23 de março de 2008, premiado romancista, autor de "Os Enforcados" (Prêmio Jorge Amado, do Governo da Bahia, em 1968 - livro publicado em 1970 -, e Prêmio de Ficção do Governo do Distrito Federal, em 1971, para obras publicadas). Tem verbetes inclusos no Dicionário Aurélio. Está registrado na "História Crítica da Literatura Brasileira - A Nova Literatura", do romancista piauiense Assis Brasil (Companhia Editora Americana do Rio de Janeiro, 1970).
Em 1969, seu romance "O Demônio" também recebeu o Prêmio Jorge Amado, do Governo da Bahia - esse livro foi lançado pela Editora Mensageiro da Fé. Em 1996, lançou o romance "Uauá, Glória, Tramas e Pistoleiros", pela Editora BDA Bahia.
Na revista "Sertão", em 1955, com seleção de Olney São Paulo, Fernando Ramos teve o conto "O Clunâmbulo de Monte Santo" publicado. Em 1969, com o conto "O Funileiro Que Queria Matar uma Criança Inútil" participou da antologia "Doze Contistas da Bahia", com seleção e introdução de Antônio Olinto, pela Editora Record. Em 1978, participou da antologia "Dezoito Contistas Baianos", edição da Prefeitura da Cidade do Salvador.
Quando o jornalista Dimas Oliveira editava o jornal "Feira Hoje", entre 1992 e 1993, publicou capítulos do livro (ainda inédito) "Meu Nome É Vargas", escrito em 1982 em folhetim.
No capítulo 177 (publicado no "Feira Hoje" em 7 de fevereiro de 1993), o romancista trata sobre o Cine Santana e faz referência aos "cinéfilos Dimas Oliveira e José Elmano Portugal":
"(...) Relampeou que dávamos atenção a filme de segunda, ele (José Elmano) precipitava a visão para os de primeira, para a magia do claro-escuro: Otelo, O Gabinete do Dr. Caligari. Nada de Charlie Chan. Gostava do filmaço moderno 2001: Uma Odisséia no Espaço, e da atmosfera irreal da imagem conjugada com o monólogo interior: Hamlet. No entanto, Dimas Oliveira, grande entendido, se internava no Cidadão Kane de Welles, o maior filme, com que a montagem galopou bem".
No capítulo 224 (publicado em 4 de abril de 1993) , outra referência a Dimas Oliveira:
"A luz cega-me os olhos, me magnetiza, quando tento decifrar palimpsesto da Idade Média, pertencente ao metteur-en-scène Dimas Oliveira, o maior conhecedor da sintaxe do filme de arte desta cidade. Execro luz forte, que atrai mariposas. Prefiro o abajur de luz fraca ao escrever, como este aqui. (...)".
Fernando Lysesfrank Sousa Ramos ainda morava em Feira de Santana - estava residindo em Salvador -, tinha muito contato com ele, em encontros no casarão da família, na então praça da Matriz, para falar de Feira de Santana, literatura e cinema - gostava muito ("Não sei o que seria de minha infância se não fosse o Cine Santana. Ele foi tudo para mim. Eu não tinha para onde ir").
Em 1955, ele participou do elenco de "Um Crime na Rua", de Olney São Paulo, primeiro filme (curta-metragem, 10 minutos, preto & branco) realizado no interior da Bahia, em Feira de Santana - assisti fragmentos deste filme, nos anos 70. Ele fez o "homem sinistro". Também atuou como assistente de direção desse filme e de "Grito da Terra", em 1964, primeiro longa-metragem de Olney.
Fernando Ramos foi ainda um dos fundadores da Associação Cultural Filinto Bastos, em 1956, junto com Olney, que contava que ele "saía se escondendo (das reuniões) para comer 'passarinha' com pimenta". Nessa época, ele chamava Olney para contar uma idéia de um romance, "O Chamado das Longínquas Caatingas", que mais tarde virou conto e que ele esperava virar filme. Tempo também em que se reuniam em noites de prosas, contando sonhos e projetos, em um bar em frente do prédio da Prefeitura.
Além de Assis Brasil e Aurélio Buarque de Holanda, o escritor Adonias Filho também elevou este feirense como destacado integrante da nova literatura brasileira.

Um comentário:

Mariana disse...

Confesso que tenho conhecido mais dos nordestinos notáveis em sua área de atuação, através de seu blog. Muitos já conhecidos, não sabia que eram de Feira. Como disse um leitor seu, certa vez, seu blog é cultura, também.
Ah, tive que recorrer ao dicionário prá saber o que é "metteur-en-scéne",rs...coisas de quem gosta de um bom filme, sem ser cinéfila.