De Míriam Leitão
A grande questão não é o que acertou a cabeça de José Serra em Campo Grande, mas o que há na cabeça do presidente Lula. É assustador que ele não perceba o perigo de usar toda a sua vasta popularidade para subestimar um episódio de conflito físico entre grupos que disputam o poder.
Se ele brinca com fato grave, o que está avisando é que esse tipo de atitude é aceitável. Não é.
Cada lado tem que ter segurança e garantia de fazer a sua festa, a sua passeata, o seu comício em paz. Quem organiza um grupo para interceptar a caminhada do grupo concorrente na disputa política sabe que há risco de que tudo fuja ao controle.
O que houve já foi sério o suficiente, mas poderia ter sido ainda pior. Felizmente, há tempo de aprender com esse episódio.
A paixão eleitoral é natural, o maniqueísmo do segundo turno é emburrecedor, o confronto entre as partes só é aceitável se ficar no campo das ideias e propostas.
Quem vai com um grupo organizado para hostilizar o adversário no meio da sua caminhada sabe que os ânimos podem ficar exaltados. Desta vez, foi uma pedra na cabeça de uma jornalista, e o rolo de fita na cabeça do candidato José Serra. Esse episódio deve ser visto pelo risco potencial de conflito generalizado.
As imagens falam por si. O que mais poderia acontecer numa refrega de rua?
No Paraná, a candidata Dilma Rousseff, no dia seguinte, foi alvo - felizmente quem lançou errou a pontaria - de balões de água. Esse é exatamente o ponto em que o chefe da Nação precisa pedir calma aos dois lados, lembrar os valores democráticos, e a melhor atitude na disputa política.
Mas é exatamente neste momento que o presidente ofende quem foi atingido e convalida o comportamento desviante de quem agrediu. Ao tratar com leviandade um assunto sério, incentivou a militância a repetir o comportamento, escalou o conflito e deseducou o cidadão.
Essa campanha eleitoral está deixando cicatrizes nas instituições. Um presidente da República não deve fazer o que o presidente Lula tem feito. Não deve usar a máquina, a Presidência, o poder em favor de um dos candidatos dessa forma e com essa força.
Claro que Lula tem um lado, um partido e uma candidata. Pode e deve explicitar isso. Seria estranho se não o fizesse. Mas a Presidência da República não pode ser usada como braço do comitê de campanha.
Existe uma linha divisória que Lula nunca quis ver. E esse comportamento errado do ponto de vista institucional se repetiu durante toda a campanha. Em alguns momentos, os atos inadequados do presidente ficaram evidentes.
Esse episódio deixou claríssimo o que não se deve fazer. Que as pessoas que vierem a ocupar este cargo no futuro vejam nas atitudes do presidente Lula de 2010 exemplos do que não fazer, não repetir.
O risco é que seja visto como natural daqui para frente o governo usar órgãos públicos para espionar adversários políticos; órgãos públicos, estatais e agências serem partidarizadas de maneira abusiva; o presidente não ter freio institucional.
Não se acostumar com o erro repetido é a única garantia que se tem em momentos assim.
Fonte: "O Globo"
A grande questão não é o que acertou a cabeça de José Serra em Campo Grande, mas o que há na cabeça do presidente Lula. É assustador que ele não perceba o perigo de usar toda a sua vasta popularidade para subestimar um episódio de conflito físico entre grupos que disputam o poder.
Se ele brinca com fato grave, o que está avisando é que esse tipo de atitude é aceitável. Não é.
Cada lado tem que ter segurança e garantia de fazer a sua festa, a sua passeata, o seu comício em paz. Quem organiza um grupo para interceptar a caminhada do grupo concorrente na disputa política sabe que há risco de que tudo fuja ao controle.
O que houve já foi sério o suficiente, mas poderia ter sido ainda pior. Felizmente, há tempo de aprender com esse episódio.
A paixão eleitoral é natural, o maniqueísmo do segundo turno é emburrecedor, o confronto entre as partes só é aceitável se ficar no campo das ideias e propostas.
Quem vai com um grupo organizado para hostilizar o adversário no meio da sua caminhada sabe que os ânimos podem ficar exaltados. Desta vez, foi uma pedra na cabeça de uma jornalista, e o rolo de fita na cabeça do candidato José Serra. Esse episódio deve ser visto pelo risco potencial de conflito generalizado.
As imagens falam por si. O que mais poderia acontecer numa refrega de rua?
No Paraná, a candidata Dilma Rousseff, no dia seguinte, foi alvo - felizmente quem lançou errou a pontaria - de balões de água. Esse é exatamente o ponto em que o chefe da Nação precisa pedir calma aos dois lados, lembrar os valores democráticos, e a melhor atitude na disputa política.
Mas é exatamente neste momento que o presidente ofende quem foi atingido e convalida o comportamento desviante de quem agrediu. Ao tratar com leviandade um assunto sério, incentivou a militância a repetir o comportamento, escalou o conflito e deseducou o cidadão.
Essa campanha eleitoral está deixando cicatrizes nas instituições. Um presidente da República não deve fazer o que o presidente Lula tem feito. Não deve usar a máquina, a Presidência, o poder em favor de um dos candidatos dessa forma e com essa força.
Claro que Lula tem um lado, um partido e uma candidata. Pode e deve explicitar isso. Seria estranho se não o fizesse. Mas a Presidência da República não pode ser usada como braço do comitê de campanha.
Existe uma linha divisória que Lula nunca quis ver. E esse comportamento errado do ponto de vista institucional se repetiu durante toda a campanha. Em alguns momentos, os atos inadequados do presidente ficaram evidentes.
Esse episódio deixou claríssimo o que não se deve fazer. Que as pessoas que vierem a ocupar este cargo no futuro vejam nas atitudes do presidente Lula de 2010 exemplos do que não fazer, não repetir.
O risco é que seja visto como natural daqui para frente o governo usar órgãos públicos para espionar adversários políticos; órgãos públicos, estatais e agências serem partidarizadas de maneira abusiva; o presidente não ter freio institucional.
Não se acostumar com o erro repetido é a única garantia que se tem em momentos assim.
Fonte: "O Globo"
2 comentários:
Dimas, o que mais revolta, é ver que quanto mais "o cara" mente, quanto mais êle transgride, mais o seus eleitores aumetam, o que me faz crer, que só o "ficha suja" não será o suficiente prá que tenhamos o planalto e o congresso limpos dos bandidões. Teríamos que criar, não sei como, também uma espécie de "ficha da consciência limpa", onde todos aquêles que não justificassem o seu voto por gostar dêsse ou daquele programa de governo, não tivessem o direito de votar, só por votar, ou simplesmente porque fez pacto com êsse ou aquêle candidato.
Estou pasma com o que ouvi nesses últimos dias, gente achando normal, atitudes tão antidemocráticas como as de Lula! Já não se espantam com as M que um presidente da nação diz!!
Tem sido muito pior do que o próprio Chaves nas eleições de lá!
Olhe, o PT, devagarinho, está transformando o nosso povo em cordeirinhos idiotas e isto é muito perigoso.
Agora que outros escândalos estão vindo à tona, ela(Dilma) diz em entrevista à TV que quer paz...tem mêdo de que tudo venha à tona!
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