Por Reinaldo Azevedo
Um ano e dois meses
depois da primeira grande manifestação em favor do impeachment, ocorrida em 15
de março de 2015, este 11 de maio de 2016 entrará para a história. É o dia em
que vamos nos livrar deles. Por pelo menos dois anos e meio. Quem sabe para sempre
se as forças que prezam a democracia e o Estado de Direito fizeram a coisa
certa e souberem atuar para, segundo as regras, eliminar o mal, literalmente,
pela raiz.
Nesta quarta, o Senado
vota, por maioria simples - metade mais um dos presentes, desde que garantido
quórum de metade mais um dos 81 senadores -, a admissibilidade do
processo de impeachment. Dez entre dez políticos e analistas, inclusive os
identificados com o governo, dão como certa a admissão, o que obrigará Dilma a
se afastar.
A partir de então, o
Senado terá 180 dias para julgá-la. Ela passa a ser presidente afastada, e
Michel Temer, o vice, passa à condição de presidente interino. Consumada a
condenação, por um mínimo de 54 votos, Temer se torna o presidente do Brasil,
sem adjetivos de precarização.
Dilma está caindo porque
cometeu crime de responsabilidade: no caso, atentou contra a Lei Fiscal -
transgressão devidamente prevista no Inciso VI do Artigo 86 da Constituição,
com penalidade prevista na Lei 1.079. Aí está a base jurídica.
Mas o impeachment é
também e principalmente um processo político, e a presidente que se vai só
chegou a tal destino porque perdeu as condições objetivas de governar o país.
Curiosamente, as eleições de 2014, que lhe deram o passaporte para a segunda
jornada, também lhe arrancaram o mandato. Como Dilma contou inverdades brutais
sobre a realidade econômica do país, aplicou o maior estelionato eleitoral da
história. E o povo foi às ruas.
Mas foi tangida
também pela crise econômica e pela desordem moral que tomou conta do Planalto.
A Operação Lava Jato trouxe à luz as entranhas de um modelo de gestão que
caracteriza não um governo, mas, no dizer da Procuradoria-Geral da República,
uma inequívoca organização criminosa. Aonde que quer o PT tenha levado seus métodos,
o que se tem é a civilização da propina.
E não pensem que,
revelados os descalabros, tenhamos visto um partido contrito, arrependido,
vexado… Nada disso! Quanto mais a realidade desmoralizava o discurso do
petistas, mais se assanhavam a sua arrogância, a exposição de seu suposto
exclusivismo moral, a exibição de suas inexistentes virtudes.
Confrontado com todas as
evidências dos malfeitos, não vimos, em nenhum momento, nem mesmo um partido
arrependido. Ao contrário: o PT inventou a tese ridícula do golpe e decidiu
responder à montanha de provas com violência retórica, desqualificação dos
adversários e ataques à própria Lava Jato.
Mal pela raiz
Falo, no começo deste texto, em cortar o mal pela raiz. Que mal? O PT porque PT? Ora, ainda que o partido se chamasse rosa, cheiraria a estrume se as suas práticas fossem as mesmas.
Falo, no começo deste texto, em cortar o mal pela raiz. Que mal? O PT porque PT? Ora, ainda que o partido se chamasse rosa, cheiraria a estrume se as suas práticas fossem as mesmas.
Com a derrocada do PT, o
que se espera é que se aposentem de vez, na cabeça dos tolos e
bem-intencionados, as ilusões redentoras de que um ente de razão pode tomar o
lugar da sociedade e, por intermédio da realização dos seus desígnios, cumprir
o suposto destino de um povo - quem sabe da humanidade.
Essas aspirações,
felizmente, foram mortas e estão enterradas no século passado. Num dos
esquifes, está escrito "fascismo"; no outro, "socialismo", faces só apenas
aparentemente opostas de uma mesma crença bastarda.
Mas o petismo não se faz
só de tolos bem-intencionados. A Lava Jato evidencia de forma cabal que mesmo a
ideologia, nesses mais de 13 anos, serviu de cortina de fumaça para o maior
assalto aos cofres públicos de que se tem notícia, atenção, no mundo! Estamos
falando de ladrões!
Intelectuais mixurucas
de esquerda saem por aí a pregar que o antipetismo é uma expressão de
preconceito político. Trata-se de uma fala de vigaristas. Por que a ninguém
nunca ocorreu antes classificar o "antimalufismo" de manifestação igualmente
preconceituosa? Eu explico: é que Paulo Maluf, ao menos, nunca ousou
transformar os seus métodos numa teoria do poder.
Dilma vai deixar a
Presidência arrotando a sua honestidade pessoal, como se a única forma de
atentar contra a democracia e o Estado de Direito fosse assaltando,
literalmente, os cofres públicos. Não custa lembrar ainda outra vez que os
crimes de responsabilidade não servem para punir gatunos do caixa, mas gatunos
da institucionalidade.
Cumpre lembrar, a
propósito que, a cada vez que esta senhora usou no Palácio do Planalto para
chamar de golpe o impeachment e de golpistas seus adversários, estava se
comportando, sim, como uma assaltante: uma assaltante da Constituição; uma
assaltante das leis; uma assaltante da democracia.
Que Dilma se vá! Que se
vá para não mais voltar! Que se vá para que o Brasil possa encontrar o seu
caminho.
Os dias que virão pela
frente não serão fáceis. Até porque os companheiros sempre foram hábeis
sabotadores de governos alheios.
Mas os brasileiros
também passaram por um treinamento intensivo e saberão como enfrentá-los.
O PT é passado.
Que venha o futuro!
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