Por Gil Mário de Oliveira Menezes
Os
monumentos e esculturas marcam e registram fatos históricos relevantes. Em uma
comunidade agradecida a cidadãos que trabalharam pelo engrandecimento de sua
cidade identificados entre ciclos evolutivos merecem o destaque para servir de
exemplo para futuras gerações.
A
qualidade de vida perpassa por bons exemplos e reflete na longevidade alcançada
nos novos tempos.
Suponho
que Feira de Santana teve inicio na "cidade dormitório" ou "entreposto
comercial", fenômeno ocorrido em decorrência da comercialização das boiadas
vinda do Nordeste para o Sul e vice-versa.
Primeiro
os vaqueiros nordestinos encourados a caráter tocando as boiadas nas trilhas em
lugar das estradas. Depois o tropeiro abastecendo a comunidade de víveres de
primeiras necessidades.
Em
monumentos considerados do "Ciclo do Couro", o feirense homenageou os dois
heróis com fantásticas esculturas: "O Vaqueiro", localizado no Campo do Gado e
o "Tropeiro", implantado no Centro de Abastecimento.
A heroína
feirense Maria Quitéria foi contemplada com uma escultura criada por dois
artistas, Luiz Humberto de Carvalho e Juraci Dórea, plantada no cruzamento das
avenidas Getúlio Vargas e Maria Quitéria - foi temporariamente retirada para a
construção de túnel do BRT.
Em 2007,
o então prefeito José Ronaldo de Carvalho resolveu homenagear o "Motorista
Caminhoneiro" personagem marcante e responsável pela segunda fase da evolução
da "Cidade Comercial".
Dos
caminhões apelidados de pau-de-arara atá as grandes carretas modernas, dependeu
desse incansável profissional para transportar todo tipo de mercadoria
necessária para abastecer o crescente comércio elevando Feira de Santana à
condição de trigésima terceira maior cidade do país. Momento que fui convidado
para realizar a parte artística da homenagem que seria plantada no espaço da
praça Jackson do Amaury (Foto: ACM).
O projeto
teve a intermediação por parte da Prefeitura Municipal, do arquiteto Arsênio
Oliveira e do secretário de
Planejamento Carlos Brito, dando apoio institucional à criação
artística.
A ideia
de escultura evoluiu para monumento devido às dimensões sugeridas,
transpassando sobre as duas pistas que rompem a praça permitindo o tráfego por
baixo do monumento. Suas dimensões externas ficaram entre nove metros de altura
e quarenta de comprimento nas extremidades longitudinais.
O esboço
foi refeito várias vezes até que a forma ideal pudesse representar o personagem
homenageado. A ideia básica ascende da abstração formal em decorrência da busca
das simbologias representativas de um caminhão e não da realidade acadêmica "fotográfica do caminhão".
Por fim
surge a imagem de uma cabine ou "cavalo de força" como módulo de tração de uma
carreta executada em concreto armado ligeiramente inclinado para frente como de
costume nos exemplares e uma representação da roda ligeiramente oval para
induzir o observador ao movimento.
Em
seguida foram criadas em aço carbono três vigas em semiarco atravessando as
pistas que dariam suporte a outros símbolos do caminhão nordestino, uma faixa
vermelha vazada com desenhos múltiplos típicos das carrocerias de madeira dos
nossos "paus-de- araras". Finalmente foram encrostados arcos na cor cinza nos
formatos utilizados por várias das grandes carretas para permitir melhor
aerodinâmica contra o deslocamento do vento devido à forma retangular das
cabines.
No ano
seguinte, 2008, o prefeito José Ronaldo volta a homenagear outra grande
personalidade feirense, Georgina Erismann, autora do Hino a Feira e fui
convidado a realizar uma escultura chamada "Liberdade de uma Poetisa", pelas
formas de asa alçando voo, registrando a criação mais enaltecida de Georgina
quando elaborou o hino a cidade. Está localizada na avenida João Durval
Carneiro, em frente ao Boulevard Shopping. E assim os bons exemplos de
cidadania vão sendo registrados em Feira de Santana.
Gil Mário
de Oliveira Menezes é artista visual e crítico de arte
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