Por Jorge Magalhães
Dentre os princípios que regem as
relações entre povos, nações, e, muito particularmente,
as relações interpessoais, o respeito mútuo é o que mais se aproxima de
um dos maiores e mais profundos axiomas filosóficos atribuídos a Jesus Cristo: "Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo."
Se os homens tomassem como dogma
indissociável de todas as suas ações este inefável ensinamento do mestre
de Nazaré, as dissenções não se transformariam em guerras fratricidas, que, não
raro, têm como gênese o desrespeito entre indivíduos que convivem no
mesmo âmbito social, quer seja no seio da família, quer seja no ambiente de
trabalho.
A ascensão de um ser humano sobre o seu
próximo, independentemente do grau hierárquico que os separe, se relaciona
diretamente à plausibilidade e ao poder de convencimento que exerce sobre
seu próximo ou seu grupo.
Muitas vezes, entretanto, não são
poucos os indivíduos que, por se deixarem arrastar por uma espécie de
egolatria, acabam deixando aflorar, das baixezas primitivas do caráter, um ser
prenhe de presunção, de vaidade, arrogância e prepotência, que faz com que
enxerguem o mundo de cima do autoconceito que fazem de si mesmos,
embevecidos pelas conquistas transitórias da vida.
Enquanto o líder inato se constrói e é
reconhecido pela capacidade de ouvir os seus comandados, tomar decisões
compartilhadas, aglutinar os opostos e promover o consenso, o inverso
oposto busca se impor pela força bruta, pelo individualismo e pelo
desprezo às opiniões e pensamentos alheios a tudo que não diga respeito à sua
autopromoção.
E assim, vestido com a capa e as armas
do poder transitório, este ser liliputiano age como se reinasse sozinho e
solitário no seu reino do faz de conta, onde as aparências valem mais que a
concretude objetiva dos atos.
Entre bravatas e ameaças, este
comandante desprovido de humildade, de valores e princípios que norteiam os
grandes líderes, conquistadores de povos, de homens e de almas, segue
acreditando cegamente possuir uma supremacia que aos olhos de quem o observa
não passa de motivo de mofa.
Metamorfoseando-se a cada gesto e
a cada ato num bucéfalo, o líder de si mesmo é, invariavelmente,
pusilânime e desagregador, e se regozija em humilhar e com os que se
dobram em genuflexões bajulatórias sob os seus pés, soberano no pedestal da sua
pequinês e gloriazinhas de isopor.
Se ao menos, olhasse pra dentro
de si mesmo, conseguintemente ao seu entorno, perceberia que tudo que é e
representa, todos os seus títulos e conquistas materiais, para além dos
méritos e esforços pessoais, não passam de empréstimos de Deus para que o honre
durante o lapso de tempo que passará sobre a Terra.
E nunca é tarde para recomeçar a
caminhada, mirando-se no espelho do Homem de Nazaré.
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