Por Augusto
Nunes
Desde que abandonou o seminário para
colecionar pecados na seita lulopetista, Gilberto Carvalho nunca deixou de
figurar no G4 do campeonato nacional da vassalagem. Com a chegada de dezembro,
o secretário-geral da Presidência resolveu buscar o título de 2012 enrolado nos
lençóis e travesseiros em que se meteu seu Amo e Senhor. Nesta segunda-feira,
achou uma boa ideia ressuscitar a "herança maldita" que Fernando Henrique
Cardoso teria legado a Lula.
Segundo a caixa-preta abarrotada de
informações que dão cadeia, foi Lula quem fundou a Polícia Federal, pariu a
Procuradoria-Geral da República e inventou o combate à corrupção. "Antes havia
um engavetador-geral", recitou. "Com o presidente Lula começamos a ter um
procurador, com toda liberdade. E a Polícia Federal agora tem autonomia para
investigar".
"A impressão de que há mais corrupção agora não
é real, o que há mais agora é que as coisas não estão mais debaixo o tapete e a
Polícia Federal e os órgãos todos de vigilância e fiscalização estão
autorizados, e com toda a liberdade garantida pelo governo, quero insistir
nisso, não é uma autonomia que nasceu do nada, porque antes não havia essa
autonomia, nos governos Fernando Henrique não havia essa autonomia", desandou
em dilmês primitivo o coroinha que virou porteiro de cabaré.
O troco de FHC veio em menos de duas horas.
"Eu tenho 81 anos mas tenho memória. Esse senhor precisava pelo menos respeitar
o passado, até o dele, e não continuar dizendo coisas levianas", retrucou o
ex-presidente. (Foi elegante demais: sabujos vocacionais não têm passado a
respeitar). "Estou cansado de ouvir leviandades de quem está no governo e
aproveita para lançar pedra no passado".
Em seguida, FHC mirou na testa de Gilberto
Carvalho - e, previsivelmente, atingiu Lula abaixo da linha da cintura:
"Herança maldita está ai, recebida pela presidente Dilma". Para provar que a Polícia
Federal agiu com inteira autonomia durante o seu governo, Fernando Henrique
invocou dois exemplos que os costureiros da aliança governista preferem
esquecer.
"Tanto era independente que houve senadores
algemados e governadora de Estado irritada porque seu gabinete tinha sido
invadido, pois havia dinheiro e não se sabia de onde vinha", lembrou. As
algemas imobilizaram as mãos do senador Jader Barbalho, que Lula beijou. A
governadora do dinheiro que caiu do céu do Maranhão é a companheira Roseana Sarney.
Fernando Henrique poderia, amparado na reportagem publicada por VEJA, ter incluído na verdadeira
herança maldita também a economia debilitada pela inépcia do antecessor
falastrão - e, de dois anos para cá, administrada com exemplar incompetência
pela dupla formada por uma supergerente de araque e um profeta de hospício.
Tais cautelas são sempre recomendáveis. Gilberto Carvalho é suficientemente
pusilânime para ter coragem de debitar na conta de FHC até o PIB
centro-africano do terceiro trimestre.
No cartório em que foi registrado por seu
criador, o Brasil Maravilha avança em marcha acelerada para o portão do clube
das superpotências. Visto de perto, está com jeito de Bolívia e cara de Lula.
Principalmente quando contemplado de frente e de perfil, como se deve fazer com
casos de polícia.
Fonte:
"Direto ao Ponto"
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